Inocente.

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Liam

Um dia eu ainda perdoo esse velho do meu sogro. Sempre considerei ele e tratei sua família com total respeito e dedicação à sua filha pra ele me retribuir assim? Se ele não gostava e nem confiava em mim por que me chamou pra cuidar da Manu? Mentindo sobre mim na cara dura para um delegado, achei o fim da picada. Mas tenho que agradecer por ele ter uma filha tão linda que por sorte não é igual a ele. Manu é doce igual sua mãe e a beleza também puxou a ela, os olhos verdes e o corpo que amo muito.

Uma semana dentro dessa cadeia fedida com mais três caras nojentos que cospem a todo instante, uma cama dura, comendo o resto de comida que eles servem, as vezes sairmos pra tomar sol com aquele bando de marmanjos. Esse lugar é pior que eu imaginei e eu nunca me imaginei num desses por causa daquele desgraçado. Aqui realmente não é meu lugar, eu queria estar cuidando da minha morena ou com minha mãe em casa, como será que elas estão? Ainda não tivemos a oportunidade de nós ver. Queria estar estudando, fazendo meus trabalhos difíceis da faculdade. Pensando no futuro, mas aqui dentro não tem como pensar no futuro... Uma semana sem minha morena é demais, ela estava tão tristinha no último que nos vimos na sala do delegado, só queria abraçá-la e consolar minha pequena, mas com as mãos presas para trás não podia nem coçar a cabeça. Ninguém sabe o tamanho da saudade que estou sentindo e minha mãe e de Manu e eu nem sei se vou poder matar essa saudade da minha morena.

Hoje é o dia do julgamento e eu do fundo do coração, espero que dê tudo certo. Mas Deus é comigo. Tenho esperanças de poder ver e beijar minha princesa. Eu devo estar feio, acabado, esse cabelo desarrumado, barba crescendo e esse uniforme cinza ridículo, provavelmente fedido por tomar banho de dois minutos naquele chuveiro frio e sem sabonete. Eu juro, juro do fundo do meu coração que farei Antonio pagar por tudo o que estou passando de uma forma ou de outra.

Dois policiais me levam para uma sala, eles não desgrudam de mim, como se eu fosse fugir algemado e nesse estado. Me empurram e eu me sento vendo minha mãe, Camila e um homem que acredito ser um advogado sentados do lado esquerdo da mesa, Antônio, Soraia e Manu sentados no outro lado de frente para Cami e minha mãe e eu na ponta da mesa enorme de madeira e na outra ponta o juiz.

- Vamos começar... - O juiz começou a falar tudo formalmente e eu não prestei atenção nele.

Prestei minha total atenção em Manu que estava pálida e magra com carinha de cansada. Será que estão cuidando bem dela? Não quero continuar vendo-a assim. Captei aqueles olhos esverdeados quando nossos olhares se encontraram. Seu corpo se enrijeceu e percebi que estava arrepiada sob meu olhar.

- Por favor, senhora Ana, fala um pouco das características de seu filho. Se ele fica agressivo com sa drogas... - O juiz pediu a minha mãe.

- Confesso que eu não sabia que ele usava, mas desconfiava de que ele fazia algo de errado. Ele nunca foi um garoto agressivo, apenas teve uma época em sua adolescência que ele arrumava briga com todos os amigos de classe, mas foi apenas uma fase. Ele é um bom filho, faz faculdade e até começou a trabalhar na casa desse senhor pra poder pagar a faculdade. É sempre carinhoso e cuidadoso. Eu tenho todas minhas duvidas intactas de que meu filho seria capaz de todas essas acusações. - Minha mãe falou sem gaguejar e vi o senhor Antônio engolir em seco.

- Camila Thompson? Por favor, você como ex-namorada de Liam, me diz o que tem a dizer sobre ele. - O juiz disse e Manu olhou torto para Camila e sabia que minha princesa estava com ciúmes.

Foram exatas uma horas e trinta minutos de julgamento, me defendi, Manu me defendeu, até dona Soraia me defendeu e o advogado. Antônio estava roendo as unhas e bem pensativo, as vezes me olhava mortalmente. Mas o que eu fiz pra esse cara? Que porra!

- ... Julgamento encerrado! O senhor Liam Brachmann sai ileso e não precisará pagar sentença por ser acusado de calúnias pelo senhor Antônio Appratto que culpou-o de ser estuprador e pedofilo, sendo assim, que nada indica a ação do ato, tornando-o INOCENTE. - Eu fechei os olhos agradecendo a Deus, mas logo abri. - Antônio não permitiu em momento algum o envolvimento e relacionamento de sua filha com o senhor Liam e não permitirá enquanto ela morar debaixo de seu teto. Que fique bem claro para vocês ... - O juiz nos alertou de mais algumas coisas.

Resumindo, eu sou inocente, eu e Manuella estamos proibidos de namorar.

Soltaram minhas mãos, fui até minha mãe, a abracei apertado e abracei Cami, agradecendo e cumprimentei o advogado pedindo obrigado e acenei com a cabeça educadamente para o juiz. Quando ia falar com Manu seu pai começou a empurrá-la para fora da sala com pressa. Ela só me olhou tristemente e abatida e eles saíram. Eu não sei. Não sei o que vai acontecer agora. Eu não quero mais ficar longe de Manuella, mas não somos permitidos a namorar. Passei a mão entre os cabelos, preocupado. Fui pra casa, tomei um banho demorado, fiz a barba, passei um pente no cabelo, escovei os dentes, me vesti, sai do banheiro e minha mãe estava sentada na minha cama.

- Eu vou explicar, mãe... - Me sentei.

- Começa. -

- ... As drogas eu iniciei a usar faz um ano, mas não é nada muito constante e desde que terminei com Cami, só usei umas três vezes na madrugada o que antes eu usava toda semana. Eu vou parar e focar na minha faculdade e procurar um bom emprego pra poder paga-la. - Falei, cansado e suspirando.

- Isso! Sabe, filho, você é um homem bom com a cabeça no lugar, apesar de fazer coisas erradas, tem consciência do que isso pode levar, mas faz por rebeldia e isso pode te prejudicar. Você terá um futuro espetacular e essas pessoas só falam e fazem essas coisas para te fazer desistir e te colocar para baixo. Viu como Deus é justo? Se você não fosse inocente nessa estória, dificilmente iria conseguir montar sua empresa futuramente por causa da passagem pela polícia. E sabe o que eu acho? Que você devia relevar o que aquele velho fez e não guardar rancor, o futuro que se vingará dele por você. - Minha mãe me aconselhou carinhosa. - E em questão a Manu, talvez ela não é a pessoa certa para você, mas se for o destino juntará vocês novamente. Guarde isso que estou te falando. -

- Obrigado, mãe. Acho que isso é o que eu precisava ouvir. - A abracei e sorri brevemente.

- Eu conheço o filho que tenho e vou sempre vou saber como ele está emocionalmente e fazer de tudo para confortá-lo. - Beijou minha cabeça.

Conversamos sobre a Manu. Ela zombou de mim. Ficamos na sala assistindo alguma novela que ela quis e depois assistimos o jogo de futebol do meu time tentando esquecer por nem que seja um segundo aquele olhar sem brilho me olhando. Uma coisa que nunca vou esquecer, são as coisas boas que passamos nesses dois meses que nos relacionamos, desde que ela tinha implicância comigo até último olhar.

Prometidos. (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora