Quimeras Abortadas

Textos desconexos que fazem sentido

Perdoa essa minha mania de querer achar defeito em tudo, de exigir demais, de sempre suspeitar. Me perdoa por não te contar tudo, por sentir tanto e tudo em silêncio. Me perdoa por só complicar as coisas pro seu lado. Perdoa essa minha mania de querer ser amada e precisar de provas o tempo todo. Você não sabe mas todos os dias sou massacrada com uma série de pensamentos diferentes e só me afasto pra pensar, pra tentar clarear a mente, me convencer de que não faz sentido continuar temendo assim. Perdoa essa minha inconstância, essa vontade de engolir o mundo e no momento seguinte querer expulsá-lo de mim. Desculpa se eu não sei lidar com tudo isso, se ainda não me acostumei com a ideia, se ainda não te mostrei tudo o que eu sonhei. Desculpa essa sensação que vive em mim de que alguma coisa sempre falta. Se o que faltava era você, porque agora que você está aqui ainda não me sinto completa? Dizem que é natural, que a gente sempre vai querer mais do que tem, sempre vai existir um buraco a ser preenchido. Eu não queria que fosse assim, queria tampar esse buraco com o que eu tenho, com o que você me deu e que é muito, mas sempre fica a sensação de falta. De que falta ritmo pra nossa letra, som pra nossa música, espaço pra nossa dança. Falta falta de ar, coração na mão. Falta ser teu abrigo na chuva, teu sorriso na dor, teu grito no silêncio. Falta a certeza que viria todos os dias. Falta desenvolvimento pra introdução da nossa história, faltam argumentos que sustentem a tese de que nos precisamos. Faltam nós que não desatem. Faltam conversas que não vêm. Faltam itens no contrato. Faltam palavras preenchendo o silêncio.
Desculpa se pareço louca, mas é que sobra muito. Desculpa por querer tanto em tão pouco tempo e por sentir como se estivéssemos a dez anos luz na frente. Desculpa meu coração que é velho mesmo novo. Desculpa toda essa falta que eu sinto de você mesmo quando você tá do meu lado. Desculpa a minha falta de talento pra iniciar uma conversa decente, sem vacilar, sem tropeçar nas palavras. Perdoa essa vontade de desistir que às vezes me vem, esse medo de te perder que tantas vezes me assombra e me imobiliza. Perdoa todo ciúme que sinto sem nunca te contar, nem deixar transparecer. Perdoa o meu orgulho e a minha timidez que ultrapassam o meu tamanho. Perdoa o meu rosto que vira, a minha mão que não se estende e o meu abraço que não dura.
Esse texto é só pra desabafar, pra colocar pra fora tudo o que hoje fez com que meu sorriso se retraísse. Não precisa ter medo, por trás de toda essa angústia existe um amor enorme, esperando pelo dia em que poderá ser livre, exposto, sem medo, sem limite. Não precisa ter medo, é como aquela música que diz que nada vai me fazer desistir do amor, que nada vai me fazer desistir de voltar todo dia pro teu calor. Escrevo agora pra me esvaziar de tudo o que não me fazia bem, limpei o que havia em mim e agora o que resta é um espaço enorme a ser preenchido com tudo o que ainda vamos viver. Porque toda vez que você me abraça eu tenho certeza que é ali que eu quero ficar. Ainda que nem sempre eu saiba o que fazer com tudo isso, ainda que sentir tudo isso seja estranho, ainda que tudo isso que é o que eu sinto por você me confunda todos os dias. Embora seja tudo isso, o tudo isso que eu sinto por você é o que me faz ser forte, recolocar o sorriso no meu rosto. Não tenha medo de mim. Por trás de tudo tem uma felicidade enorme, tão grande que chega a me assustar. Pra terminar, deixa eu só te dizer que eu não preciso usar nada, me esconder de tudo e todos. Eu não preciso me esconder delas lá fora, porque todos elas se tornaram invisíveis quando você chegou. Eu só vejo você, eu só quero você, eu só sinto tudo isso por você.