Incandescentes

Capítulo 26 - Que a merda comece

Existe um momento na vida que você percebe que certas atitudes precisam ser mudadas. Eu até tentei ser menos piadista e irônica quando vim para a Corporação, mas acho que piorei meu quadro. Eu posso até ter culpa no cartório, mas a Corporação não era exatamente o lugar que eu pensei que seria. O que passava pela minha cabeça é que eu treinaria até não sentir mais meus ossos, ou que o clima fosse como naqueles colégios internos super rígidos, mas não foi exatamente assim.

Mas a verdade mais verdadeira é que a Corporação só tem gente maluca e engraçada. Talvez seja um ponto á menos, já que numa guerra, nossas piadas e gracinhas não servirão para nada.

Não que eu me ache a pessoa mais engraçada do mundo, mas, modéstia á parte, se essa história não fosse narrada por mim, você provavelmente não se pegaria rindo em alguns momentos. Talvez eu não tenha me esforçado o bastante na Corporação, já que a maioria das coisas que você leu, foram sobre os meus dramas.

Mas eu sou uma pessoa comum. Já não preciso dizer que só porque brilhamos ou parecemos super-heróis que devemos salvar a pátria á todo o momento e parecermos perfeitos. Ninguém vira um super-herói da noite para o dia, principalmente a gente, meros Incandescentes que nem sabem usar a habilidade que tem.

Talvez você se pergunte onde estou neste exato momento em que você está lendo, ou até mesmo por que raios, decidi escrever sobre a minha vida. Eu gostaria de dizer que estou sentada numa poltrona confortável, tomando um cafezinho bem gostoso, ou que estou sentindo o vento bater em meu rosto nas praias de Austrália, mas não é bem isso. Eu até lhe contaria o final deste livro, mas seria um spoiler daqueles e sei que você não quer isso.

Talvez você até queira, mas o máximo que posso lhe dizer é que essa história acaba bem.

Pelo menos do ponto de vista de alguns sim.

Eu já gastei muito tempo com coisas que não eram tão importantes, mas faz parte da vida, não é?

Mas a verdade é que muitas vezes, você vai continuar gastando tempo com coisas que não importam, ou no meu caso, continuar se metendo em confusão.

Confusão que eu poderia evitar, mas eu prometi á mim mesma que seria fiel á escrever tudo o que aconteceu, mas se eu pudesse voltar no tempo...

Enfim. Vou pular a parte que surtei com a Cíntia no telefone e disse que estávamos na mesma cidade. Vou pular também a parte que eu disse que iria vê-la. Vou pular também a parte que até marquei um lugar de nos encontrarmos na cidade, pois se você pensar bem, eu não poderia sair da Corporação, já que é proibido e mesmo se eu conseguisse, quando voltasse levaria uma bronca daquelas e isso me traria consequências.

Só que eu sou muito teimosa.

Depois te ter falado com Cíntia, voltei para a Ceia de Natal. Passei o resto da noite dando risadas com meus amigos. Quando Laura conheceu Diogo, a garota já tentava jogar seu charme.

É. Tem gente que mesmo mudando, sempre terá suas mesmices.

Por falar nisso. Feliz Natal!

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Todo mundo acordou depois das onze, mas não precisávamos nos preocupar muito, era Natal e não tínhamos treinamento. A calmaria e o sossego daquele dia poderiam me trazer problemas se alguém me visse saindo, era por isso que eu precisava de ajuda.

Eu iria chamar reforços!

Fui atrás da única pessoa que eu tinha certeza que saberia como sair da Corporação e que provavelmente não me deduraria.