Provas Bimestrais

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Já passavam das sete quando Valter se levanta para fumar um cigarro, era proibido fumar no local, mas a essa hora a empresa era dele, como gostava de dizer.

_ Bendito "bug do milênio".

 Adorava o silencio, a solidão do prédio. Graças ao medo do "Bug do Milênio", a virada do ano 1998 para 2000, que poderia parar os sistemas antigos de computadores, Valter ficava até tarde no trabalho quase todos os dias.

Não havia acontecido nada, ainda!

Haviam se passados 15 dias, mas com computadores nunca se sabe, ele tinha que revisar dezenas de programas, centenas de pequenos códigos para descobrir se aconteceu alguma coisa estranha que ninguém percebeu.

A fachada de vidro lhe permitia observar a rua. De onde estava, decimo andar, via as pessoas apressadas indo para suas casas.

Sabia que ainda estava longe de ir embora, mas não se importava, os computadores lhe aguardavam. 

Adorava os computadores, detestava as pessoas, a maioria delas.

Já ia voltar a sua sala ao lado do servidor, o computador central da empresa, quando seu celular tocou.

_ Alo ?

_ Valter ?

_ Sou eu, quem fala?

_ Descobrimos o desvio.

_ Quem fala ?

_ Não se mexa.

Ele olha e vê um ponto de luz vermelha em sua camisa, aparentemente vindo do prédio em frente.

_ Eu não sei do que está falando.

_ Sabe, você sabe que o seu dia chegou.

O que aconteceu a seguir foi muito rápido, Valter ouviu vidro quebrando, se jogou no chão, foi correndo para sua sala, acessou a central do prédio, queria ver as câmeras de segurança, ia parar os elevadores mas sentiu algo na nuca.

_ Levante as mãos.

Ele levantou, a pessoa atrás dele algemou as suas mãos por trás da cadeira, e o puxou para longe do teclado, depois foi andando para o micro e começou a digitar, estava armada, era uma mulher.

_ Quem é você ?

_ Meu nome é Maçã.

_ Maçã ? Isso não é um nome.

_ Claro que não Valter, eu sou uma aprendiz de assassina, não tenho direito de usar um nome. Ainda.

_ Uma aprendiz ?

_ E você é uma de minhas provas. Matar um desconhecido.

_ Você vai me matar ?

_ Vou.

_ Mas... Você não estava no outro prédio ?

_ Não, usei uma lanterna de laser refletida no prédio espelhado em frente para você pensar que estava, e quebrei um vidro para você pensar que eu tinha atirado. 

_ Por que?

_ Porque não sou tão boa com computadores quanto devia ser. Imaginei que você ia entrar no sistema de segurança do prédio. Agora posso apagar todas as gravações e vou passar com louvor no meu teste.

Ade ObaOnde histórias criam vida. Descubra agora