Atualmente

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As vezes, eu leio e fantasio entre um rabisco e outro como seria se eu realmente pudesse escolher a minha vida. Se eu pudesse escolher a minha vida estaria absolutamente rodeada de pessoas cultas, compraria mais roupas em brechós, não maltrataria tanto meu corpo com comidas rápidas e tomaria mais água. Ah, se eu pudesse escolher, eu também leria muito mais livros e aprenderia a colocar em meu vocabulário muito mais palavras robustas e simplistas para após explicar algo difícil, ao final parecer simples e não ao contrário como fazem por aí. Queria ter muito mais plantas em casa, rega-las e pensar no quanto é importante oxigenar a alma de verdes. Poderia também acordar e tomar um banho demorado enquanto bate os primeiros raios de sol na janela do banheiro, emergir mais no que eu chamo de objetivo. O meu problema no entanto é talvez, achar que tudo isso poderia acontecer em um tempo que não esse, em uma vida que não essa e optar por rolar feeds infinitos, observando vidas que não são a minha e ver muitas vezes o que não acrescenta sequer um pouco os meus mais variados pontos de vista. É, eu tenho que admitir, tem sido difícil ler um livro com cheiro de livro, tem sido difícil viver algum momento especial sem pensar em "registra-lo" para então participar dessa gama de feeds infinitos e egos inflados. Vivemos numa funcionalidade bizarra de vida em função de "gostei" "likes" aqui e acolá. E aí, quando você realmente vai amar tanto o que faz e com quem está que o seu maior registro será viver o
momento?

Quimeras AbortadasOnde histórias criam vida. Descubra agora