Ade Oba

Volta para casa

Alex dirigia enquanto Bia estava no banco de trás, quieta, abraçada com o pequeno Francisco.

Ele contava mil aventuras passadas com Marcos, falou da mulher tatuada, de como ela era legal, falou dos amigos que fez.

Bia acariava os cabelos dele com orgulho, como parecia com seu sobrinho, Otavio.

"Será que um dia vou ter um filho? Ainda vou conseguir ter uma vida normal?"

Pararam na casa de Francisco, as Mães dele o esperavam, estavam morrendo de saudades. O reencontro foi emocionante.

A mulher causadora disso tudo estava lá tambem.

Ela e o marido e as duas mães do garoto faziam "trocas de casais", o marido dela era pai de francisco.

Eram uma família, como outra qualquer.

Mas porque aquela mulher tinha se recusado a ajudar num abrigo de sem tetos toda aquela confusão começou.

Bia olhou para ela com ódio.

_ Escuta, seu marido vai voltar pra politica, a partir de agora.

_ Como vou convencer meu marido? Ele nem queria que eu procurasse vocês!

Bia fez um sinal para que ela se calasse.

_ Não me interessa como vai conseguir. Da próxima vez que falhar não vai ser o Francisco que vai pagar, vai ser você, depois as duas, e depois seu marido.

_ Vocês não podem!

_ Posso. Eu posso. Agora vocês pulam quando eu mandar. Seu marido volta pra politica e vocês vão continuar sendo a família feliz a quatro que são.

Bia parou um momento, depois disse.

_ Pelos próximos vinte anos você vai tirar uma noite na semana, toda semana, e vai ajudar num abrigo na Men de Sá. Procure a Shirley. E não converse com ninguém sobre nós.

_ Nem com essa Shirley?

_ Principalmente com ela, pelo bem de sua família.

A mulher olhou para ela sem entender. Bia tinha um olhar estranho no rosto. Era forte, decidido.

A mulher tentava falar e parava, por fim disse apenas:

_ E se eu quiser viajar com a família, se meu marido for politico nos vamos...

_ Você compensará os dias numa próxima semana, mas avise a cada falta.

A mulher consente com a cabeça e Bia já ia embora.

"Que diabos! Eu sou a Ade Oba."

Olha para ela e diz:

_ Minha filha, não quero que você pense nesse trabalho como castigo. Por causa de você três boas pessoas perderam a vida. Essa é uma das grandes oportunidades que a vida vai te dar de ajudar alguém. Eu aconselho que aproveite.

A mulher chora, Bia dá as costas e entra no carro.

_ Alex, me leva pra casa.

Deita no banco de trás e dorme, um sono sem sonhos.