-O que é isso?...
- Sopa.
A sopa que ele fazia não cheirava tão bem, pensou Tanner, já achando que talvez a governanta não tivesse sido uma ideia assim tão ruim, afinal de contas. Ela parecia ser boa naquilo e, em sua defesa, realmente fora muito silenciosa. Ainda assim, ele não fora capaz de se concentrar sabendo que ela estava na casa.
Então seu estômago voltou a se manifestar e ele se perguntou se não haveria alguma forma daquilo funcionar.
- Nós realmente não conversamos sobre o seu trabalho - disse ele.
- Fora o fato de que você não me querer aqui, não - concordou Ivy, sorrindo.
Tanner se perguntou se ela sorria mesmo de tudo. Em seguida, afastou tal pensamento como irrelevante.
- Eu admito que ter alguém em casa enquanto estou trabalhando é problemático. Gosto muito de tranquilidade.
- Sim, já percebi. - Ela se voltou para um armário, pegou duas tigelas e colocou-as sobre a bancada.
- Pessoalmente, eu não sei como você aguenta. Muito silêncio pode deixar uma pessoa maluca. - Ela fez uma pausa e disse:
- Então, sobre o que quer falar?
- Expectativas - disse ele. - Eu preciso de calma para trabalhar. Mas eu acho que também preciso de uma governanta. O que precisamos fazer é elaborar um calendário que seja aceitável para nós dois.
- Parece razoável - disse ela, caminhando até a bancada da cozinha.
Seu olhar a seguiu.
- Você fez pão?
- Sim. - Ela deu de ombros. - Não é nada especial. Só um pão rápido. Quer dizer, eu não tive tempo para deixar o fermento crescer e tudo mais, mas está bom, confie em mim.
Ele observou o modo como ela se movia confortavelmente pela cozinha. Ela assara o pão e, se ele não estava enganado, havia sopa caseira no fogão. Ela estivera na casa havia apenas duas horas e de alguma forma já tomara conta de tudo. Como era possível?
Não faria mal comer o que ela tinha preparado, disse para si mesmo. Então eles conversariam e encontrariam uma maneira de ela trabalhar ali sem o incomodar. Ele não era um maldito eremita, disse para si mesmo. Ele era um homem ocupado, sem tempo para interrupções. Havia uma diferença. Ele preferia a ordem ao caos, só isso.
Tanner vivia de acordo com regras. Simples, descomplicadas, que ele guardava para si. Ele confiava em seus irmãos e primos. E o mais importante, evitava relacionamentos que durassem mais de uma ou duas semanas. Quando queria uma mulher, saía e encontrava alguém à procura do mesmo que ele: duas semanas de prazer e uma rápida despedida.
Ivy Holloway definitivamente não era esse tipo de mulher.
Então, não havia razão para ele permitir que ela ficasse, certo?
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