Capítulo 11

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CAMILA PDV


- Olhe só... – a voz de Lauren se fez presente no cômodo.

Eu estava em pé diante um grande espelho observando os arranhões no meu rosto e o corte em meu lábio. A pequena perfuração em meu pescoço sangrava um pouco, por isso eu pressionava o local um pedaço de pano.

As laterais do espelho tinham detalhes verniz e o vidro alguns acúmulos de sujeira ali ou aqui, mas ainda assim meu reflexo e o de Lauren eram visíveis.

- A casa tem energia elétrica... – ela comenta, ligando o interruptor de energia para cima e a luz se fez presente clareando o lugar. – Deve ser uma daquelas com painéis fotovoltaicos solares. A água provavelmente deve vir da chuva. Quer dizer... água quente em abundância pra gente...

- Você o matou, não foi? – a pergunta saiu por meus lábios antes mesmo que eu percebesse.

Lauren fica então estática na porta do quarto.

Era um cômodo grande, uma cama de casal de lençóis roxos, eletrodomésticos bonitos, móveis bem feitos e com aparência cara enfeitavam o local. As paredes tinham um tom branco que com o tempo estava se tornando um pouco encardido. Havia três portas: a que dava para o corredor do segundo andar, outra que ia para um banheiro com uma Jacuzzi em seu centro e a última que terminava em uma varanda.

Seu reflexo ainda me encarava da porta e nós duas pingávamos por causa da chuva.

- Ele iria me matar se eu não fizesse isso, Camila. – sua voz tão tranquila que quase se tornou ameaçador.

- Você já tinha matado antes? – atrevo-me.

- Mas é claro que não! – ela balançou a cabeça negativamente, atordoada com a pergunta. – Eu fiz isso para sobreviver! – a jovem tenta se justificar, dando um passo à frente. Mas eu viro mais rápido e com um sinal com minha mão direita peço que ela fique onde estava.

Ela parou.

- Você está com medo de mim? – perguntou, incrédula.

- Você pretende fazer isso novamente? – eu engulo o bolo de choro na minha garganta.

Lauren inspira fundo como se questionasse a própria voz interna. Ela hesitou enquanto me estudava com suas órbitas verdes.

- E você não faria? – ela tomba a cabeça um pouco para o lado. – Você não mataria para proteger Sofia? Regina? Dinah?!

- Elas não estavam aqui agora, Lauren! – eu retruco, não deixando que ela fizesse aquele joguinho com a minha consciência. – Não venha tentar se justificar pelo que fez!

- Me justificar? – Lauren franze o cenho e eu vejo uma pitada de irritação na fala. – Eu preciso me justificar por querer proteger as pessoas que amo? E esses idiotas nos seguissem até a casa de campo, huh? Como eu viveria sabendo que eles mataram meu irmão, minha irmã, qualquer um do meu grupo, só porque eu não tive coragem de acabar com isso quando tive a oportunidade?

Eu fico em silêncio por alguns segundos pensando em suas palavras. Ela tinha razão.

- E você não sente remorso?

- Você está perguntando se eu gostei de ter sangue em minhas mãos? – ela não acreditava no que ouvia. – É claro que não, Camila! Eu espero nunca mais ter que fazer isso, mas se for necessário, eu vou fazer! Sabe porquê? Porque eu estou cansada de perder pessoas que eu amo!

Into The DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora