Ade Oba

Estagiaria

Henry a levou pelos corredores da casa,  parou na frente de um quarto, quando abriu, quatro mulheres a receberam.

Henry a deixou com elas.

Elas lhe tiraram a saia de palha e lhe deram um banho. Não deixaram Bia usar as mãos para nada, nem para colocar suas roupas.

A deitaram numa cama e ela dormiu, depois do banho.

Não sabe quanto tempo dormiu. Quando acordou, uma das mulheres estava sentada ao lado da cama. Ela tocou uma campainha e logo as outras vieram.

Depois soube que uma das quatro ficaria sempre de prontidão ao lado da cama, esperando que Bia acordasse. 

Estavam ali para servi-la.

Levaram Bia para um novo banho. Novamente, Bia não usou as mãos, elas a lavaram.

No final trouxeram duas roupas, Bia escolheu a mais leve. Foi levada a outro aposento e deixada só.

Havia somente uma cadeira simples, mas confortável.

Na frente estava o assentamento de seu Ori.

Se sentou e entrou em profunda meditação, tentando ao máximo entrar em contato consigo mesma e com ele, para agir com sabedoria durante o dia.

Quando decidiu sair do quarto foi levada para o corredor em que Henry a Havia deixado na noite anterior.

Henry estava lá, vestido com uma roupa negra.

_ Beatriz, eu sou o Askaari Kaahari, eu cumpro as Ordens do conselho, sou o executor tanto do bem quanto do mal que decidem. Sou seu servo Ade Oba.

Ele se ajoelhou, quando se levantou, ela se ajoelhou para ele.

Os dois seguiram sem nada dizer um ao outro pelo corredor. Pararam em uma sala grande, com várias cadeiras, mas apenas duas ocupadas.

Ocupadas pelos dois homens que a receberam quando chegou ali.

_ Eu sou o irmão Agô minha Ade Oba.

_ E eu o irmão Irwin, minha Ade Oba.

Eles a saudaram ajoelhando-se a ela, ela fez o mesmo. Eles lhe indicaram uma cadeira entre eles.

_ Segundo a vontade do seu tio e nossas leis, você será sua sucessora. Nos próximos meses, uma série de casos será trazido a esse pequeno conselho formado por nos três, e você, apenas você terá a decisão final sobre eles.

_ Se sua sabedoria se manifestar e julgarmos que for digna, receberá a iniciação pelas mãos da Grande Sacerdotisa.

_ Do contrário se tornará uma alma vagando sem rumo, ou reencarnará como um de nossos sacrifícios incontáveis vezes. Concorda com os termos?

_ Concordo.

A comida chegou. Tomaram um café da manhã simples juntos e conversaram, foram momentos agradáveis.

Logo que acabaram se deram as mãos e fizeram um pequeno ritual, uma prece por sabedoria.

Os dois começaram a expor casos para Beatriz. Logo, com a ajuda deles, ela estava decidindo sobre o futuro de centenas de pessoas.

Quando chegou meio dia passaram a outra sala, onde almoçaram.

Voltaram e decidiram por mais algumas horas sobre o destino do mundo.

Por volta das quatro horas chamaram Henry, lhe entregaram uma lista de tudo que ele deveria fazer, segundo as deliberações daquele dia.

Fizeram um pequeno lanche e foram mostrar o resto da casa.

Disseram para Bia que ela poderia passear pela casa, mas não ir para o quintal ou deixar a propriedade.

Eles mostraram a Bia, entre outros cômodos, uma enorme Biblioteca, uma sala de jogos e um grande piscina.

Aconselharam Bia a passar o resto da tarde nela, pois suas águas eram sagradas, Bia mergulharia naquelas águas mais tarde, antes ficou na biblioteca sozinha por um tempo.

A piscina era toda de mármore, sua água era corrente.

Um Rio teve parte de sua corrente desviado e passava por debaixo da casa, ele alimentava a piscina.

Quando Bia mergulhava, podia ver por uma grade na parede da piscina por onde a água entrava, e galerias subterrâneas por trás da grade.

Tudo era muito bem feito e antigo. Eles disseram que a casa tinha mais de duzentos anos, e a piscina era ainda mais velha, mas tudo era limpo e brilhante como novo.

No final do dia foi levada para o quarto, onde suas quatro servas lhe deram um banho novamente, e a puseram na cama.

Quatro dias na semana eram gastos com decisões, nos outros três, a sua "pequena irmã" lhe instruía sobre os segredos do universo.

Eram os dias que Bia mais gostava.

A menina parecia um ser sagrado, ensinou a Bia a conhecer mais de si mesma, o Universo e os deuses.

Algumas vezes iam juntas para a piscina.

Foram dias maravilhosos.

Bia estava adorando ser a Ade Oba.

Em todo esse tempo, não entrou em contato com ninguém fora dali, não podia falar com seus amigos, família, nem mesmo com sua Mãe.

Foram tempos de paz e grandes decisões.

Estava aprendendo a ser a Ade Oba.