Você estava muito ocupada tentando me enganar.
- Tudo bem, sim - admitiu ela. - Isso também. Claro. Quando Mitchell...
Seus olhos se arregalaram e ele ficou vermelho de indignação.
- Mitchell? Droga, eu não tinha pensado nisso. Claro que Mitchell estava nessa com você. Foi ele quem contratou você! Ele tinha de saber quem você realmente era.
- Não o culpe - disse ela rapidamente, desejando poder engolir as próprias palavras. Ela não tinha a intenção de incriminar o amigo e advogado de Tanner. Esta parte lhe escapara involuntariamente. - Ele pediu um encontro para falar comigo sobre as queixas que você vinha fazendo, começamos a conversar e as coisas - desamparada, ela lançou as mãos para o alto - começaram daí. Eu nem me lembro de quem foi a ideia.
- Isso é perfeito - murmurou Tanner. - Meu melhor amigo está nessa com você. Ambos mentiram para mim.
- Você não nos deu muita escolha, Tanner - retrucou Ivy, sentindo que estava começando a perder a paciência.
Ele riu.
- Então a culpa é minha?
- Não. Eu não disse isso - exclamou Ivy. - Tudo o que eu estou dizendo é que você não facilita as coisas, Tanner. Você não fala com as pessoas. Você se fecha nesta casa e...
- Você está aqui há duas semanas, Ivy. Cada maldito dia durante duas semanas. Você teve muitas chances de falar comigo. Só que não o fez.
- Eu sabia que não deveria mentir para você, mas eu não sabia mais o que fazer.
- Que tal falar comigo? Contar-me a maldita verdade?
- Ah, claro. Afinal, é sempre tão fácil conversar com você - respondeu ela, sentindo a dor da acusação recebida embora admitindo que ele não estava errado.
- Você é realmente uma figura - disse ele com a voz baixa e firme. - Você me enganou. Eu caí direitinho. Anzol, linha e chumbada. Você devia rir um bocado todas as noites quando ia para casa, não é?
- Não era assim - insistiu ela, perguntando como poderia salvar alguma coisa daquele desastre.
- Então como era? - Seus olhos se estreitaram sobre ela, e Tanner sorriu, sombrio. - Deve ter entrado em pânico quando eu apareci na fazenda.
- Sim - disse ela. - Entrei.
- Agora, pensando melhor, você pareceu mais do que surpresa ao me ver ali. Mas, devo reconhecer, você se recupera rapidamente.
A raiva e a dor brigavam dentro dela e eles estavam tão enrolados agora que ela não sabia como sair daquela confusão. A mandíbula de Tanner estava contraída, e a boca, achatada em uma linha sombria. Os olhos praticamente soltavam faíscas.
- Você me levou para um passeio - disse ele, com um lento menear de cabeça. - Apresentou-me ao proprietário da fazenda ou a quem eu pensava que era o proprietário... - Ele parou, inclinou a cabeça para um lado e esperou que ela terminasse a frase.
- Meu avô. Mike Angel.
- Certo. - Ele balançou a cabeça. - A família unida que permanece unida?
Tudo bem, ele poderia dizer o que quisesse contra ela, talvez ela merecesse até mais. Mas o avô estava fora daquilo. Mike tinha sido contra aquele plano desde o começo, e ela não ficaria ali e deixaria Tanner King insultá-lo.
- Vovô nada teve a ver com isso - disse ela. - Ele tentou me impedir.
- Mas não o fez.
- Não. - Os olhos de Tanner estavam tão escuros agora, que Ivy não conseguia ver nem mesmo a raiva que pulsava ali dentro. Ele estava se fechando, bem diante dela. Desligando-se. Deixando-a do lado de fora. E não havia nada que ela pudesse fazer para impedir isso.
Segundos se passaram, e o único som era o de Hairy batendo o rabo contra o chão como se estivesse de alguma forma tentando chamar a atenção dos dois.
- E quanto ao sexo, Ivy? - Tais palavras foram sussurradas, mas a força por trás delas era bastante evidente. - Tudo mentira, também? Você se transformou em uma mártir de sua causa?
Insultada, ela se soergueu, levantou o queixo e olhou-o diretamente nos olhos.
- Não, não era uma mentira. Nunca foi.
- E eu me vejo na obrigação de acreditar em você porque você é uma pessoa correta e honesta.
- Você deveria acreditar em mim - disse ela - porque aquela foi a noite mais linda da minha vida.
Ele inclinou a cabeça para um lado e olhou para ela como se nunca a tivesse visto antes.
- Eu não acredito em você. Acho que você fechou os olhos e ficou pensando na Inglaterra.
- O quê?
- Piada antiga - disse ele com seriedade. - E sem graça.
- E não está correta, também. - Desta vez, ela se aproximou, mas ele projetou a cabeça para trás antes que ela pudesse tocar o seu rosto.
- Tanner, eu dormi com você por uma única razão.
Ele a acuou ao encontro da bancada da cozinha, até que ela sentiu a borda gelada de granito contra a coluna vertebral.
- O que você vai me dizer agora, Ivy? A verdade? Ou mais uma mentira?
- Eu não vou mais mentir para você, Tanner.
- Certo.
Ele estava esperando, aproximando-se, tomando cada centímetro quadrado de ar respirável naquele aposento. O corpo de Ivy vibrava pela proximidade enquanto o estômago se revirava de nervosismo.
A irritação dentro dela estava se dissipando, borbulhando através da espessa camada de ressentimento que lhe revestia o estômago.
Será que ele realmente acreditava que ela dormira com ele apenas para salvar a fazenda? Será que ele a desconhecia a esse ponto? Será que fazia tão pouco dela? Sim, ela mentira, mas isso não queria dizer que ela era uma pessoa horrível. Pelo amor de Deus, eles tinham compartilhado mais do que simplesmente a cama. Eles passaram
Oqeee taah achaando ???