A Nova Ade Oba

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Bia está, de olhos fechados em frente ao pequeno pote de louça, dentro da cabana de palha.

De uma vez, tudo ao seu redor escurece, mas desta vez ela sabe o que fazer.

Em instantes ela ouve a voz de seu Ori, seu Deus interno, O cristo que habita nela, o mestre interior.

O seu Orixa pessoal.

Ouve mas não vê, apenas percebe um luz na escuridão e anda até ela.

Ouve um som estranho, estranho por estar ali, neste lugar.

Ouve um latido.

No inicio fraco, depois mais forte.

Muito mais forte.

Na sua direção.

Seus olhos se enchem de lagrimas.

Ela corre e abraça Tomás, seu cachorro de quando era criança.

_ Tomás! Você está forte, você está bem! Você ficou me esperando todos esses anos?

Ele, um pequeno yorkshire lambe o rosto de Beatriz.

Ele morreu a mais de seis anos.

Ela senta no chão, ele desce e faz festa com ela.

_ Meu deus Tomas! Meu tomtom! Que saudade que eu tive de você!

Do nada ele dispara pela luz, bia vai atrás.

Está num campo enorme de flores, vales, rios, montanhas.

Tudo é claro, luminoso. 

Bia enxerga melhor lá do que enxerga aqui.

Como se onde estivesse fosse a realidade, e aqui somente um sonho.

Tomtom não para, quer que ela a siga.

Ela corre atras dele, como fazia quando era criança, no quintal de casa.

Os dois rolam pelas flores, Bia, pela primeira vez em muito, muito tempo Está feliz.

Pela primeira vez em muitos anos está feliz de novo, como era feliz quando criança.

Antes de seu pai morrer, antes de Tomtom morrer.

Antes de descobrir a dor.

Bia está em paz.

_ Olha quem você trouxe Tomtom!

Bia olha sem acreditar. Seu Pai está na sua frente!

Ele a levanta com os braços, Bia tem apenas cinco anos de novo.

_ Pai!

_ Filha! Que saudade de você filha.

Os dois se abraçam

Os três, porque Tomtom não desgruda deles.

_ Pai...

_ Vai ter tempo para tudo Bia. Suas perguntas não ficarão sem respostas.

_ Mas ela precisa vir comigo agora.

Bia olha atrás dela, uma mulher está parada.

Seu contorno é de luz, uma luz tão forte que chega a cegar Beatriz.

Ela não consegue perceber o rosto da mulher, mas sabe que a conhece.

_ Pegue minha mão Beatriz.

_ Vai filha.

_ Vocês não vem comigo pai?

_ Não filha. Ainda não. Mas eu e Tomtom vamos estar aqui, esperando você, eu prometo.

Ade ObaOnde histórias criam vida. Descubra agora