Capítulo 47 - O Final não é aqui

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Eu tentei não acreditar. Tentei muito. Até me belisquei para saber se aquilo estava mesmo acontecendo, mas estava e eu sabia disso. Não que eu achasse que um beliscão funcionaria, afinal de contas nunca lembramos de fazer isso quando estamos de fato sonhando.

No começo, quando Verônica começou a falar, eu estava calma. Alguns minutos depois, fiquei ligeiramente perturbada. Assim que Verônica terminou, senti que teria um treco.

- Intran... O que? – Perguntei nervosa.

Desculpe, amigo. Vamos rebobinar a fita. Vamos á parte da qual você precisa saber:

- Sente aí. – Verônica disse.

Estávamos numa sala vazia ao lado da Área Hospitalar. Havia pegado meu cobertor e estava enrolada nele, sentada numa poltrona confortável.

- Isso não tem nada com alienígenas, certo?

- Maia! – Verônica revirou os olhos.

- Uai! Vai saber. – Dei de ombros

- Vamos falar sério.

Ela cruzou os braços e mordeu os lábios. Parecia estar tentando achar coragem para começar.

- Isso mesmo. – Eu disse, bocejando. – Não está de madrugada e não estou nem um pouco curiosa para saber o que está acontecendo.

Verônica me lançou um olhar nervoso.

- Existem muitas coisas que eu mesma não sei. – Começou ela. – E é difícil saber tudo, se nossos mundos nunca estiveram juntos e sempre se mantiveram escondidos. Nós não somos os únicos. Os Incandescentes são apenas uma parte do que o mundo ainda não sabe. Não somos os únicos que tem alguma habilidade diferente. Existem outros. Os Transcendentes.

"Eles não são como nós. Nós temos um padrão. Todos nós irradiamos luz e temos olhos violeta. Eles não. Alguns podem irradiar água, mudar o clima, controlar a energia e para eles sempre foi mais fácil se esconderem. Eles não tem alguma característica física que possam entregar a identidade verdadeira, ao contrário de nós."

Enquanto Verônica dizia aquelas coisas, apesar de não ver, eu sabia muito bem que meus olhos estavam brilhando naquele momento.

- Poucas pessoas daqui sabem sobre isso. – Continuou ela. – Mas eu sou a única que tem contato direto com eles. Já estive com eles, mas poucos deles sabem sobre nós, agora que o mundo sabe da gente, eles provavelmente também sabem, mas não precisamos ter medo deles, Maia, a história deles é um pouco parecida com a nossa. Eles também vivenciaram uma guerra.

- Isso é tão... tão... Filme cara! – Vibrei. – Sério. Eu me sinto num daqueles filmes de ficção. Mas espere, o que eu tenho com isso? O que eu sou?

- Me deixe terminar, oras. – Reclamou ela.

Bufei.

- Claro.

- Eu não queria mesmo tocar nesse assunto, Maia, mas... Você sabe que seu pai...

- Não é meu pai. – Completei. – Eu sei disso, sim. E que foi ele quem me deu essa habilidade. Ele me doou isso. Continue.

- Sabendo disso. – Verônica sentou no braço da poltrona e o cabelo dela fez cócegas no meu ombro – Você não tem curiosidade nenhuma de saber quem é o seu pai biológico?

Aquela pergunta me fez estremecer. Não porque eu não queria saber quem era meu pai biológico, mas porque talvez eu precisasse saber por que meu o pai que deveria ser meu de sangue, não era. Talvez isso significasse que eu tivesse que conhecer uma história da qual talvez, não gostaria.

IncandescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora