Se não você, quem?

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Existem inúmeros provérbios e ditados retirados dos maravilhosos clichês da sabedoria popular sobre os recomeços, mas não vai ser sobre eles que eu vou falar. Acredito que tão importante quanto saber recomeçar é saber dar continuidade. Você já parou para pensar em quantas coisas abandonou pelo caminho por algum motivo qualquer? Já pensou naqueles três pontinhos que colocou onde deveria haver uma vírgula? Há uma certa dualidade nisso tudo, sobre o que deixar partir e o que levar adiante, mas acredito que cada um sabe sobre suas interrupções e conclusões. Cada um sabe quando é preciso ir em frente, às vezes no meio disso parar para tomar um café bem forte e depois terminar a jornada, embora seja sempre mais fácil falar do que fazer. Existem momentos em que sentimentos rotulados ou sem nome são mais fortes e nos fazem estancar no meio de um passo, desistir antes da próxima curva e guardar no bolso um sonho sufocado, somente idealizado, colocado no papel ou às vezes, nem isso mas não são esses momentos que nos definem. Há tanto mais para saber, ver e viver que parar no meio caminho me parece covardia demais. Se os finais são necessários, não os prenda, deixe-os surgir; se há que continuar, então prossiga. Por favor, continue a nadar (aqui fazendo alusão à Dory)
Algumas interrupções podem ser perigosas, pois elas ficam espreitando para nos assustar quando estivermos desprevenidos, ao mesmo tempo em que não são vistas, sua presença paira no ar como nuvens carregadas prestes a se rebelar e trazer tempestades, o melhor a se fazer é acabar com elas como se fossem ervas daninhas que corrompem a beleza de um jardim tão nosso. É preciso ter coragem para dar um basta e convicção para torná-lo resistente o suficiente e é preciso vontade para continuar. Algumas portas devem ser trancadas de uma vez e suas chaves perdidas. Há passados que pertencem somente ao passado. Se puder fazer sozinho, faça, se não conseguir, peça ajuda. O importante é barrar que algumas coisas o persigam pelo resto da vida e te impeçam de viver. Outras pausas, porém, foram feitas por impulso, foram deixadas de lado por receio, insegurança ou apenas esquecidas nas voltas do tempo. Elas podem nos assombrar pedindo por seus finais, e sempre presentes na lembrança do que nunca existiu e na tristeza do não saber. Tire a poeira daquele sonho engavetado e faça-o respirar cores novamente; substitua as expectativas frustrantes por uma esperança renovada e sem amarras; desempacote seus sorrisos e leve-os para passear; reconecte-se consigo mesmo e descubra novos brilhos dentro de seus olhos; aprenda novas canções ou cante sem saber a letra; destranque as portas que te impedem de seguir e finalmente, faça aquilo que ninguém nunca parou para te ensinar, porque ninguém sabe ainda. A história de cada um é a versão de cada um de si e se você não se arriscar, me diz poderá contar a sua história?

Que a velha sabedoria dos ditos populares e de todos os clichês te ajudem a discernir os livramentos daquilo que merece uma segunda chance; que você possa enxergar as novas possibilidades e agarrar as oportunidades que surgirem pelo caminho; que nenhum sonho morra por falta de tentar; que nenhuma esperança se perca por fraquezas. Que seus novos capítulos tenham as mais variadas pontuações e menos reticências possíveis.

Quimeras AbortadasOnde histórias criam vida. Descubra agora