Estava no meio do caminho para a casa de Hugo. Eu sabia o caminho, pois ele fez questão de me mandar via e-mail. Acabei desistindo algumas quadras depois, Ronan tinha razão não seria uma boa ideia ir para lá e eu tinha que parar com esse sendo de querer provar as coisas para outras pessoas. Eu era apenas Breno, e todos deviam me ver apenas assim. Para não perder a caminhada, fui em direção ao parque. O mesmo parque que tinha ido com a Lesly no dia anterior. O parque havia entrado na minha lista de locais favoritos. Fui em direção a quadra de esportes que estava vazia, tinha várias bolas de futebol, vôlei e basquete espalhadas pelo chão. Peguei a de basquete e dei uma arremesso com muito esforço para o a cesta de basquete. Por sorte ou por técnica o arremesso caiu exatamente na cesta. Quando criança, Ronan e eu, costumávamos jogar um basquete improvisado. Com a cesta em uma altura mais baixa para mim.
Peguei a mesma bola e tentei novamente. Mais um arremesso de sucesso.
—Nada mal. — disse uma voz atrás de mim.
Me virei rapidamente, e vi Hugo e outros membros do time de basquete que ele havia convocado atrás dele. Hugo pegou outra bola e arremessou na cesta, porém ela foi fora.
Ouvi risos abafados. Hugo se virou para eles.—Quem riu?— perguntou. Ele estava mais vermelho que o próprio cabelo ruivo.
Todos estavam sérios e olhavam para o chão. Pareciam marionetes com medo do próprio mágico. Hugo foi em direção a um rapaz alto.
—Foi você quem riu? — Ele não respondeu. Percebi o rosto de medo de todos ali. Todos tinham medo de Hugo.— Não me faça ter que repetir novamente. Você que riu?
Ele assentiu com a cabeça positivamente. Hugo se virou e pegou outra bola no chão e deu para ele.
—Tenta.
O garoto foi até no meio da quadra e deu uma arremesso confuso que caiu fora da cesta. Hugo se aproximou dele.
—Sabe qual é nossa diferença e nossa semelhança? Nós dois erramos o arremesso, mas eu sou o cara que arremessou que é rico e pode acabar com você com um piscar de olhos. Dá mais uma risadinha para você ver.
Todos continuavam em silêncio. O rapaz alto voltou para onde estava e Hugo se virou novamente para mim.
—Breninho! Por que não foi ao treino? Estávamos a sua espera. —ele disse animado.
—Me deixa em paz, Hugo. — murmurei para ele.
Tentei sair da quadra, mas estava barrada pelos amigos de Hugo. Pareciam que eles haviam planejado tudo e me seguido.
—Epa! Calminha Breno. Vamos tratar de assuntos de homens. — ele disse se curvando e olhando para mim. Eu estava suando.
—Me deixa passar. Por favor. — falei mesmo com um nó na garganta.
—Você vai passar, mas antes vai ouvir o que tenho pra falar.
—Fale rápido, por favor. Tenho que ir pra casa.
—Por quê? Seus pais estão te esperando. Ata. Lembrei, você não tem. Fica quieto. — respirei fundo. Ele havia novamente mexido no meu ponto fraco. Ele continuou a dizer: —Parece que você decidiu abrir a boca e dizer para a Lesly sobre o acidente com sua cadeira de rodas. Agora parece que ela terminou comigo por causa disso. Breninho, você não sabe com quem se meteu.
Hugo pegou meus cabelos por trás e puxou, fazendo meu rosto ficar para cima. Não hesitei e comecei a gritar palavras de socorro. Todos que estavam ali continuavam quietos e não fizeram absolutamente nada. Ele não iria fazer nada comigo. Não dessa vez.

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Amor Sobre Rodas
Storie d'amoreBreno fez fórmulas, resolveu equações e tentou telefonar para o além do túmulo de Albert Einstein, mas não conseguiu entender. Lesly fez rascunhos em guardanapos, comprou a última versão da gramática e releu os clássicos, mas também não conseguiu en...