Capítulo 3

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Lauren PDV

Interior de um apartamento

Aproximadamente 12 horas antes...

Eu insistia em contar as inúmeras rachaduras do teto. Com os braços por baixo do travesseiro e uma coberta grossa para diminuir o frio, fazer absolutamente nada ainda era o melhor passatempo para quando eu não estava de vigia. E quando eu me entregava aos pensamentos, o meu orgulho ferido falava mais alto e reproduzia a imagem daquela mulher. 

Se eu ainda nutria ódio por ela ter me usado como isca para fugir? Oh, claro que sim!

A garrafa com água ainda estava cheia dentro da minha mochila do lado do meu beliche. Eu não havia tomado um gole sequer, pois sabia que se eu fizesse, estaria em dívida com ela. Ela poderia muito bem jogar na minha cara quando nos reencontrássemos – pois eu sabia que eu a encontraria um dia – que a sua água salvou minha vida.

Eu já estava fraca por causa da fome e sede quando Taylor e Chris finalmente me acharam no dia seguinte, graças ao resto de bateria que ainda existia no meu Walkie Talkie. A quantidade de mortos-vivos ao redor da camionete Chevy havia diminuído, mas não o suficiente para que eu fugisse sem nenhuma arma.

Meus irmãos rapidamente abateram os mortos e, por mais que eu estivesse feliz por ser encontrada, eu fiquei enraivecida com o fato de eles terem ido me resgatar. Eles poderiam ter morrido e isso seria culpa... dela.

- Não acredito que a filha da mãe lhe trancou em uma cabine! – a voz da minha irmã no beliche abaixo de mim me tirou dos pensamentos monótonos. 

Suspiro baixo, pelo fato de Taylor quase sempre saber que meu silêncio eminente significava devaneios.

- Eu já disse que não quero falar sobre isso! – retruco, virando-me para o lado para tentar dormir.

- Oh... alguém está com o orgulho ferido. – ela provoca. – Levou pé na bunda da sua heroína e quase morreu por causa disso... Mas, ignorando esses fatos, o orgulho ainda está remoendo.

- Cale a boca, tente dormir, Taylor! - dou um suspiro. - Seu turno começa daqui a pouco!

Os segundos passaram e eu agradeci pelo fato de ela ter desistido de me atazanar. Taylor era minha irmã, dois anos mais nova, e Christopher, um ano mais novo que eu. Por mais que eu fosse a primogênita era Chris quem tomava conta de todos nós – tanto de mim e Taylor, quanto do nosso grupo. O corpo atlético fazia com que ele transparecesse a imagem de um homem de 20 e poucos anos e não apenas de um adolescente com 18.

Viro-me na cama e vejo-o sentado perto da janela do quarto, com os olhos sempre atentos na escuridão lá fora. Pode-se dizer que está no sangue dos Jauregui estarem no poder. Meu pai e minha mãe eram donos de uma grande corretora de imóveis antes de tudo acontecer. Chris era o segundo na fila de irmãos a pegar a liderança ao se formar – porque eu sempre neguei a vontade de meu pai, que queria eu fosse a dona daquilo tudo.

Faço um atrito com minhas mãos na tentativa de diminuir o frio em meus dedos. Por mais que eu amasse os finais de ano este, em particular, estava mais gelado que o normal. A Flórida nunca foi um estado frio. Mas, talvez fosse a Mãe Natureza nos castigando de todos os jeitos possíveis, o que era bem cômico: morra por ser mordido por um andarilho ou morra de frio.

Como eu desejava que aquela pequena casa que estávamos possuísse um aquecedor. Encontramos dentro dela apenas algumas comidas enlatadas e resto de cereais, o que foi de bom grado já que não comíamos há quase dois dias.

Into The DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora