Capítulo 34 - A certeza de ser trouxa

1K 172 63
                                    


Em dezesseis anos da minha vida, existe uma coisa da qual eu tenho certeza. Certeza absoluta:

Eu sou muito trouxa.

É. Eu precisava admitir isso para mim mesma, afinal de contas, até mesmo em meio á uma guerra, eu não perco as piadas. Isso é muito errado, mas acredito ser parte de mim, e é isso que faz de mim ser quem eu sou. A única coisa ruim, é que não posso acessar o Twitter daqui. Aquela sim é a terra da zueira.

A única coisa que eu precisava fazer era continuar agindo assim quando meus pais chegassem. Eu ignoraria toda essa história e focaria apenas no mais importante.

Já eram quase onze da manhã e já havíamos treinado bastante. Estávamos dando duro e eu realmente via o quanto havíamos evoluído. Eu queria que Arthur estivesse aqui e visse o quanto progredimos. Se eu não tivesse saído... As coisas poderiam ser diferentes.

- Acho que Diogo está com problemas. – Cíntia disse me tirando de meus devaneios.

- Quem?

- Ele se recusa a tirar as lentes. – Ela disse.

Oh! Não. Só tinha um problema nisso tudo: Diogo não estava com lentes. Ele estava exatamente sem elas... Espere aí! Cíntia achava que Diogo era...

Ah! Droga.

- Onde ele se enfiou? – Perguntei desesperada. Um montinho se formava há alguns metros de nós. Nem esperei que Cíntia respondesse e fui em direção á ele.

- Qual o seu problema, cara? – Um garoto disse, encarando Diogo.

- Não sei você. – Eu disse irradiando luz em seu rosto. – Mas se não fizer o favor de abaixar o tom de voz, o próximo problema vai estar na tua cara. Mamãe não deu respeito não?

O garoto se curvou, protegendo-se da luz e outros riram. Peguei Diogo pelo braço e tentei o tirar dali, mas alguns trombadinhas nos impediram.

- Acho que esse cara não é quem diz ser. – Um moleque loiro, com voz de traveco disse. – Estou achando que isso é lero.

Meu coração gelou.

- Aposto que tu nunca namorou o tanto de garotas que diz e nem por isso seus amigos te humilham. – Provoquei. – Agora dá licença!

Ele enrubesceu o rosto e franziu os dentes.

- Júlio vai fica sabendo do seu amigo.

Diogo se soltou do meu braço e ficou frente á frente com o garoto.

- Vai sair ou está difícil? – Diogo perguntou.

- Se quiser passar, vai ter que me obrigar. – O garoto franziu o cenho.

Eu juro que vi golpes e socos, chutes e muito sangue. Talvez só na minha mente, isso não aconteceu, pois Luís chegou para separá-los.

- É melhor baixarem a bola. – Disse Luís se colocando entre os dois. – As coisas já estão feias por aqui, vão querer piorar?

Os dois se entreolharam uma última vez antes de irem para lados opostos. Eu respirei profundamente e nunca fiquei tão feliz de ter visto Luís na minha vida. Se ele não tivesse chegado á tempo, as coisas poderiam ter sido bem piores e se Eric ou alguns dos instrutores tivessem chegado antes, poderia ser uma catástrofe.

- Obrigada – Sussurrei para ele. Luís sorriu de volta.

Puxei Diogo para longe e antes que eu pudesse dar sermões ou algo assim, vi duas figuras muito familiares perto de Júlio. Eram meus pais.

IncandescentesOnde histórias criam vida. Descubra agora