Ivy ainda estava furiosa na manhã seguinte ao entrar no quintal de Tanner para pegar Hairy para dar um passeio. Ela não voltara ao banco para pagar o empréstimo, mas não poderia ignorar Hairy. Ela sabia muito bem que Tanner estava envolvido com o seu trabalho e certamente se esqueceria de que o cãozinho precisava de algum exercício.
Ela subiu os degraus da varanda, girou a maçaneta e emitiu um grito assustado quando viu Tanner de pé na cozinha, claramente esperando por ela.
Ivy levou uma mão ao batente da porta para firmar-se e inspirou fundo para aliviar as batidas do seu coração. Hairy latiu e ela se inclinou para acariciá-lo. Em seguida, olhou para Tanner.
- Por que você continua me assustando? Isso é pessoal?
Ele sorriu. Um lindo sorriso que fez balançarem os seus joelhos e a fez sentir um frio na boca do estômago.
- Eu estava esperando por você - disse ele.
- Sim, eu percebi - disse ela. - Mas por quê?
- Eu tenho algo para lhe dar.
Ele tirou um envelope do bolso da calça jeans e entregou-o para ela. Era volumoso e trazia o logotipo do banco local no canto superior esquerdo.
- O que é isso?
- Abra e veja.
Ela obedeceu e, ao abrir o envelope, seu coração quase parou. Era o empréstimo da Fazenda de Arvores de Natal Angel. E, na parte superior, carimbada em tinta vermelha brilhante, a palavra "Quitado."
Ivy estremeceu e, instintivamente, voltou a se apoiar no batente para tentar manter o equilíbrio. Atordoada, ela apenas olhou para Tanner, completamente chocada.
Ele ainda estava sorrindo.
- Surpresa - disse Tanner com um dar de ombros. - A fazenda é sua. Está paga.
Ele parecia tão satisfeito consigo mesmo! Ivy balançou a cabeça, olhos arregalados. Era a mesma coisa do relógio de diamantes, pensou ela. Ele ainda estava tentando comprá-la. Usar o seu dinheiro para causar um impacto. E agora ele comprara a casa dela?
- Seu filho da puta. - A voz de Ivy soava baixa, abafada pelas lágrimas que obstruíam a sua garganta. - Como pôde fazer isso comigo?
- O quê? - exclamou ele, confuso e preocupado.
- Eu já lhe disse antes, Tanner. Eu não dou a mínima para o seu dinheiro. Você não pode me comprar. Nem com relógios incrustados de diamantes e nem com pagamentos de empréstimos.
- Eu não estou tentando comprá-la.
- Quem lhe deu o direito de meter o seu nariz no meu negócio? - exclamou Ivy, jogando os papéis do empréstimo em direção a ele. - Você não me possui. Você nunca me possuirá.
Ela se voltou, desceu a escada da varanda e saiu correndo pelo quintal. Ivy ouviu Hairy latir e sair correndo atrás dela.
Tanner estava apenas um passo atrás do cão. Droga, ele ficara acordado a noite inteira, esperando por ela e tentando encontrar as palavras que pretendia dizer para ela.
- Ivy, espere!
Ele a alcançou ao pé de um velho carvalho. Hairy corria em círculos ao redor deles quando Tanner agarrou o seu braço e girou-a para encará-lo.
- Deixe-me ir - exigiu Ivy com lágrimas nos olhos.
- Pode me ouvir? - Ele emitiu um suspiro frustrado. - Eu não estou tentando comprar você, eu estou tentando dizer que eu a amo.
Ela o encarou e perguntou em voz baixa:
- E você sempre declara o seu amor usando o talão de cheques?
Ele fez uma careta, então balançou a cabeça.
- Eu jamais disse que amava ninguém - admitiu. - Talvez por isso eu seja tão ruim nisso. Mas eu a amo, Ivy. - Irritado consigo mesmo, ele a soltou e se afastou alguns passos. - Eu nem sei como dizer tudo isso. Eu fiquei acordado a noite inteira tentando saber como dizer isso para você.
- Ficou?
Ele olhou para ela e disse:
- Isso é tudo culpa sua, você sabe.
- Sério?
- Eu percebi o sarcasmo, mas, sim, é sério. Você foi a única que me desafiou. Você me fez deixar meu passado para trás para que eu olhasse para o presente e, talvez, até mesmo para o futuro. Você foi a única que me convenceu de que o Natal não é uma data triste.
Ela sorriu novamente, mas Tanner estava muito envolvido com o que estava dizendo para poder reagir. Ele sentia como se estivesse esperando a vida inteira para conseguir dizer aquelas palavras e, droga, agora ela o ouviria.
- Você me abandonou, mas continuou passeando com o meu cão.
- Sim - disse ela, com os olhos brilhando.
Ele deu um passo em sua direção.
- Você não falava mais comigo, mas me defendeu em público.
- Eu sou assim - concordou ela, com a boca deliciosa se curvando em um sorriso.
Ele se aproximou ainda mais.
- Você é a única pessoa que conseguiu me fazer acreditar em finais felizes, Ivy.
- Tanner... - ela suspirou quando ele eliminou a distância que os separava.
- Então, agora, você só terá de me amar também -, disse ele - porque eu não vou deixar você ir embora outra vez.
Tanner envolveu-a em seus braços e abraçou-a firmemente. As lágrimas escorriam pelo rosto dela.
- Não chore, Ivy - sussurrou ele. - Detesto vê-la chorar. Se você não parar, eu juro que vou sair para comprar algo para você outra vez, e então vamos ter uma grande discussão e...
Ela ergueu a cabeça e disse sorrindo:
- O que mais você poderia comprar para mim, Tanner? Você já me deu a minha casa!
Ele usou os polegares para enxugar as lágrimas dos dois.
- A única coisa que eu quero comprar para você é um anel, Ivy. Um anel que você usará para sempre.
- Oh, Tanner. Isso é uma proposta de casamento?
- Case-se comigo, Ivy - disse ele, sorrindo. - Enlouqueça-me pelo resto de nossas vidas.
Ela sorriu e disse:
- Eu te amo tanto, Tanner. Claro que eu vou me casar com você. - Ela afastou a cabeça para olhá-lo nos olhos. - Mas você terá de se acostumar a trabalhar com barulho porque eu quero, pelo menos, seis filhos, e todos vão querer brincar entre as árvores de Natal.
- Por mim, tudo bem - disse ele, apoiando a testa na dela. - Nos últimos dias, eu descobri que não consigo mais trabalhar no silêncio. Um homem não deve morar em uma casa vazia.
- Eu garanto que você nunca mais estará sozinho, Tanner - disse ela, erguendo-se na ponta dos pés para beijá-lo.