Sou prolixa demais, de verdade.
Se talvez alguém não me lê, nunca saberá tudo que posso ser ou penso, de fato, não que eu seja definível pelo que escrevo mas, é como se eu não conseguisse me expressar somente sendo, dizendo, fazendo. Eu sou tão escrita, que todos os dias me leio um pouco mais e botar pra fora às vezes é inevitável, às vezes opcional. Me comunico de maneiras inúmeras como se quisesse e pudesse eternizar a minha vida com letras escritas soltas e sortidas num pedaço qualquer de papel pardo, porque papel pardo é antiquado, vintage? o que seria o vintage se não uma maneira gourmet de se entitular ou titular algo como antiquado, antigo, retrógrado. Eu sou tipo papel pardo, de vez em quando escrito por uma caneta ponta fina qualquer, de letras tremidas e pequenas, onde se borram às vezes com lágrimas que caem e se envelhecem às vezes porque as mãos estão muito ocupadas de fato fazendo algo que não seja só escrever porquê embora eu seja afeita ao encanto das letras, ainda tô por aí, levando a vida como ela me leva e vamos nós duas pra canto qualquer ou canto nenhum, ser feliz. Escrever sobre a felicidade me parece um pouco como tirar parte dela, já quando diz respeito a sentimentos pouco mais maduros e não tão instantâneos, é como tirar peso das costas, como se entender. E nós, os sapiens sapiens procuramos de tudo para nos entender dentro de nós mesmos, vê? a gente canta, dança, toca flauta, a gente trabalha por amor e por comida, a gente se apaixona, a gente faz o que nos faz, não é, meu bem?
Tô eu aqui, fazendo o que me faz que é te escrever, te escrever pra dizer que vou bem por aqui, a cabeça ainda e sempre fora do eixo, os pensamentos se chocando como pedra de granizo do céu no telhado de um vilarejo de interior, sofrido. Eu venho sendo eu, rubricada por mim, cheia de reticências para não dar fim, algumas frases inacabadas e alguns relevos de força num papel, pardo? pode ser até guardanapo, ligo não, contando que eu possa afinal, me escrever pra você.
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Quimeras Abortadas
RandomDevaneios, ilusões, pseudo-conclusões, questionamentos. Sou o que escrevo.