Penúltimo Capitulo 64

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Ivy ainda estava furiosa na manhã seguinte ao entrar no quintal de Tanner para pegar Hairy para dar um passeio. Ela não voltara ao banco para pagar o empréstimo, mas não poderia ignorar Hairy. Ela sabia muito bem que Tanner estava envolvido com o seu trabalho e certamente se esqueceria de que o cãozinho precisava de algum exercício.

Ela subiu os degraus da varanda, girou a maçaneta e emitiu um grito assustado quando viu Tanner de pé na cozinha, claramente esperando por ela.

Ivy levou uma mão ao batente da porta para firmar-se e inspirou fundo para aliviar as batidas do seu coração. Hairy latiu e ela se inclinou para acariciá-lo. Em seguida, olhou para Tanner.

- Por que você continua me assustando? Isso é pessoal?

Ele sorriu. Um lindo sorriso que fez balançarem os seus joelhos e a fez sentir um frio na boca do estômago.

- Eu estava esperando por você - disse ele.

- Sim, eu percebi - disse ela. - Mas por quê?

- Eu tenho algo para lhe dar.

Ele tirou um envelope do bolso da calça jeans e entregou-o para ela. Era volumoso e trazia o logotipo do banco local no canto superior esquerdo.

- O que é isso?

- Abra e veja.

Ela obedeceu e, ao abrir o envelope, seu coração quase parou. Era o empréstimo da Fazenda de Arvores de Natal Angel. E, na parte superior, carimbada em tinta vermelha brilhante, a palavra "Quitado."

Ivy estremeceu e, instintivamente, voltou a se apoiar no batente para tentar manter o equilíbrio. Atordoada, ela apenas olhou para Tanner, completamente chocada.

Ele ainda estava sorrindo.

- Surpresa - disse Tanner com um dar de ombros. - A fazenda é sua. Está paga.

Ele parecia tão satisfeito consigo mesmo! Ivy balançou a cabeça, olhos arregalados. Era a mesma coisa do relógio de diamantes, pensou ela. Ele ainda estava tentando comprá-la. Usar o seu dinheiro para causar um impacto. E agora ele comprara a casa dela?

- Seu filho da puta. - A voz de Ivy soava baixa, abafada pelas lágrimas que obstruíam a sua garganta. - Como pôde fazer isso comigo?

- O quê? - exclamou ele, confuso e preocupado.

- Eu já lhe disse antes, Tanner. Eu não dou a mínima para o seu dinheiro. Você não pode me comprar. Nem com relógios incrustados de diamantes e nem com pagamentos de empréstimos.

- Eu não estou tentando comprá-la.

- Quem lhe deu o direito de meter o seu nariz no meu negócio? - exclamou Ivy, jogando os papéis do empréstimo em direção a ele. - Você não me possui. Você nunca me possuirá.

Ela se voltou, desceu a escada da varanda e saiu correndo pelo quintal. Ivy ouviu Hairy latir e sair correndo atrás dela.

Tanner estava apenas um passo atrás do cão. Droga, ele ficara acordado a noite inteira, esperando por ela e tentando encontrar as palavras que pretendia dizer para ela.

- Ivy, espere!

Ele a alcançou ao pé de um velho carvalho. Hairy corria em círculos ao redor deles quando Tanner agarrou o seu braço e girou-a para encará-lo.

- Deixe-me ir - exigiu Ivy com lágrimas nos olhos.

- Pode me ouvir? - Ele emitiu um suspiro frustrado. - Eu não estou tentando comprar você, eu estou tentando dizer que eu a amo.

Ela o encarou e perguntou em voz baixa:

- E você sempre declara o seu amor usando o talão de cheques?

Ele fez uma careta, então balançou a cabeça.

- Eu jamais disse que amava ninguém - admitiu. - Talvez por isso eu seja tão ruim nisso. Mas eu a amo, Ivy. - Irritado consigo mesmo, ele a soltou e se afastou alguns passos. - Eu nem sei como dizer tudo isso. Eu fiquei acordado a noite inteira tentando saber como dizer isso para você.

- Ficou?

Ele olhou para ela e disse:

- Isso é tudo culpa sua, você sabe.

- Sério?

- Eu percebi o sarcasmo, mas, sim, é sério. Você foi a única que me desafiou. Você me fez deixar meu passado para trás para que eu olhasse para o presente e, talvez, até mesmo para o futuro. Você foi a única que me convenceu de que o Natal não é uma data triste.

Ela sorriu novamente, mas Tanner estava muito envolvido com o que estava dizendo para poder reagir. Ele sentia como se estivesse esperando a vida inteira para conseguir dizer aquelas palavras e, droga, agora ela o ouviria.

- Você me abandonou, mas continuou passeando com o meu cão.

- Sim - disse ela, com os olhos brilhando.

Ele deu um passo em sua direção.

- Você não falava mais comigo, mas me defendeu em público.

- Eu sou assim - concordou ela, com a boca deliciosa se curvando em um sorriso.

Ele se aproximou ainda mais.

- Você é a única pessoa que conseguiu me fazer acreditar em finais felizes, Ivy.

- Tanner... - ela suspirou quando ele eliminou a distância que os separava.

- Então, agora, você só terá de me amar também -, disse ele - porque eu não vou deixar você ir embora outra vez.

Tanner envolveu-a em seus braços e abraçou-a firmemente. As lágrimas escorriam pelo rosto dela.

- Não chore, Ivy - sussurrou ele. - Detesto vê-la chorar. Se você não parar, eu juro que vou sair para comprar algo para você outra vez, e então vamos ter uma grande discussão e...

Ela ergueu a cabeça e disse sorrindo:

- O que mais você poderia comprar para mim, Tanner? Você já me deu a minha casa!

Ele usou os polegares para enxugar as lágrimas dos dois.

- A única coisa que eu quero comprar para você é um anel, Ivy. Um anel que você usará para sempre.

- Oh, Tanner. Isso é uma proposta de casamento?

- Case-se comigo, Ivy - disse ele, sorrindo. - Enlouqueça-me pelo resto de nossas vidas.

Ela sorriu e disse:

- Eu te amo tanto, Tanner. Claro que eu vou me casar com você. - Ela afastou a cabeça para olhá-lo nos olhos. - Mas você terá de se acostumar a trabalhar com barulho porque eu quero, pelo menos, seis filhos, e todos vão querer brincar entre as árvores de Natal.

- Por mim, tudo bem - disse ele, apoiando a testa na dela. - Nos últimos dias, eu descobri que não consigo mais trabalhar no silêncio. Um homem não deve morar em uma casa vazia.

- Eu garanto que você nunca mais estará sozinho, Tanner - disse ela, erguendo-se na ponta dos pés para beijá-lo.

Amantes ou Inimigos?Onde histórias criam vida. Descubra agora