sexta-feira
Aprecio a arte de devanear, se não sabes do que digo, lhe explico, devanear: ato de imaginar, fantasiar, sonhar, meditar.
Pretensiosamente acho que esse dom vem fixado nos escritores, percebes? Somos todos dotados da graça dos devaneios, de sonhar de olhos abertos, de imaginar um mundo melhor (ou pior) do qual realmente estamos postos. Gosto da arte de ilusionar o que ainda não o fiz, ou o que muito provavelmente não vá ter tempo hábil ou coragem de exercer, tal como: saber lidar com as pessoas. Meu Deus, eu vivo em completa bipolaridade quando se trata dos homo sapiens, uns tão doces, de almas tão fundas, que nos permitem mergulhar em seus poços de pensamentos, outros tão rasos, daqueles que se você arriscar um breve mergulho, da de cabeça num concreto frio e doloroso. Por que? Pergunto-me, e obviamente a resposta vem de meus próprios devaneios... Penso que, cada pessoa rasa ou funda, ensina-nos a reparar a beleza das diferenças, e como amo essas nossas diferenças, banais mas notáveis. Uns gostam de fogo, outros preferem o gelo, uns beijos, outros abraços, e das preferências da vida, determinamos quem somos, quem vamos contar aos nossos filhos. Pode parecer bobo ou até pretensioso se definir, mas lembro-me bem, naquela rede social, agora morta, onde éramos obrigados a definirmos quem éramos. "Quem sou eu" muitas pessoas não sabem responder essa pergunta que nos parecem simples, mas difícil em sua complexidade, eu por exemplo que sou inconstância em forma humana, como me definir? Se hoje gosto assim, amanhã assado, depois mal passado. Engraçado pensar que nos, carnes pulsantes e indefiníveis, indecifráveis (porque por mais que você saiba me responder agora quem você é, amanhã ou depois algo em você, já terá mudado) nos, loucos, doentes e doentios... Procuramos por outros loucos (porque só isso que há) no mundo, pra que nos compreenda, e é belo dizer que "sua loucura parece um pouco com a minha" clichê, não? Mas novamente citando canções "quais são as palavras que nunca são ditas" nesse vai e vem de pensamentos, concluo por fim que, somos todos enfermeiros, dispostos a cuidar das dores do mundo, ou das dores alheias (que são tantas) e assim, as vezes sequer nos curamos, mas a esperança de cura que o outro nos traz é tão importante, diria que vital, por fim... A esperança ainda é o que nos move, embora ainda nos deixe um pouco desacostumados, desleixados, a esperança nos coloca numa zona de conforto absurda, onde acreditamos que amanhã ou o futuro será melhor do que agora. não. O agora é o melhor momento pra se fazer, pra se tomar decisões, para se levantar do sofá e encarar do lado de lá da porta, porquê da janela pode ser muito bonito, mas lá fora, o vento bate, a gente sente, o sol aquece, a chuva molha e ai, nos sentimos verdadeiramente vivos. Vejo tanta gente com carpe diem tatuado no braço e ta lá deitado no sofá, engordando o bum bum. A vida não espera, o mundo não estaciona eo tempo, cazuza tinha razão... Não para.
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Quimeras Abortadas
AcakDevaneios, ilusões, pseudo-conclusões, questionamentos. Sou o que escrevo.