Capítulo 5

30.2K 2.8K 4.6K
                                    



Lauren PDV

Sabe... eles dizem que quando você está prestes a morrer você vê a sua vida passar na frente dos seus olhos, certo? Bem... eu posso afirmar que isso é uma porra de uma mentira!

Como uma pessoa poderia ver sua vida passar na frente de seus olhos em milésimos de segundos?

Não, você não vê a sua infância, você não vê seus pais, você nem vê a pessoa que ama. Seu cérebro nem sequer processa essa informação até que seja tarde demais. E o tarde demais significa que você já está morta.

Eu ainda pisava no acelerador para sair das ruas de Miami. As rodas do Nissan há poucos minutos ainda derrapavam no sangue negro da horda. Não sabíamos ao certo para onde íamos, porque eu apenas seguia o carro do meu irmão à frente.

Ainda segurando o volante, com a mão livre massageio minha omoplata esquerda onde aquele filho da puta havia me mordido. A dor física era grande, mas não superava a minha dor emocional. A dor que agora estava equiparada ao medo de perder minha família.

Olho para o lado e vejo Camila me encarando com os olhos marejados.

"Por que ela estava chorando? Ela deveria estar feliz por sua irmã estar sã e salva no banco de trás." 

- Lauren... – o chiado da voz de Christopher quebrou o silêncio do carro.

Camila respirou fundo, se recompondo, e me entregou o Walkie Talkie e minha arma.

- Estou aqui... – respondo, apertando o botão. – Todos estão bem aí? Alguém foi mordido ou arranhado?

- Não. Estamos todos inteiros. A mulher loira parece estar pálida por perder sangue, mas acho que ela vai ficar bem. E aí? – ele questionou. – Estão todos bem?

- Sim. – respondo, olhando ao redor. Camila me olhava novamente, franzindo o cenho. – Para onde vamos?

- Precisamos nos distanciar da cidade e achar um local. Camila, você está aí? – meu irmão a chamou. 

Segurando o volante com uma mão, eu aperto o botão para a mulher responder.

- Sim. Estou... – ela diz, com um pigarreio para que sua voz ficasse um pouco mais firme.

- Você está de acordo com isso? – Chris perguntou. – Podemos deixar vocês onde quiserem!

A morena olha para trás e vê que a irmã ainda chorava abraçada ao homem. Austin estava pálido de medo e eu, por breves segundos, quis rir daquilo. Até parecia que tinha sido ele quem havia sido mordido.

Olho para o banco de trás através do retrovisor. Dinah me encarava como se eu fosse um monstro enquanto sua mão descansava em seu machado. Às vezes ela revirava os olhos quando os resmungos de Normani ao seu lado ficavam mais altos que meros sussurros.

Se caso as duas um dia vivessem juntas... seriam um grande problema.

Regina estava abraçada à irmã como um bebê coala. Dinah, com a mão livre, alisava seus cabelos um pouco arrepiados e colocava uma sequência lenta de beijos em sua testa.

É cliché dizer, mas é a mais pura verdade: você só dá valor às pessoas quando está prestes a perdê-las. E perder pessoas é tudo o que significava o mundo atualmente. Claro que os bens materiais agora são muito mais que valiosos, eles são, na verdade, motivos de morte. Mas, se você ainda não se transformou em um assassino psicótico ou um morto ambulante, provavelmente seu grande objetivo é manter as pessoas que ama por perto e procurar sobreviver em meio ao terror que era a Terra.

Into The DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora