-Eu também gostaria de me certificar disso - admitiu ela.
O problema, disse Ivy para a si mesma ao inclinar a cabeça para trás e olhar para as nuvens brancas que atravessavam o céu azul, era que ela não tinha certeza. Quando começara tudo aquilo, pretendia apenas conhecer Tanner, apresentando-lhe a vida da cidade pequena, esperando que, uma vez que ela conseguisse cumprir a tarefa, ele parasse de perseguir a fazenda de árvores.
Contudo, havia alguns dias, deixara de ser exclusivamente isso. Ela não admitia para si mesma, mas era a mais pura verdade. A luz do sol por trás de uma nuvem assemelhava-se a dedos dourados descendo do céu. Ela suspirou, mas o vento abafou o som de seu suspiro.
- Eu não preciso ir embora amanhã - disse Mike, como se pressentindo a confusão dentro dela. - Eu posso ficar mais algum tempo.
Ela sorriu e lançou-lhe um olhar afetuoso. Bem, era tentador. Mantenha o seu avô aqui como apoio moral enquanto você cai de cabeça em um caso que provavelmente não deveria estar acontecendo. Porque ela sabia que, mesmo que seu avô ficasse, não faria a menor diferença. Ela ainda ficaria com Tanner. Ela ainda partilharia a cama com ele, porque seu corpo não permitiria que isso não acontecesse. Ela o desejava tanto que sua pele estava praticamente zumbindo de ansiedade para sentir o seu toque.
Portanto, não havia nenhuma razão para que seu avô ficasse ali, apenas para vê-la fazendo papel de boba. Além disso, não o deixaria adiar os seus compromissos por causa dela.
- Não, obrigado, Mike - disse ela, dando o braço para o avô. - Eu agradeço a oferta, mas mamãe precisa de ajuda em sua creche na Flórida.
- E você não?
- Eu sempre preciso de você - disse ela, inclinando a cabeça para pousá-la em seu ombro. - Mas eu tenho de ficar só. Esta é a minha bagunça e eu vou arrumá-la. Ou afundar com ela. Uma coisa ou outra.
- Aposto em você, garota - disse ele, afagando-lhe a mão. - Agora, por que não vamos dar uma olhada nas novas plantas? Quero ter certeza de que tudo está bem antes de Tom Howard me levar ao aeroporto amanhã à tarde.
- Eu posso levá-lo, você sabe. Você não precisa que um de seus amigos o leve até lá.
- Nós já falamos a esse respeito - disse Mike com um menear de cabeça. - Tom tem de ir a Sacramento para visitar o filho. Não há nenhuma razão para você fazer a viagem. Especialmente - acrescentou com malícia - quando há tanta coisa acontecendo por aqui.
Ele estava certo, pensou Ivy enquanto caminhavam em meio às fileiras de árvores nos fundos da fazenda. Havia muita coisa acontecendo por ali. E a maior parte estava acontecendo dentro dela. Ivy não tinha certeza de que estava fazendo a coisa certa ao se envolver, ainda mais com um homem para quem ela estava mentindo. Ela só sabia que não conseguia se conter.
Fazia muito tempo que ela não era tocada. Querida. Desejada. E era bom ter as mãos de um homem sobre ela outra vez.
Mas isso também não era inteiramente verdade, disse para si mesma com firmeza. Ela não queria apenas as mãos de um homem sobre o seu corpo. Ela queria Tanner. Ela estava apaixonada por ele e também não conseguia evitar. Mesmo sabendo que acabaria se decepcionando, como se decepcionara anteriormente. Só que daquela vez, pensou ela, a dor seria ainda maior. E como poderia ser diferente, quando a sua experiência ao lado de Tanner era mais rica e mais profunda do que qualquer coisa que ela já tivesse experimentado anteriormente?
Ela olhou por cima do ombro para o telhado da casa de Tanner. Imaginou-o naquela mansão de vidro e madeira, esperando por ela.
E o corpo dela queimava de desejo.