52 - Acorda!!!

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Mabel On...

Está escuro ainda, o sol não nasceu, as luzes dos postes estão ligadas, o relógio do criado mudo parece ter acabado a bateria, porque os minutos não mudam.

O som da porta sendo aberta me assusta, mas não tem ninguém aqui, eu estou sozinha. A janela está fechada mas as cortinas estão se movendo. Tem algo de errado aqui.

Fecho meus olhos com força e conto até dez enquanto respiro fundo. Abro meus olhos devagar vendo ela encostada na minha mesa onde fica meus desenhos e fotos. Ela está com um batom vermelho forte e com um cigarro entre os dedos. Ela me olha atentamente.

-Olá, Mabel. - ela solta a fumaça no ar.

-O que você está fazendo aqui? Você está morta. - digo me sentando na cama a olhando com medo.

-Na vida real eu estou morta, mas nos seus pesadelos eu estou bem viva. - a sua voz é sombria. - Charlie Joseph? A menina órfã de mãe, com um irmão drogado e um pai que trabalha de mais e não pode dar atenção pros próprios filho. - Abigail diz passando os dedos longos com as unhas avermelhadas pelo o quadro que eu havia feito mais cedo. - Acho interessante essa sua fascinação por ela.

-O que você está falando? Como você sabe essas coisas sobre ela? - ela se aproxima de mim, apagando o seu cigarro no criado mudo.

-Você muito bem o que eu estou falando. Eu sei de tudo porque eu sou uma parte de você. Eu estou na sua mente, Mabel. - fecho os olhos com força novamente repetindo várias vezes...

-Acorda, Mabel. É só um pesadelo. Acorda!!! Acorda!!! - sinto as lágrimas caírem pelo meu rosto.

-Não vai funcionar. Pode tentar acordar, você não vai conseguir. - ela diz. Sua voz é repetitiva. Ela não sai da minha mente.

Tento desesperadamente acordar, mas parece impossível. Tento chamar meus pais, grito por eles mas eles não me escutam. Me sinto muda. Minha voz não saí mais. Tento sair disso, mas não consigo.

De repente tudo fica em silêncio, a voz de Abigail não existe mais, abro meus olhos e vejo o relógio funcionando normalmente, mas o cheiro de cigarro parece ainda estar aqui, mas não há nem sinal dele no criado mudo. Papai Mike aparece em minha frente desesperado.

-Filha, você está bem? - balanço a cabeça afirmando que sim. - Tudo bem. Foi apenas um pesadelo. - ele me abraça firmemente, sussurrando palavras doces, mas ele parece estar desaparecendo. O relógio começa a derreter, as luzes dos postes piscam, meus desenhos voam pelo quarto, as paredes perdem a cor, o chão se abre revelando uma imensidão negra, um poço sem fundo.

Sinto o chão me me engolir por completo, estou em queda livre com um grito silencioso em minha boca. Fecho os olhos com força novamente, mas agora é diferente. Eu os abro vendo o dia claro, não tem cheiro de cigarro no quarto, as paredes e os desenhos estão normais. Está tudo bem agora. O relógio funcionando corretamente.

Me levanto e troco de roupa, coloco um jeans preto e uma camiseta do The XX junto de uma camisa xadrez vermelha. Calço meu all star branco e prendo meus cabelos em um rabo de cavalo. Saio do quarto e vou até o banheiro fazer minha higiene.

Me olho no espelho com atenção. Estou com marcas vermelhas no pescoço e nos braços, parecem arranhões. Molho meu rosto várias vezes passando as mãos sobre ele. Essas marcas não são reais. Eu sou real, elas não. Estou em desespero. Papai Luke abre a porta do banheiro me assustando.

-Filha, você tá bem? - ele pergunta me olhando desconfiado. - Você está falando sozinha.

-Papai! - o abraço com força. Ele continua me olhando desconfiado. - Isso é real? Essa marcas são reais?

Her Teacher (Muke Clemmings)Onde histórias criam vida. Descubra agora