Breno

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— Tia, já sei o que vamos fazer com o dinheiro! — falei quando estávamos tomando café da manhã.

— Que bom, querido. Finalmente você se decidiu. —  disse ela enquanto servia ovos mexidos para o Tio Luís.— E então? O que você vai fazer com o dinheiro?

— Vamos abrir uma mecânica para o Tio Luís. — falei sorrindo.

Ele engasgou e tia Veronica o seguiu.

— Bom, depois da morte dos meus pais vocês foram as únicas pessoas que me restaram e me acolheram. Vocês tinham acabado de casar quando cheguei aqui, — olhei pelo canto do olho e vi Tio Luis olhando sério para mim. Como nunca havia olhado antes. — Sempre fui covarde e nunca quis tocar nesse assunto. Acabei esquecendo que vocês perderam tanto quanto eu. Perderam seus anos de casados, perderam tanta coisa.

— Não perdemos nada, Breno! Ganhamos você. — interrompeu Tio Luis.

— Quero recompensar vocês por todo esse tempo dando o dinheiro para você, tio.

Tio Luís mais do que ninguém, sabia o real significado da palavra: trabalho. Ele sempre parecia cansado, pois sempre estava na mecânica consertando carros baratos de motoristas de Fishers.

— Não nada disso! — Disse Tia Veronica balançando a cabeça com desaprovação. — Seus pais deixaram o dinheiro para você, é seu. Você deve gastar com coisas para você.

— E é isso que estou fazendo. — falei decidido. — Tio Luis trabalha muito e nem tem tempo de ficar conosco. Tendo seu próprio negócio, poderíamos ficar mais tempo juntos.

— Mas e sua universidade? — Tia Veronica perguntou murmurando.

— Vou prestar exame e tentar entrar como qualquer adolescente comum, afinal, tenho certeza que sou capaz disso. Vocês acreditam em mim, não é? — rebati com a chantagem emocional.

— Claro, claro, mas Breno, é muito bonito o que você quer fazer mais.... — meu tio parecia atordoado com a notícia.

—Eu decidi! — disse interrompendo o discurso dele. — Por favor, meus pais ficariam felizes.

Tio Luís olhou para Tia Veronica que se levantou da mesa e me abraçou. Um abraço forte e caloroso.

— Breno, você é o melhor presente e que seus pais deixaram para nós. — ela disse e tio Luís se juntou em um único abraço.


                                 ****

— Você vai dar mesmo o dinheiro para eles? — perguntou Ronan quando estávamos indo para a escola.

Balancei a cabeça concordando.

—Você é mais legal que eu pensava. — ele falou. Em vez da camiseta extravagante do Batman, ele usava uma do The Flash, muito menos escandalosa e bastante discreta como um raio.

— Sou muito mais coisas do que você pensa. — disse sarcástico.

— Daniela me ligou ontem.

— Sério?

— Não. Mas eu queria que sim. Na verdade eu mandei uma mensagem para ela e recebi um palavrão como resposta.

— Mas é como dizem, quanto mais ódio, mas amor há. — falei imitando nossa professora de literatura.

Rimos e chegamos na escola.

               
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Educação Física. É uma das matérias mais desnecessárias já criadas. Se pelo menos você é um cadeirante sedentário sabe do que estou falando. O professor insistia para que eu participe das atividades, como o basquete ou vôlei. Mas sempre fico em algum canto, sozinho, já que Ronan não tem a mesma aula que eu. Pior mesmo é na escolha dos times sempre fico por último e nem jogo direito.

— Foi mal, cara. Você não vai conseguir jogar hoje. É futebol, sabe. — fala Hugo e seus amigos riem como se fosse a melhor piada do mundo.

Fico vendo eles jogarem durante o período todo. Será que minha vida teria sido diferente se eu não tivesse perdido o movimento das pernas?

Amor Sobre RodasOnde histórias criam vida. Descubra agora