Sou um saco de idéias desorganizadas, empoeiradas e sem sentido que vez ou outra se encontra e externa de colisão uma conclusão poética de qualquer tema da vida. São segundos de genialidade e brilhantismo que ninguém vê, só eu. Como quando eu to de ônibus durante a noite, depois de um dia cansativo em qualquer canto que não o meu, eu vejo luzes da cidade e de carros e de olhos e eu faço tanto poema em silêncio que meu coração acelera e grita pra eu ter calma pra não sair rabiscando qualquer pedaço de folha em branco da pessoa sentada ao meu lado no banco. Eu não aprendi nada porque esses segundos de genialidade e brilhantismo são em vão e sem preço pro mercado, o capitalismo massacra com um dedinho do pé o que eu tenho de melhor. Eu não vendo mesmo produzindo mais que soja. Eu não aprendi nada desse mundo que existe da porta do meu coração pra fora, e eu sigo tentando todo dia, respira fundo, enfrenta a fila, diga olá. E quando eu encontro alguém que diz que ta tudo bem e que eu olho e vivo exatamente aquilo que nós devemos olhar e viver? É satisfação. É muito difícil alguém me convencer que eu faço certo, mas conseguiram. Ou ao menos, me convenceram que o meu errado não é tão monstruoso assim. Eu sigo numa esteira dois degraus acima das outras pessoas, isolada, num universo um pouco mais silencioso que o normal, de onde eu assisto e me deparo e me reparo pra qualquer hora voltar ao mundo dos normais outra vez. Eu não aprendi, não sei não exigir, não querer, não tapar os ouvidos pra música dos lugares ou pros olhares que duram mais de cinco segundos. Eu não aprendi a deixar pra lá o bonitinho da vida, a substituí-lo pelo vulgar. Me acham idiota, alguns poucos me acham incrível, e nenhum deles sabe que tudo o que eu quero é achar algo de mim também. Mas a única coisa que sei até então é que não posso e não quero definir o que eu posso vir a achar; não quero e não posso me diminuir pra caber numa definição sem eira nem beira de algo que pode e deve sim mudar ao longo da vida. Se você me conheceu ha algum tempo atrás, não se engane, ontem mesmo eu aprendi mais um milhão de coisas sobre mim e preciso me apresentar pra quem ousar me conhecer outra vez.
Posso?
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Quimeras Abortadas
RandomDevaneios, ilusões, pseudo-conclusões, questionamentos. Sou o que escrevo.