—Ai! — grito.
—Desculpe, querida.— fala a senhora que estava me alfinetando e tirando minhas medidas para fazer o meu vestido. A quantidade de panos e agulhas que estavam disputando espaço em meu corpo era incrível.
—Você acha que fica pronto até o mês que vem?— fala mamãe que me observa pelo espelho com um olhar severo. Não tenho de olhos verdes, mamãe, pensei.
—Claro. — diz a senhora — É tão simples o modelo que ela escolheu.
—Eu sei. Falei para escolher alguma coisa mais sofisticada, mas ela é teimosa. — fala mamãe como se eu não estivesse ali ouvindo tudo. Cruzo meu olhar com ela no espelho.
—Mesmo assim é um modelo lindo de vestido. — tento me convencer que ela disse isso de verdade, não como um meio de interesse financeiro. — E com certeza saíra da festa com um namorado.
—O coração dela já tem dono. — mamãe fala sorrindo.
—Mãe! — grito.
—O que foi? Duvido que essa pausa entre Hugo e você, é passageira — ela se aproxima de mim. — Em breve vocês voltaram e formaram um belo casal.
Reviro os olhos.
—Podemos terminar logo com isso? — peço e a senhora com a fita métrica e agulhas continua me medindo. Ficar em cima de um banco tendo uma pessoa te calculando, era um pré-suicídio.
—A lista de convidados já está feita. — mamãe fala sentando sobre minha cama com um tablet nas mãos.
—Como a senhora sabe quem eu quero na minha festa?
—Achei que tinha ouvido você dizer que não iria me ajudar com os preparativos. — mamãe retruca e solta uma risada logo depois. — Enfim, convidei todos os alunos que tem as mesmas aulas que você, além de meus amigos mais íntimos.
—Seus amigos? — repito.
Mamãe revira os olhos para mim, sabendo o ponto que eu queria chegar com tudo aquilo.
—Bom, já tenho todas as medidas necessárias. — fala a senhora guardando seu material. — Ficará perfeito em você.
Desço do banquinho que estava e me jogo na poltrona que fica ao lado da janela.
—Ótimo, — mamãe diz animada se levantando da minha cama. — Te acompanharei até a porta.
Jogada na poltrona, encaro meu quarto por breve segundos. A janela aberta me garante uma brisa gratuita. Pouso meu olhar sobre o grande tablet na minha cama. Levanto e o pego. Há um documento de uma lista personalizada com o nome de várias pessoas. Por alguma razão procuro três nomes, dois masculinos e um feminino, mas durante a pequena expedição, voltou-me a um nome em específico; Hugo. Saio do quarto com o aparelho nas mãos.
—Mãe! — grito descendo as escadas depressa. Ela se vira nem um pouco espantado para mim, mesmo com esse comportamento. — Não acredito que você convidou o Hugo.—Por quê? Esse é o momento certo para vocês voltarem. — ela diz segurando meus ombros com um o batom vermelho curvado com um sorriso.
—Você não entende. Não existe mais essa de voltar. Hugo é detestável.
—Detestável é esse seu comportamento. — ela diz, pegando o tablet das minhas mãos. — Chega, Lesly. Para o seu quarto. Chega desse comportamento infantil.
—Sabe, infantilidade para mim, é ser um babaca por anos e trair a namorada. — digo subindo as escadas e batendo a porta do quarto. O olhar de espanto de mamãe me acompanhou por toda tarde.
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Amor Sobre Rodas
RomanceBreno fez fórmulas, resolveu equações e tentou telefonar para o além do túmulo de Albert Einstein, mas não conseguiu entender. Lesly fez rascunhos em guardanapos, comprou a última versão da gramática e releu os clássicos, mas também não conseguiu en...