Capítulo 27 - Um beijo da gorda

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A música do capítulo é Burn it Down do Linkin Park ;)

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- Droga – Sussurrei baixo.

Eric me fitou de cima á baixo, com aquele olhar que diz "Te peguei".

- Ora ora. – Ele disse arqueando uma sobrancelha. – Pega com a boca na botija. Estavam pensando o que? Que sairiam tão fácil assim?

- Uai, claro. Do jeito que tu é lerdo, não seria tão difícil. – Provoquei.

- Não provoque, Maia. – Ele rangeu os dentes. – Não estou com paciência para suas brincadeiras.

- Quem disse que eu estou brincando? – Franzi as sobrancelhas e cruzei os braços, fazendo aquela típica pose de menina rebelde.

- Vocês já estão encrencados. – Disse Eric. – Quer piorar para todo mundo?

Tudo aconteceu tão rápido que eu nem percebi. Num piscar de olhos, Henrique pegou Eric por trás e Jackie prendeu suas mãos. Antes que eu pudesse piscar, já estávamos levando Eric no ônibus.

Ai meu Deus! Eu nunca havia sequestrado alguém na minha vida... Isso foi tão legal!

- Cocadinha! – Eu disse rindo. – Parece que o jogo virou, não é mesmo? – Perguntei para Eric que estava jogado num dos últimos bancos do ônibus.

Ele se contorcia, mas não conseguia se soltar e a fita em sua boca não o deixava falar.

- Onde aprendeu a fazer esse nó? – Perguntou Túlio abismado, olhando para o nó nas cordas da mão de Eric.

- Tem algo que eu não saiba fazer? – Jackie deu uma piscadela.

- A gente está mesmo fazendo isso? – Perguntou Diogo.

- É melhor sairmos rápido, antes que apareça mais gente por aqui. – Luís disse ligando o ônibus.

O portão se abriu e o ônibus seguiu viagem. Antes do portão se fechar atrás de nós, dei uma última olhada para trás. O céu estava escuro e nublado, alguns pingos de chuva já caíam. Olhei para a Corporação e todas aquelas pessoas ao redor e me lembrei do dia em que cheguei. Parece que foi há tanto tempo.

Por algum motivo, eu tive uma sensação ruim em deixar esse lugar, mesmo temporariamente.

Henrique estava sentado num banco atrás de Eric, com sua cara de poucos amigos. Ele era exatamente como eu me lembrava. Aqueles olhos tão azuis que pareciam poder ver sua alma estavam fitando a janela.

Não. Não a janela, mas o lado de fora. Era bonito mesmo. As árvores e tudo mais.

Seu cabelo castanho claro estava sempre muito bem penteado, mas agora estava um pouco mais bagunçado, o que o deixava um pouco menos sério demais.

- Oi. – Eu disse me sentando ao seu lado.

- Oi.

- É... Então guri, porque você nos ajudou? – Perguntei

Ele olhou para mim com uma cara de deboche, como se a resposta fosse óbvia.

- Eu também quero vê-la.

É claro. Ele jamais me ajudaria em troco de nada. Principalmente ele.

- Sabe – Eu disse. – você me deixou muito preocupada quando achei que você era um Ceifador. Você sabe que eu não gosto de você, não é?

Por incrível que pareça o garoto sorriu. Não um sorriso falso, mas foi de verdade.

- Não se preocupe. O sentimento é recíproco.

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