Elvira

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_ Vem meu amor, vem comigo!

_ Pra onde você está me levando, minha El?

_ Está com medo? Você?

_ De você? Nunca!

Elvira puxa seu namorado pela mão, andam por uma rua residencial enquanto nuvens negras tomam o ceu. Os raios e trovões anunciam o tamanho da tempestade que se aproxima.

_ Estamos quase lá.

Não dá tempo, a tempestade cai com força, ela segura a mão dele e os dois correm.

Entram numa discreta rua sem saída e param num casarão, o ultimo da pequena rua fechada. Ela tem as chaves.

Ele fica maravilhado quando entra, são pinturas e esculturas por toda parte.

_ Que lugar é esse?

_ Não é lindo? Esse é o meu segredo, só você sabe.

_ É da sua família?

_ Não! Somos bem de vida, como a sua família mas não somos ricos. Esse lugar era de um cliente do papai. Era apaixonado por arte. Tinha orgulho de viver no meio dela, viveu assim por toda a vida.

_ E os herdeiros?

_ Ele tem só um filho que mora na Inglaterra com a mãe. Vinha ver o pai uma vez ao ano. Não teve coragem de se desfazer disso aqui.

_ E quem cuida de tudo?

_ Devia ser meu pai, ele administrava todos os bens do falecido, continua administrando pro herdeiro. O certo seria ter um guarda na porta e uma faxineira todo dia, mas meu pai só manda um cara limpar a casa de vez em quando. A ultima vez tem uns seis meses.

_ Estamos molhados.

_ Eu sei.

Ela disse tirando a roupa.

_ O que você está fazendo?

_ Você não quer ser artista? Precisa ver uma mulher nua! Vem comigo.

Ele a segue, enquanto ela, andando tira o resto da roupa.

Chegam a um atelier, tem um sofá, estilo chaise, bem antigo, ideal para pintura. Elvira se deita nele, completamente nua.

_ Vai me pintar?

_ Não tenho tintas! Tela, material!

Ela descobre um cavalete, que estava coberto com um lençol.

_ Aqui, tela e cavalete. Vai, não seja bobo.

_ E as tintas?

Ela tira um presente debaixo de uma mesa. Sem dizer uma palavra ele abre. Um estojo de tintas, o mais completo que ele já viu.

_ Minha Virazinha, minha El! Isso deve ter te custado uma fortuna!

_ Eu vendi um castiçal da biblioteca. Quem vai saber? Ninguem vem aqui mesmo! Vai, me pinta.

_ Precisamos ir pra casa!

_ Eu falei que ia dormir na casa da Laura. Ela me dá cobertura. E vamos aonde com essa tempestade? O nenenzinho tem hora pra nanar?

_ Não! Claro que não.

_ Então tira as roupas também. Vai ficar doente!

Ela recolhe as roupas dele, e as suas, leva e pendura pra secar numa área coberta da casa.

Volta e se deita no chaise. Parece uma pintura.

Ele começa a pintar, está feliz, é o melhor momento de sua vida. Tudo aconteceu depois que teve uma epifania "As melhores coisas da vida são de graça."

Ade ObaOnde histórias criam vida. Descubra agora