Como duas crianças em fuga, Breno e eu saímos do salão barulhento.
O jardim tinha a grama aparada e vários moitas com flores de diversas espécies, além de ser muito bem iluminado.—Olhe ali. — falei, apontando para um grande gazebo iluminado cercado de flores, se não fosse pela boa iluminação diria que estaria abandonado por conta da flores murchas. Fui correndo até lá e logo Breno estava atrás de mim.
—É lindo. — ouvi ele murmurar, e era mesmo. Mesmo velho aquele lugar tinha uma beleza diferente.
—Sim.
A música do salão estava tão alta, que do jardim ainda dá para ouvi-la. Me sentei em um pequeno banco velho dentro do gazebo que parece mais iluminado que nunca, por suas frestas, consegui ver o céu estrelado.
—Gosta do céu? — Breno pergunta, aproximando-se com a cadeira e com seu sorriso de sempre.
—Gosto da imensidão solitária do universo. Parece ser mais divertido do que aqui.
—Realmente. — ele fala e solta uma risada.
Olho para Breno pela primeira vez naquela noite. Ele dizia que eu estava linda, mas ele estava deslumbrante. Sempre o vi com roupas simples, mas essa noite, ele usava um terno preto e que era acompanhado por uma gravata azul escuro. Seu cabelo estava bagunçado como sempre. Eu gostava do que via.
— E você gosta do céu?— perguntei o encarando.
Seus olhos se curvam para o alto e vejo que ele encara algumas estrelas que estão presente naquela noite. Breno suspira.
—Minha tia, — ele começa. — acredita que no céu moram agora meus pais, então tenho que gostar.
Estico minha mão para pegar a de Breno e ele sorri. Aperto sua mão com força, para ele saber que não está sozinho. Ficamos em silêncio por alguns minutos, quando ouço uma canção começar a tocar. All About Us.
—Amo essa música.— falei, soltando sua mão de repente.
—Se eu pudesse andar, dançava com você. — Breno fala.
Me levanto e fico em sua frente. Estendo minha mão novamente para ele. A música começa a tocar. Fecho os meus olhos e a deixo passar por todo o meu corpo, até chegar na minha voz.
—Pegue a minha mão, eu vou te ensinar a dançar. Eu vou te fazer girar, não vou deixar você cair.— Breno segura minha mão e continuo incerteza que estou cantando certo: — Quer me deixar guiar? Você pode subir nos meus pés. Tente, vai ficar tudo bem.
Breno segura e não solta minha mão. Dou um sorriso, enquanto deixo a música continuar, e sou surpreendida por sua voz doce em um trecho, antes do refrão.
—O ambiente está em silêncio, e agora é o nosso momento. — ele canta tímido.
—Pois amantes dançam quando estão apaixonados. Holofote brilhando, é tudo sobre nós. — cantamos juntos, enquanto Breno tenta me girar.
As luzes do gazebo parecem mais iluminados e as flores murchas sobre ele parecem que ganharam vida. O instrumental da música continua, e Breno canta, ainda sem soltar minha mão:
—De repente, eu me sinto corajoso. Não sei o que deu em mim. Por que me sinto assim? Podemos dançar devagar?
Breno beija minha mão. Um beijo leve. Dou um sorriso e continuo:
—O ambiente está em silêncio. E agora é o nosso momento. Entre no clima, sinta e fique firme. Olhos em você, olhos em mim. Estamos indo certo. — Mais um giro. —E todo coração no lugar vai derreter. Essa é uma sensação que eu nunca tive.
Em um gesto involuntário, solto a mão de Breno e o pego pelos braços. Ele me segura forte e com impulso, coloco ele de pé, mesmo desequilibrado e sem força, ele segura nas frestas de mármore que cerca o gazebo. Não o solto. Consigo olhar para o seus olhos.
—Estão tocando a nossa música. Você acha que estamos prontos?
Ele murmura.
—Oh, estou sentindo. Você está ouvindo, amor? Você está ouvindo, amor?
Falamos juntos:
—Você está ouvindo, amor?
Nossos olhares se cruzam novamente. Ajudo ele se sentar novamente na cadeira, porém ainda mantemos nossas mãos juntas.
—Eu sinto que é você todas as vezes em que te olho, todas as vezes em fico ao seu lado. — Breno fala e a música continua.
—Que eu sou o quê?
—Eu sinto que é você que eu quero ao meu lado pelo resto da vida.
Me inclino para Breno. Nossos olhos se encontram, nossos narizes também e finalmente nossos lábios.
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Amor Sobre Rodas
RomanceBreno fez fórmulas, resolveu equações e tentou telefonar para o além do túmulo de Albert Einstein, mas não conseguiu entender. Lesly fez rascunhos em guardanapos, comprou a última versão da gramática e releu os clássicos, mas também não conseguiu en...