há um tempo atrás eu descobri que sentimentos eram diferentes de emoções e saí de fininho logo depois. a falta de explicação é proposital, porque na época eu não tinha nada pra falar a respeito. mas a vida acontece e vira e mexe eu volto para responder as perguntas que eu mesma fiz.
nós — e sempre que eu falar nós, eu estou me referindo a mim — temos o costume, incentivado pela maneira com a qual vivemos hoje em dia, de controlar as coisas, é fácil pensar assim porque viver digitalmente implica em apertar botões (por enquanto, daqui há pouco não vai precisar mais, mas vamo falar disso depois) e nada emula tão bem a sensação de controle quanto botões.
com botões a gente sabe como lidar desde muito cedo. quando uma criança hoje em dia ainda não forma palavras completas e chora porque não consegue abrir a caixa de um brinquedo, mas dedilha um tablet ou celular com destreza ouvimos frases como "olha como essa geração já nasce sabendo essas coisas". com emoções é mais ou menos assim, só que ao contrário.
vamos definir que emoção é um impulso que leva a uma ação — mais ou menos como um botão, a diferença é que impulso a gente não controla.
quando eu racionalizo uma emoção ela vira um sentimento, e é isso que é diferente para cada um de nós:
a expressão das emoções.
cada um ama de um jeito e odeia de outro, porque essas respostas estão diretamente ligadas a nossa fase de formação, na infância. e lidar com seres humanos aqui no mundo analógico implica em lidar também, gostando ou não, com as diferentes expressões de emoção.
tem regra pra isso? não, de jeito nenhum. talvez saber disso apenas te dê mais clareza de lidar com as suas próprias — as boas e as tidas como ruins. porque tem isso, também: existe um espectro grande de emoções que são ligadas ao mal. ninguém quer ser invejoso, ciumento, frustrado, então não raro suprimimos essas emoções em vez de lidar com elas, racionalizá-las, e controlar — aí sim — como nós as expressamos. (dá um google: a sombra de jung, li sobre isso hoje)
emoções não tem polo, e essa é outra coisa que não nos ensinam quando crianças. quem define se é bom ou ruim é a gente mesmo.
doido, né?
a vida acontece e às vezes eu me vejo tendo que rever isso tudo. eu surto, porque é difícil, mas depois firmo meus pés no chão e suspiro feliz sentindo que aprendi mais um pouquinho, pelo menos sobre a vida analógica, porque a digital está cada vez mais difícil pra mim. e olha que meu trabalho também é isso. é difícil mas eu amo, uma relação doida e doída também.
talvez eu nunca tenha tido muita facilidade com botões, afinal. pra mim parece tudo um painel de avião, um monte de botões que assustam.
um painel de descontrole.
quando pensar que perdeu o controle, é necessário lembrar que nunca o teve, me disseram uma vez.
ufa.
é que na época eu não tinha muito mais pra falar a respeito.
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Quimeras Abortadas
RandomDevaneios, ilusões, pseudo-conclusões, questionamentos. Sou o que escrevo.