Rafael e Mariana

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Pela primeira vez na vida, estava completamente perdido.

Já tinha passado por muita coisa, muita.

Mas nada como aquilo.

Num instante estava no casamento da Nova Imperatrix, ia assistir a morte de Ast, o nome que a Ordem Negra deu a melhor amiga da Imperatrix.

E agora estava no meio do nada.

Rafael a conhecia por Kaka. Passou os últimos meses como seu occisor, protegendo, ajudando.

Poderiam ter fugido, essa era a vontade do Bispo Negro, a vontade da Imperatrix e até do conselho das duas Ordens, que agora eram uma só.

Mas Kaká era o problema, ela não aceitava fugir. Preferia enfrentar o destino dos traidores.

A morte.

A nova Sacerdotisa e a Imperatrix assistiam a execução, que estava acontecendo num teatro lotado, mas... 

Não conseguia lembrar o que aconteceu.

Estava ao lado de Kaka na hora de sua morte, mas não estava sozinho. Junto com eles estavam Mariana, a Princesa que se tornou a companhia de Kaká nos últimos meses de vida, O Bispo Negro, Arthur o avô de Cecilia que Kaká considerava também como avô, Marcia, a esposa da Imperatrix, Marcia que seria o Pai da Ordem Negra, e, claro, ele não podia esquecer.

O pai e a tia de Kaka.

Dois imortais.

Deveria imaginar que alguma coisa assim aconteceria.

Andava naquela densa nuvem, era como estar nas brumas, numa cerração.

Num instante, as nuvens se abriam e um lugar estranho aparecia, logo depois elas se fechavam novamente.

Alguns eram lindos, outros sombrios.

O engraçado é que ele era tentado a entrar nos sombrios, a curiosidade era muito forte.

Não sabe por quanto tempo ficou ali, vendo as nuvens se abrindo e fechando, mas ouviu o som de cavalos.

Uma charrete antiga surgiu do nada.

Ela parou do seu lado, Rafael podia ver que a charrete estava cheia de passageiros, muitos mais do que cabem em uma charrete.

Um homem saiu de dentro dela, abriu a porta e vez sinal para que ele entrasse.

O homem não tinha metade do rosto, era uma caveira, a pouca carne que tinha estava comida, parecia a Rafael que ele tinha acabado de ser desenterrado.

Era assustador.

Rafael deu dois passos para trás.

_ Você é um garoto esperto Deblim. Eu posso mas não vou obrigar você entrar. Se você fugir vou te deixar perdido aqui por décadas, te garanto que um dos mundos sombrios que você vê nas nuvens vai acabar te atraindo.

Rafael parou, a anos não escutava aquele nome, a ultima pessoa que o chamou assim foi sua mãe em seu leito de morte.

Rafael era um nome que ele tinha assumido por tanto tempo que até esqueceu que já foi Deblim um dia.

_ Não posso esperar mais Deblim. Está vendo aquele sujeito lá dentro?

Apontou para um homem com roupas da segunda guerra.

_ Ele fugiu e ficou vagando muito tempo num local que ele quer esquecer. Seja esperto.

Rafael percebe que não tem muita opção, resolve entrar na carruagem.

Ade ObaOnde histórias criam vida. Descubra agora