Capitúloo 59

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Ivy sentia falta dele.

Três dias depois de ter deixado a casa de Tanner, com as palavras iradas que trocaram ainda ecoando em seus ouvidos, ela passou a mão sobre as paredes de malha do castelo inflável e suspirou quando as lembranças voltaram à sua mente. A primeira vez que Tanner a tocara. A primeira vez que ela se desmanchara em seus braços. E o momento em que ela sabia que haveria mais por vir. Como esperar esquecê-lo quando a lembrança dele impregnava tudo ao seu redor?

Havia algumas dezenas de pessoas vagando pela fazenda naquele momento. Gente visitando as suas árvores de Natal, outros almoçando ou fazendo compras, e funcionários da fazenda dando os últimos retoques no cenário do casamento que seria realizado na manhã seguinte. Havia pelo menos uma centena de coisas que ela deveria estar fazendo. Em vez disso, estava perdida em seus próprios pensamentos.

Ivy sabia que seria difícil ficar sem Tanner. Mas ela não imaginara quão vazia ela se sentiria.

Ela passara os últimos dias como uma sonâmbula. Fazia o seu trabalho, verificava os preparativos finais para o grande casamento do fim de semana e tentava fingir que estava tudo normal.

Mas não estava. E nunca voltaria a estar.

Meu Deus, pensou ela, inclinando-se contra o castelo inflável, quando David morreu, ela desejou se encolher em um canto e chorar durante meses. Ela pensou que sua vida tinha acabado e, por um tempo, acabara mesmo. Mas ela se recuperou, voltou a se erguer e finalmente foi em frente.

Perder Tanner fora muito mais avassalador. Ela não o perdera para a morte; ela apenas o perdera. Ele morava na porta ao lado, mas estava tão longe dela quanto David. E, desta vez, a dor era tão grande que chorar não ajudava. Não aliviava a pressão em seu peito. Ela não queria chorar. Queria, sim, cair em um buraco e nunca mais sair dali de dentro.

Mas ela não poderia se dar ao luxo de se entregar à própria confusão interior. Havia muito mais em jogo agora do que há quatro anos. Então ela iria em frente. Continuaria a trabalhar. E continuaria sonhando com o que poderia ter sido.

Deus, ela era uma idiota. Por que fizera aquilo? Por que começara um relacionamento com uma mentira?

- Ivy? - Ao longe, Carol Sands, a florista local, acenou para ela.

- Oi! Já estou indo! - Ela abandonou os seus pensamentos e preparou-se para resolver a última crise. Não havia tempo para sentir pena de si mesma. Aquilo teria de esperar até a noite, quando ela estivesse deitada sozinha na cama, tentando dormir.

Ivy caminhou ao lado de Carol, grata por ter algo em que pensar além de si mesma e em sua própria tristeza.

- O salão da noiva está pronto - disse Carol, um sorriso enorme no rosto. - Eu trouxe as flores para os arranjos e as guardei no refrigerador. Vou trazer os buquês pela manhã.

- Isso é bom. A noiva deve chegar por volta das 11h. - Ivy olhou para as pessoas que passavam e sorriu para as que ela conhecia. Esperava que ninguém percebesse que o seu sorriso não estava exatamente repleto de calor.

Carol ainda falava:

- Dan montou as mesas com guarda-sol no gramado e as toalhas de mesa vermelhas que a Sra. Miller bordou estão na sala dos fundos da loja de presentes.

- Certo. Vamos começar a cuidar disso amanhã cedo de modo que tudo esteja perfeito quando a noiva chegar.

Noiva. Casamento. Felizes para sempre. Bem, ela pensou, ao menos alguém estava tendo Um final feliz naquela história.

- Claro, Ivy. - Carol sorriu novamente e puxou o cabelo vermelho para trás das orelhas. - Esta é uma grande oportunidade para mim, fazer os arranjos florais de um casamento destas proporções.

- Eu sei. - Essa, pensou, era a razão pela qual ela havia mentido para Tanner.

Uma vez que a fazenda de árvores de natal era tão longe de qualquer cidade grande, os moradores locais ajudavam muito nos casamentos e eventos. A floricultura de Carol estava prosperando. A alfaiataria da Sra. Miller cuidava das toalhas de mesa e todas as outras emergências de costura. A loja de jardinagem de Bill Hansen fornecia as mesas, cadeiras e até mesmo os guarda-sóis listrados para a recepção.

Tais eventos estavam ajudando uma cidade inteira a crescer a prosperar. Era de se estranhar que Ivy estivesse tão preocupada com as queixas de Tanner para o xerife? Teria ela salvado a sua cidade condenando a si mesma?

Ao chegarem ao gramado, Ivy parou para olhar em torno. A ponte decorativa sobre o riacho estava perfeita, assim como Dan prometera. Branca como a neve, ressaltava contra o fundo verde luxuriante das árvores ao redor. Seria um lugar perfeito para tirar fotos, pensou ela, deixando o olhar vagar por entre as centenas de mesas redondas dispostas em arco ao redor da mesa principal. Tudo o que poderia ter sido feito com antecedência estava pronto. O restante seria terminado na manhã seguinte.

Ela inspirou profundamente e deixou o ar escapar lentamente de seus pulmões.

- Eu sei o quanto este casamento significa para todos nós, Carol. Então teremos de fazer que saia perfeito.

- Faremos - disse a amiga.

Ivy ainda estava passeando com o seu cachorro.

Ele não a via tinha três dias, mas os sinais eram claros o bastante. Hairy vivia exausto e a correia nunca estava onde Tanner a havia deixado na véspera. Que tipo de mulher, perguntou para si mesmo, proclamava o seu amor, saía pela porta da frente e depois voltava escondida para visitar um cão?





Será qee ele descobre ki Ivy està passeando com o Cão ???

Amantes ou Inimigos?Onde histórias criam vida. Descubra agora