Em um tom de voz calmo e suave, ela perguntou:
- Bem, e agora, quem é você?
A cauda chicoteava para direita e para a esquerda quando o cão ergueu dignamente uma pata para Ivy. Encantada, apesar da aparência desmazelada do cão, ela estendeu a mão delicadamente para segurar a pata antes de acariciar o topo da cabeça. Ele se inclinou ao toque como se ansioso por aquele contato, e o coração de Ivy se amoleceu.
- Coitadinho. Quanto tempo você está por conta própria?
Mesmo repleta de compaixão pelo pobre animal, a raiva borbulhava em seu coração, quando ela percebeu o que acontecera com aquele cão. Ela sabia muito bem que, às vezes, as pessoas da cidade percorriam aquela área e abandonavam animais de estimação que já não podia manter por algum motivo. Ela ficou furiosa ao se dar conta de que alguém podia ser tão insensível a ponto de afastar alguém que tivesse sido um membro de sua família. Mas ela vira aquilo muitas vezes para se surpreender com o fato.
- Aposto que você está com fome e solitário, não é mesmo?
O cão ganiu e ela se voltou para a cozinha, com a intenção de arranjar comida e água. Mas parou abruptamente ao topar com Tanner em pé logo atrás dela. Ela gritou e, em seguida, levou uma mão ao peito.
- Quer saber? Você não pode fazer isso com as pessoas. Eu vou ter um ataque do coração antes dos 30 anos de idade se você continuar a me assustar desse jeito.
- O que é isso? - perguntou ele, olhando para o cão.
- É um cão. Ele fez uma careta para ela.
- Eu sei. O que ele está fazendo aqui?
- Procurando comida - disse ela, voltando a olhar para a pobre criatura, que agora olhava para Tanner. - E alguma companhia.
- Esse provavelmente é o cão que vem deixando cartões de visitas no meu gramado - murmurou.
- Provavelmente - concordou Ivy e voltou a acariciar a cabeça do animal, como para compensar a atitude ríspida de Tanner. Mas o cão não estava interessado na atenção dela agora. Em vez disso, ele se levantou e foi direto até Tanner. Em seguida, voltou a se sentar, pousando uma pata em cima do pé dele.
Como todo animal, ele foi diretamente até a pessoa que estava menos feliz em vê-lo. Ivy não pôde deixar de sorrir, apesar de achar que o cachorro não seria muito bem-vindo.
Ela sabia como o cão se sentia. Também não havia calor nos olhos de Tanner para ela. Mas, afinal, eles passaram os últimos dois dias cuidadosamente evitando um ao outro. Então, o que realmente esperava? Balançando a cabeça para afastar aqueles pensamentos rebeldes, ela se concentrou, em vez disso, no cão e no homem que olhava para ele.