Primeira da Classe

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Los Angeles, 1998


A noite chegava rápido, mas a menina tinha outras preocupações, pelo capacete via a estrada ficar cada vez mais escura, tudo bem, gostava de dirigir a noite.

A Moto foi a unica coisa que ficou de um relacionamento de três anos.  A unica lembrança boa. Adorava dirigir por uma estrada pouco movimentada como aquela.

Finalmente chegou ao seu destino, uma lanchonete de beira de estrada, era uma parada de caminhões. Não tinha quase nada ao redor.

Uns quatro fregueses comiam nas mesas, e havia mais um no balcão, ela entrou, não sabia quem procurar.

O homem do balcão a chamou com a mão, sem se virar, tinha mais ou menos uns cinquenta anos, os cabelos estavam começando a ficar grisalhos, ela se sentou ao lado dele, tentou falar, mas ele não lhe deu ouvidos, pediu com a mão que ficasse em silêncio.

Ele observava uma discussão no outro lado do balcão, o gerente gritava com uma mulher, em espanhol, uma garçonete.

Ela tentava se defender, mas não conseguia, o gerente não deixava ela falar.

Pelo espanhol dele, julgou que fosse Cubano, a mulher devia ser espanhola. Logo ele foi cuidar de outra coisa, e a garçonete foi até onde os dois estavam, e perguntou em inglês os pedidos.

_ Eu vou querer um café, pode trazer uma coca cola pra ela ?

_ é só ?

_ Por enquanto é, obrigado.

Ela foi pegar o café, enquanto isso, o homem derrubou o liquido de um pequeno frasco em uma nota de 20 dólares. Assim que ela voltou com os pedidos, ele pagou com a nota, e falou para que ela ficasse com o troco, a moça agradeceu, e os deixou a sós.

_ Agora podemos conversar.

_ O que você quer?

_ Dar uma oportunidade.

_ Não estou interessada. Eu quero saber o que você quer de mim.

O homem sorriu.

Alguns dias atrás, ela tomou um atalho para ir para casa depois da academia, eram becos, ela não deveria passar por ali, mas as vezes fazia esse caminho quando tinha pressa.

Nesse dia deu de cara com um assaltante, ele ficou nervoso quando ela entregou todo dinheiro que tinha, eram apenas 30 dólares.

Ele ameaçou atirar, disse que aquilo não valia o trabalho, parecia fora de si. Viu que ia morrer, reagiu, os dois brigaram e acabou matando o ladrão. 

Fugiu, leu jornais, noticiários, e nem uma palavra, apesar dela ter certeza que matou o infeliz, e já ter passado mais de uma semana.

Ontem uma fita de segurança estava em cima de seu sofá quando chegou em casa, mostrava tudo que ocorreu, havia só um bilhete, com o endereço e o horário embaixo e em cima escrito "é a unica copia e a unica prova, eu sumi com o corpo."

_ Está vendo aquela garçonete ?

A menina olhou novamente para a garçonete, ela parecia meio cambaleante, meia bêbada, estava perto deles.

_ Ela se parece com você, as duas tem aquele beleza do mediterrâneo, aquele ar espanhol, vocês duas são muito bonitas, cada uma a sua maneira.

Ade ObaOnde histórias criam vida. Descubra agora