Capítulo 40 - Meus dejetos podem voar torre abaixo

1.1K 151 104
                                    



A música do capítulo é Radioactive de Imagine Dragons ;)

------------------------------------


Diogo.

Estava uma manhã ensolarada naquele dia. Parecia mais um daqueles dias de verão em que, na maioria das vezes está ótimo para sair com os amigos e tomar um sorvete. Não parecia que uma guerra estava prestes a acontecer naquele dia. Era um dia muito bonito para isso.

Sempre era.

Tínhamos dado duro no dia anterior. Repassando todos os planos de batalha e ajudando a carregar outras coisas. De madrugada, Verônica contatou Júlio de que já tinham invadido o sistema. Logo de manhã, eles entrariam e libertariam os Incandescentes. Pelo menos, era o que esperávamos.

Foi estranho ver todo mundo levantando com aquelas expressões. Sabíamos o que enfrentaríamos, mas parecia que a ficha ainda não havia caído. Estávamos tentando não entrar em pânico, mas quanto mais o momento se aproximava, mais difícil era. Durante a manhã, treinamos muito até não aguentarmos mais. Nós estávamos preparados.

Mas talvez não psicologicamente.

Depois do almoço, veio o temível momento. Era hora de irmos para a posição de guerra. Não sabíamos exatamente o momento que eles chegariam, mas eles chegariam e gostaríamos de surpreendê-los. Eu fui escalado para ser um dos flecheiros que acertariam do alto. Isso porque tive ótimos resultados antes nos treinamentos.

Eu não era um deles, claro. Mas me sentia na obrigação de lutar por aquilo. Por algum motivo que não sabia explicar, era o que eu queria.

Estava aflito pelas pessoas que saíram. Tinha medo que elas não voltassem. Será que Maia e Cintia estavam bem?

- Como está o movimento aí, parceiro? – Perguntou Jorge, um dos flecheiros que estavam no terraço.

Não havia captado nada de estranho nos binóculos. Os Ceifadores não deviam estar tão longe, mas não captei sinal algum deles.

- Está tudo tranquilo por enquanto. – Respondi.

Podia observar o jardim e as pessoas lá embaixo. Algumas estavam sentadas, apenas esperando um sinal. Outras andavam por entre os lugares destruindo, provavelmente recordando momentos felizes naqueles lugares.

É como eles dizem. Você não sabe o que tem, até perder.

E havia várias coisas que perdi por isso. Pessoas...

No meio disso tudo me lembrei da minha mãe. A última vez que havia falado com ela foi por telefone antes deles nos atacarem. Ela ainda achava que eu estava no acampamento de férias. Ela tinha falado que toda a família tinha perguntado por mim, já que ela tinha passado o Natal na casa do Tio André. Eu disse que estava bem e que o acampamento estava muito divertido.

O que será que ela faria se descobrisse a verdade?

- Está tudo bem aí? – Jorge perguntou de novo.

- Está. – Disse – Nenhum sinal deles.

- Eu não estava falando deles. Você parece estar viajando na maionese.

- Não parece que isso vai mesmo acontecer. Quero dizer, há algumas semanas atrás, isso era fora da realidade.

Jorge concordou.

- Pois é. Ninguém teve muito tempo de se acostumar com a ideia, mas acho que estamos preparados.

Assenti. Jorge era bem baixinho. Era até engraçado. Ele tinha cabelos pretos e usava óculos. Ele tinha uma cara de durão.

IncandescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora