—Você não vai embora agora Breno?
Apenas assenti que sim com a cabeça sem reparar no semblante de preocupação de Ronan. Estava com o celular nas mãos discando o número de Lesly que não atendia de jeito nenhum.
—Você não viu ela mesmo Dani?
Daniela também estava com o celular nas mãos, tentando entrar em contato com Lesly. Ela guardou o celular na jaqueta e olhou para todos os lados procurando a amiga.
—Não. Ela não estava na aula de Estudos Sociais e não apareceu na aula seguinte.
—Será que ela não passou mal e teve que sair as pressas? — Ronan perguntou me olhando como se eu tivesse a resposta.
Ficamos ali até que todos os alunos saíssem e nenhum sinal de Lesly. Fiquei preocupado. Ela me avisaria se fosse tivesse ido embora, já que agora eramos "amigos."
—Daniela, é melhor a gente ir. Seu pai odeia quando você se atrasa. — Ronan falou pegando a mão da namorada.
Vi uma certa resistência de Daniela. Ela protestou dizendo sobre sua preocupação com Lesly.
—E se tiver acontecido algo grave?
—Ela me avisaria Dani. Podem ir despreocupados se ela me ligar eu aviso vocês — digo tentando tranquiliza-la — Eu também vou indo, pelo que vi ela não está por aqui.
Depois de ficar mais cinco minutos na frente dá escola para ver se Lesly aparecia decidi ir pra casa. No caminho, eu sempre parava para ver se não havia alguma ligação perdida ou mensagem. Porém nada.
Quando cheguei perto de casa decidi deixar um correio de voz.—Lesly? Aqui é o Breno. Você sumiu na hora da saída.. está tudo bem? Fiquei preocupado com você. Me liga! —guardei o celular novamente e fui para casa.
Poucas casas antes da minha percebi alguém sentado na sua frente. A pessoa acenou para mim e vi que era Lesly.
—Lesly? O que está fazendo aqui? O que aconteceu? — perguntei rápido. O rosto de Lesly estava sujo e suas roupas também. O cabelo fino e curto transmitia um odor totalmente desagradável. — O quê houve?
Ela sorrio. O sorrio lindo e encantador continuava o mesmo. Não me importei com o cheiro de frutos do mar e nem a sujeira do seu rosto. Tive uma vontade imensa de beija-lá e abraça-la de alívio por a ter encontrado.
—Desculpa por ter feito você me esperar, eu ia te ligar mais meu celular descarregou — ela disse com o aparelho na mão — Acontece que literalmente eu fui jogada no lixo.
—O quê? — perguntei.
—Uns caras do time de futebol me jogaram em uma das caçambas de lixo depois do intervalo. —Lesly deu risada, mas vi lágrimas querendo se formar em seus olhos — Isso é tão ridículo!
—Calma! — falei me aproximando.
—Melhor você não se aproximar.. — Lesly disse se afastando como se sentisse nojo de si própria — Breno, eu não posso voltar para casa assim. Será que eu podia..
—Sim! Vem entra. — falei sem deixar ela completar a frase.
—Mas você nem sabe o que eu iria pedir.
—Lesly.. — comecei enquanto destrancava a porta da casa — Eu sei o que você vai pedir porque há muito tempo, um amigo meu que você conhece, foi jogado em uma caçamba de lixo pelo Hugo e ele não podia voltar para casa com cheiro de bolo de carne. Então, ele tomou banho aqui, chorou de raiva e bateu em alguns travesseiros antes de ir para casa. Vem entra.
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Amor Sobre Rodas
RomanceBreno fez fórmulas, resolveu equações e tentou telefonar para o além do túmulo de Albert Einstein, mas não conseguiu entender. Lesly fez rascunhos em guardanapos, comprou a última versão da gramática e releu os clássicos, mas também não conseguiu en...