Ele passou a mão pelo cabelo e, em seguida, no próprio rosto. Seus olhos ardiam e ele não se barbeava havia dias, Tanner não conseguia dormir. Não conseguia trabalhar. Não conseguia parar de pensar em Ivy.
Ele dizia a si mesmo para esquecê-la. Que ela era uma mentirosa. Que não era confiável. Que sua alegação de amor era apenas outra mentira.
- Mas, droga, se isso é verdade, então onde diabos ela está? Ele olhou para Hairy, que olhou para ele, como se quisesse emitir a sua opinião.
Tanner acariciou a cabeça do cão e disse para si mesmo que Ivy não estava agindo da maneira como ele esperava que agisse.
Ela deveria ter voltado à casa para tentar vê-lo. Para tentar convencê-lo do quanto ela o amava. Ela deveria estar lá, tentando convencê-lo, enrolando-o com lágrimas e promessas de devoção eterna.
Carrancudo, ele se levantou da cadeira e caminhou até a porta dos fundos. Ele a abriu e Hairy saiu correndo noite afora. Uma rajada de vento o atingiu.
O luar se destacava em um céu repleto de estrelas e salpicava o chão de sombras. As árvores no pátio balançavam com o vendaval que vinha aumentando de forma constante na última hora.
Ele ouviu os latidos excitados de Hairy enquanto o vento uivava, mas os pensamentos de Tanner estavam muito agitados para que ele prestasse atenção àquilo.
- Por que ela está se incomodando em vir e passear com Hairy enquanto, ao mesmo tempo, está deliberadamente evitando se encontrar comigo?
Tanner balançou a cabeça, tentando entender. Ele não compreendia o que ela estava pensando ou o que estava fazendo. Se ela não estava tentando enganá-lo, por que então se preocupar com o cão que a amava? Nada disso fazia sentido.
Ele esperava pelo seu retorno desde o momento em que Ivy o deixara. E agora, de repente, ele percebia o porquê. Porque seria exatamente isso que sua mãe teria feito em sua busca frenética por um final de contos de fadas que ela nunca encontrou.
Sua mãe jamais declararia o seu amor e, depois, iria embora. Ela sempre encontrava uma maneira de ficar com um homem que não a desejava, tentando fazê-lo mudar de ideia.
- Aparentemente - meditou em voz alta Ivy e minha mãe são dois tipos de mulheres muito diferentes.
Os latidos de Hairy tomaram-se mais frenéticos e Tanner saiu da varanda para ver o que estava acontecendo. O vento atingiu-o com força, como se estivesse tentando empurrá-lo de volta para a casa e ele se perguntou de onde diabos viera aquela ventania. O céu estava claro, mas o vento uivava. Então, tão rapidamente quanto havia começado, a ventania cessou. Como se nunca tivesse ocorrido.
Tanner finalmente chegou até o cão e foi então que ouviu o que excitara Hairy. Vozes. Gritos.
Na casa de Ivy.
Em seguida, lembrou-se do grande casamento que Ivy estaria celebrando em sua fazenda na manhã seguinte. A tempestade provavelmente destruíra os seus preparativos.
Hairy latiu outra vez, como se perguntando o que ele estava esperando.
O cérebro de Tanner gritou-lhe que aquela era a resposta para todos os seus problemas. Se Ivy não conseguisse celebrar o casamento, ela não poderia pagar o empréstimo. Se não pudesse pagar, perderia a fazenda. E, se a maldita fazenda falisse, ele teria a paz e a tranquilidade que eram tão importantes para ele. Esta era, certamente, a resposta para tudo