Capítulo 7

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- Tudo o que estou dizendo - murmurou Tanner King ao telefone - é que um homem não deve ser incomodado com o Natal no meio de agosto.

- Sei. - A voz do outro lado da linha parecia estar se divertindo. - Agora vooç está falando como aqueles idiotas que compram uma casa perto de um aeroporto e depois reclamam do barulho.

- O que quer dizer com isso?

- Quero dizer - disse o primo em meio a uma risada - é que você sabia que a fazenda de árvores de Natal estava aí quando comprou a propriedade há um ano. Não há como se lamentar disso agora.

- Em primeiro lugar - disse Tanner - eu não estou me lamentando. Em segundo, que tipo de fazenda de árvores de Natal fica aberta o ano inteiro? Ninguém mencionou isso quando eu comprei a propriedade.

É claro, ele também não havia perguntado. Mas quem o faria? Ele comprara a casa havia um ano e não pensara muito na vizinhança, além do fato de que as árvores compunham uma bela vista de suas janelas. Fazendas de árvore de Natal, por definição, deveriam operar no Natal, certo? Ao menos era assim que deveria ser. Balançando a cabeça enquanto a voz do primo ecoava em seu ouvido, Tanner olhou pela janela do escritório para a propriedade ao lado.

Ele se mudara para lá havia apenas dois meses, ao fim de dez meses de reformas. Quando finalmente se estabeleceu, esperava ter algum sossego. Quem não teria, tendo uma fazenda de arvores de Natal como o seu vizinho mais próximo? No entanto, passara os últimos dois meses assistindo a um interminável desfile de visitantes.

Tirando a vizinhança, a casa era tudo o que ele queria. Feita de vidro e madeira e rodeada por 4 mil metros quadrados de terreno, daria toda a privacidade de que Tanner precisava. Ou assim ele imaginava. Da janela do segundo andar, Tanner tinha uma vista e tanto. Uma infinidade de árvores esparramava-se por toda a paisagem, estendendo-se pelo que pareciam ser quilômetros. Mas o problema não eram as árvores. Era o espírito empreendedor do proprietário. Aparentemente, a família Angel, proprietária da fazenda, tivera a ideia de transformar o seu negócio natalino em um aborrecimento de ano inteiro.

Havia casamentos acontecendo quase todo fim de semana, festas ao ar livre, piqueniques e - Deus o livrasse daquilo! - até mesmo aniversários de crianças. Tudo isso resultava em um fluxo interminável de carros passando para cima e para baixo na estrada estreita em frente à sua propriedade. A Fazenda de Árvores de Natal Angel estava se transformando em um aborrecimento intolerável para ele.

Mas essa não era a pior parte. Não, a pior parte era a música ambiente que emanava dos alto-falantes ligados a postes telefônicos. Música de Natal. Em agosto. Um calor dos diabos lá fora e Tanner era obrigado a ouvir "Noite feliz" diariamente.

Enquanto tentava dormir.

- Vooç poderia considerar desistir de viver como um vampiro e dormir à noite como a maioria das pessoas - sugeriu o primo Nathan.

- Tentei fazer isso logo que cheguei - murmurou Tanner, desviando o olhar da paisagem para o monitor de tela plana de seu computador no outro lado do quarto. - Ficava tentando trabalhar em um jogo de guerra medieval enquanto ouvia "Jingle bells" o dia inteiro.

Não. Trabalhar à noite era a única solução razoável, pensou, lembrando-se da mulher sensual que vagava por sua casa. Como ele podia se concentrar no trabalho sabendo que ela estava ali, no andar térreo?

- OK, esqueça o que eu disse - falou Nathan. - Pode ficar rabugento à vontade, desde que o jogo de computador em que está trabalhando fique pronto a tempo. Como está indo, afinal?

Fora por isso que o primo havia ligado. A empresa de Tanner, a King Games, começara uma parceria com a empresa de Nathan, a King Computers. O jogo de computador que Tanner estava criando seria incluído no software de cada novo PC da King. Seria um grande negócio. Desde que Tanner terminasse a coisa a tempo.

O que, graças à fazenda Angel e, agora, a Ivy Holloway, parecia menos provável a cada minuto.

É claro, o jogo estava quase pronto. Ele fizera a maior parte do trabalho artístico meses antes, e os programadores haviam codificado a maldita coisa. Agora ele estava trabalhando em alguns detalhes gráficos e na própria linha narrativa; e estava atrasado. Ele poderia ter entregado o projeto para qualquer um dos projetistas que trabalhavam para ele. Mas criar jogos era o que Tanner mais gostava de fazer e aquele jogo em particular era importante demais para ser confiado a outra pessoa.

- Eu superei um obstáculo na noite passada - resmungou Tanner, esfregando os olhos.

- A produção está marcada para começar daqui a um mês.




Aiii G-zuiis seiss tão anciosos ??
Sammy TavareZz

Amantes ou Inimigos?Onde histórias criam vida. Descubra agora