Capítulo 20 - Kaio não gosta de vestidos amarelos

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Música: Holograms - M83

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A biblioteca era enorme e abarrotada de livros. Qualquer amante de literatura ficaria fascinado com esse lugar. Quando eu era menor, visitava a biblioteca que tinha na Praça da Liberdade com a minha mãe e também já visitei várias outras quando viajava para outros lugares. Minha mãe era fascinada por elas, mas nenhuma delas se compara á esta.

A atmosfera era bem diferente.

Era como se eu pudesse ouvir os livros falando comigo.

Era como se eu pudesse ver os pensamentos de cada livro que estava ali.

Era como se eu pudesse sentir a magia exalada das páginas de cada um deles.

Era como se eles tivessem vida.

Eu nunca fui uma pessoa que gostava de ler, mas a biblioteca era tão contagiante que tive vontade de folhear cada livro daquele lugar. Por um momento, esqueci-me do porque estava ali e apenas me deixei viajar naquele lugar esplêndido. Saí do meu devaneio e me concentrei em procurar o livro do qual eu vim buscar.

"O livro está na seção 12, prateleira nº5. O número do livro é 2314".

Cada corredor de prateleiras estava anotado com um número. A seção. Ao chegar na seção número 12, encontrei a prateleira número cinco e fui tateando os livros até encontrar o 2314.

Demorei mais do que pensei que demoraria, mas finalmente o encontrei. Ele era velho, gasto e empoeirado, como a maioria. A capa era dura e marrom e dele se lia "O livro dos Incandescentes". Cogitei a possibilidade de lê-lo ali mesmo, mas eu tinha que terminar a tarefa e voltar.

Saí da biblioteca e antes de fechar a porta, olhei para ela mais uma vez. Voltei pelo longo corredor, apaguei as luzes mesmo com medo da escuridão. Subi as escadas correndo dessa vez, fechei a porta, a tranquei e coloquei o tapete de volta no lugar. Coloquei o livro branco de volta na prateleira e peguei alguns livros aleatórios apenas para esconder o livro que eu havia pegado. Saí da sala, mas não encontrei Valentina no balcão. Aproveitei a deixa e subi ás escadas rumo á sala do diretor.

Não foi tão fácil quanto pensei. O livro sozinho já era pesado, com os outros que peguei, ficou pior ainda, mas ninguém que passava parava para ajudar.

Cadê a humanidade desse povo?

No meio do caminho apareceu um garoto pálido de cabelos castanhos, cuja uma mecha estava sempre meio caída no rosto.

- Eu te ajudo. – Disse o senhor protetor pegando alguns livros

- Não precisa. – Eu disse sorrindo.

- Então tá. – Ele soltou os livros e caíram no chão. Eu olhei para ele boquiaberta não acreditando que ele realmente estava fazendo aquilo. Qual é? Quando dizemos "não precisa" não estamos dizendo que realmente não precisa, é só uma maneira de ser educada.

- It's just a prank, bro – Ele disse rindo e abaixando para pegar os livros.

- O que? – Perguntei sem graça.

- Eu disse que é só uma brincadeira.

- Por um minuto eu pensei que estivesse falando sério.

- Eu não sou tão babaca assim

Ele me ajudou a carregar os livros até a sala do Diretor, depois se despediu e foi embora.

Bati na porta e esperei. Júlio olhou primeiramente para os livros, confuso e depois olhou para mim e tirou os óculos.

IncandescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora