—Filha você não quer conversar?
—Não. — mamãe tinha um semblante de preocupação. Eu estava jogada o sofá ainda com o fone de ouvido. Decidi tranquiliza-lá: —Está tudo bem, mãe. Não é o fim do mundo terminar um namoro.
—Foi por isso que você fez tudo aquilo no meu chá?— ela perguntou se sentando ao meu lado no sofá e começou a acariciar meu cabelo.
Não respondi. Tinha feito aquilo por estar cansada de todos tomarem decisões por mim.
Mamãe me abraçou.—Vai ficar tudo bem, querida.
—Preciso andar um pouco. — falei me afastando dos braços dela.
—Claro, esqueça o castigo. Você precisa de um momento só seu.
Abri a porta da frente e vi que começava a ventar, mesmo assim não exitei. Peguei uma jaqueta qualquer e saí. Como no dia que saí de casa pela janela, deixei o vento me guiar para onde ir. Atravessei ruas cheias de turistas que achavam Fishers uma cidade curiosa e dei algumas voltas pela casa de Breno. A janela dele estava fechada. Sorri quando vi a singela casa. Breno era tão gentil e maluco de sair á noite para ver apenas a Lua comigo. Me aproximei da janela dela, com cuidado para não ser vista e bati de leve. Ninguém saiu.
Voltei para as ruas e decidi ir ao parque do dia anterior e ficar no mesmo local que eu havia visto o Eclipse com Breno. Aquele lugar me dava uma sensação de paz. O parque estava mais vazio que antes. Fui em direção aos jardins assim que cheguei. Quando passei em frente a quadra de esportes ouvi gritos de socorro. Era uma voz desesperada e eu conhecia aquela voz. Era Breno.
Me aproximei devagar, e vi a pior imagem do dia. Um círculo de garotos e Breno e Hugo no centro gritando um com o outro. Hugo falava coisas horríveis para ele e puxava seus cabelos com fúria. Sem pensar, entre correndo e me meti entre eles, levando surpresa a todos que estavam ali, inclusive Hugo, que estava com o punho levantado para acertar Breno. Segurei seu braço.
—Você está ficando louco? — gritei.
—Lesly? — Hugo abaixou o braço e vi seu rosto de atordoado.
—O que está acontecendo aqui? — gritei mais alto, tentando achar a resposta em algum daqueles rostos surpresos.
Me virei finalmente para Breno. Ele estava com a mão em cima do olho.
—O que você fez com ele Hugo?
Segurei o braço de Breno, tirando sua mão sobre seu olho e vi que estava machucado. Hugo havia o agredido. Engoli um seco.
—Covarde! — murmurei tentando me acalmar. Eu queria acabar com ele.
—Lesly, ele mereceu. — Hugo disse.
—Sai da minha frente. Saí todos vocês. Vocês todos não passam de uma turma de covardes! — gritei apontando para cada um.
—Espera, quem você pensa que é para falar assim comigo? — Hugo gritou. Ele segurou o meu braço com força. Senti lagrimas querendo sair do meu rosto, mas me mantive firme. Eu não era fraca. — Você não é ninguém!
—Sou aquela que vou ligar para a polícia se você fazer algo com o Breno. Sou aquela que vai chamar a imprensa e dizer sobre como seu pai é um corrupto. Sou aquela que vou acabar com sua boa vida. — disse tentando soltar meu braço.
Hugo parecia sem palavras. Ele soltou meu braço.
Peguei a cadeira de Breno e saímos da quadra. Tinha que tirar Breno do parque.
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Amor Sobre Rodas
RomanceBreno fez fórmulas, resolveu equações e tentou telefonar para o além do túmulo de Albert Einstein, mas não conseguiu entender. Lesly fez rascunhos em guardanapos, comprou a última versão da gramática e releu os clássicos, mas também não conseguiu en...