57 - Anjo...

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Mabel On...

Quando sai do carro e caminho até a entrada de casa, bato na porta espero que um dos meus pais abra a porta para eu entrar.

Papai Mike abre a porta com o rosto meio avermelhado e com os olhos mais vermelhos ainda.

-Bel, como foi lá na Charlie? - ele me pergunta enquanto passo por ele.

-Foi tranquilo. - digo indo para a cozinha e encontrando papai Luke da mesma forma que o papai Mike. - Vocês estão chorando?

-Não é nada, querida. - papai Luke diz fingindo um sorriso. - Foi só uma pequena discussão.

-Que estranho, vocês não costumam discutir. - falo pegando uma garrafa de água na geladeira.

-Não costumamos, mas as vezes acontece, né? - ele completa.

-Qual foi o motivo da discussão? - pergunto me sentando num dos bancos da bancada.

-É coisa nossa, Bel. - Papai Mike diz e eu dou de ombros.

-Eu só to querendo ajudar vocês. - bebo mais um pouco da água.

-Estávamos discutindo por causa do meu trabalho. - papai Mike fala suspirando. - Seu avó está aumentando a minha carga de trabalho, eu tenho que ficar mais tempo na empresa e seu pai não gostou disso. Por isso discutimos.

-Mas ele está certo. O senhor já passa a manhã e a tarde trabalhando, só nos vemos a noite e de manhã quando você nos leva pra escola. - falo séria. - O vovô está sempre te dando trabalho a mais, fica te mandando fazer de tudo na empresa. Ele não pode fazer isso.

-Foi exatamente o que eu disse. - papai Luke fala encostado na bancada ao meu lado. - Seu pai está te pondo pra fazer coisas que não são da sua area, Michael. Por que ele não manda o Tony fazer essas coisas? Tem que ser logo você, sempre.

-O Tony é do marketing. Ele não tem capacidade de fazer as outras tarefas. - o papai fala passando as mãos pelos próprios cabelos.

-E você é da administração, não do RH, da direção geral e de qualquer outra merda que tenha nessa empresa. - os dois voltam a discutir.

-Você não entende que se eu não fizer o que o meu pai mandar eu vou ser demitido? Luke, nem tudo é da porra do jeito que você quer. - ele grita.

-Mas você gosta de ser escravo do seu pai nessa empresa? Não, né. - suspiro alto logo me levantando.

-Papai, todo mundo sabe que você odeia aquela empresa e que só trabalha lá porque ganha um salário maravilhoso. Então, fala pro vovô que o senhor vai ficar só na administração da empresa. É a coisa mais fácil. - digo e ele me olha sério. - Não me olha assim. E para de falar palavrão se não quer que eu repita depois. Eu tenho 10 anos. Não sou obrigada a ficar ouvindo essas coisas.

-Mabel, não é simples assim. - ele fala me olhando.

-É sim. É só o senhor ter coragem de falar pra ele. Do mesmo jeito que teve coragem de falar que tava namorando o papai. - falo saindo da cozinha indo pro meu quarto.

Fecho a porta e ligo o meu rádio colocando um CD para tocar com a música alta para eu poder pintar tranquilamente.

Amarro uma bandana em minha cabeça para segurar a franja e pego meu material de pintura fazendo um o desenho na tela antes de começar a pintar.

Sinto meu corpo ficar leve, minha mente fica vazia por alguns instantes, fecho meus olhos sentindo a música me envolver. Hometown do Twenty One Pilots fica maravilhosa quando tocada no piano. Penso nisso enquanto canto junto do som que saí das caixas de som do meu rádio.

Preparo as tintas para começar a pintar a tela. Começo pintando o fundo de preto e fazendo um contorno perfeito em volta do anjo que desenhei.

Luke On...

Michael caminha de um lado para o outro na cozinha enquanto eu apenas o observo. Nenhum de nós dois abre a boca para falar desde que Mabel saio da cozinha.

Ele suspira passando as mãos pelo o rosto e cabelos descoloridos os bagunçando mais ainda.

-Me desculpa. Eu não queria isso. Me desculpa, Luke. - ele caminha até mim me abraçando. Não reajo. - Sério, Lu. Me perdoa. Não queria ter causado isso. Sabe que eu odeio discutir com você.

-Mike... - tento falar, mas ele me atrapalha.

-Me perdoa, meu amor. Não quero mais discutir. Por favor.

-Mike, me escuta. - tento mais uma vez.

-Por favor, Luke. Eu te amo muito. Não vamos mais discutir. - ele continua.

-Michael, me escuta pelo menos uma vez. - ele fica em silencio com lágrimas escorrendo pelo seu belo rosto. - Eu também te amo. Mas você sabe o que tem que fazer. A gente discutiu porque eu te dei uma alternativa para sua situação no trabalho. Só por isso.

-E eu não quis ouvir por ter medo. - ele me corta mais uma vez e eu o olho sério.

-Posso continuar? - ele assente. - Por isso mesmo nós discutimos. Acabamos envolvendo a Bel, e o que ela disse?

-Que era pra eu ter coragem e falar com o meu pai que eu vou seguir na minha area. - assinto com a cabeça.

-Exatamente. Foi a mesma coisa que eu te falei. - suspiro e o abraço. - Eu te desculpo, mas vamos evitar disso acontecer mais uma vez. Sabe que eu te amo muito e que eu também odeio brigar com você.

Ele sela meus lábios em um selinho demorado sorrindo de leve depois.

-Vou ligar pro meu pai e falar com ele. - ele diz saindo da cozinha para fazer a ligação.

Começo a preparar o jantar com calma já que são 19 horas.

Mike continua no telefone falando com seu pai, e ele parece desesperado passando uma das mãos nos cabelos o tempo todo e suspirando. Fico com pena dele, mas ele precisa fazer isso. Ele tem de enfrentar o pai dele.

Ele tem todo o direito de recusar as propostas que seu pai faz, até porque seu pai já fez tantas coisas ruins para ele. Desde quase desligar os aparelhos que o preservava vivo depois do ataque de Abigail até o rejeitar várias vezes por ser homossexual.

Clifford volta para cozinha com um pequeno sorriso no rosto jogando seu celular sobre a mesa.

-Ele aceitou o que eu disse. - Michael fala me abraçando.

-O quê? - sorrio o abraçando de volta. - Isso é maravilhoso.

-Ele disse não esperava isso de mim, mas que ia aceitar porque eu já estava fazendo coisas de mais na empresa. - ele fala animado, me beijando em seguida.

-E precisou a gente brigar pra isso acontecer. - rio voltando a beija-lo.

-Não vai mais precisar. Fica tranquilo. - ele me beija mais uma vez.

Após terminarmos de fazer o jantar, vou até o quarto de Mabel a chamar para jantar. A sua porta está fechada e a música está alta de mais. Bato na porta chamando seu nome, mas ela não responde. Bato mais uma vez e nenhuma resposta.

-Mabel, vem jantar filha. - quando levanto minha mão para bater mais uma vez, a porta se abre e é possível ver Mabel com o rosto e as mãos repletos de tinta.

-Oi? - ela murmura me olhando.

-Eu estava te chamando para jantar. - digo olhando para trás da menina vendo seu novo quadro. - Um anjo? - ela assente. - Ficou maravilhoso.

-Ainda não está pronto. Tenho que fazer o sombreado das asas e pintar o cabelo dele. - ela comenta passando por mim e indo até o banheiro lavar suas mãos. - Como eu consigo me sujar tanto com tinta? Meu Deus, eu estou terrível.

-Terrível está o seu quarto, cheio de papeis jogados no chão e tinta derramada no piso. - falo desligando seu rádio e seguindo para a cozinha.


CONTINUA?

Her Teacher (Muke Clemmings)Onde histórias criam vida. Descubra agora