CAPÍTULO 57

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Tempos depois...

Encosto minha moto no meio fio estacionando a mesma em frente a minha casa, faço toque com alguns soldados que faziam a guarda e adentro em casa. Sinto algo entrelaçar minhas pernas, abaixo o olhar dando de cara com aquele par de olhos castanhos mel me encarando com aquele sorriso inocente e sapeca nos lábios.

- pa.. pa, papa!

Peguei aquele ser pequeno no colo jogando a mesma pra cima fazendo ela dar altas gargalhadas mostrando sua boca banguela.

- Felipe!! Ela acabou de comer, se continuar com essas brincadeiras ela vai acabar passando mal. Me dar ela aqui que vou dar um banho nela.

Como sempre a dona neurose.

- Ih não me enche não em Priscila, tu tá muito chatinha esses dias. De qual é? Tpm?

Não esqueci tudo na qual vivi nos meses passados até porque foram os piores momentos da minha vida e foi por essa dona neurose ai mesmo que que criei forças pra sobreviver e cuidar da minha filha. Porque tudo que eu almejava era apenas a minha própria morte. Eu tava tentando melhorar mas tinha dia que ela não ajudava.

- Vem minha princesa! - Ela tenta pegar Katharine do meus braços mas a mesma começa a chorar gritando por mim, abro um sorriso vitorioso e ela fecha a cara subindo pro quarto.

Desvio meu olhar dela e volto toda minha atenção para a Katharine, ela brincava com seus dedos na boca o que deixava ela toda babada. Concerto a mesma em meu colo e vou até a cozinha pegando alguns biscoitos pondo no prato da mocinha, levo ela pro cômodo de cima, no seu quarto, e a coloco dentro do cercadinho. Entrego seu pratinho com biscoitos e vou ligar a televisão colocando em um dos desenhos favoritos, logo toda a sua atenção está voltada pra aquele desenho chato. Fico ali parado por alguns segundos a admirando e imaginando o quanto minha vida havia mudado.

Deixo ela se babando toda enquanto come seu biscoito e assiste seu desenho chato, e vou pro meu quarto tomar um banho. Entro no quarto e vejo a dona neurose passando as roupinhas de Katharine me aproximo da mesma por trás e despejo um beijo em seu pescoço.

- Nem encosta. - Ela se pronuncia saindo de perto de mim.

- Ih, de qual foi mesmo porra? - Já tava sem paciência pra Priscila já.

- De qual foi? Chega em casa querendo dar uma de bom pai mas a noite inteirinha passa no seus bailes rodeado de piranha né? Em quanto sua filha chora de dor de dente, pra as puta que tu pega esquece até que tem filha. - Seus olhos mostravam a raiva que ela sentia.

- Tá viajando Priscila que piranha o que, tu tá ligada que lá é minha obrigação então nem vem de caô. Porque não me ligou?

- Tua obrigação? Você faz dessa merda a sua prioridade. Eu te liguei não foi nem uma nem duas vezes, mas talvez estivesse ocupado demais na tua " obrigação" que não pudesse atender as necessidades de sua filha.- Ela cospe todas aquelas palavras em minha cara e empurra meu peito.

- Minha paciência contigo já tá se esgotando jaé?- Seguro em seu pulso forte a fazendo parar. - Não vem cobrar nada não, que tu já me conheceu assim. E se tu quisesse mesmo mandava um dos moleques ir me chamar.

- Te conheci assim e te aceitei, mas agora não sou mais eu e sim ela. Ela infelizmente ainda precisa de você como pai. Quer voltar pra tua vida, te dou total carta branca pra isso, mas me avisa porque não vou fazer novamente papel de trouxa.

Respiro fundo e deixo ela ali falando sozinha, e vou tomar um banho. Minha mente tava a milhão, suas palavras massacravam minha mente a cada segundo e a culpa vinha a tona tomando conta de mim novamente. Finalizo meu banho, volto pro quarto e a Priscila não estava mas lá, visto uma roupa e me dirigi até o quarto da Katharine que também não estava mais lá com certeza estava com a mãe.

Desço pra comer e as encontro na cozinha. Coloco minha comida e nenhuma palavra entre nós é trocada, ela termina de dar o almoço de Katharine, lava toda a louça e se retirar sem se quer olhar para mim um segundo.

Término meu almoço, lavo o que sujei e vou pra sala, ela brincava com Katharine no chão da sala, seus olhos estava vermelho entregando que com certeza havia chorado. Que droga de homem eu sou? Que porra estava fazendo. Ver aquilo fez meu coração arder, ela não merecia passar por isso, não novamente.

Ela poderia simplesmente desistir ir para Portugal e esquecer da minha existência. Receber aquela ligação e ignorar, deixarem me matar, e mesmo depois de quase perder a sua vida por minha culpa poderia ir embora pra sempre. Mas não ela ficou, ela foi a única que ficou quando todo mundo se foi, a única que me olhou com compaixão. A que enxergou uma luz em Felipe e não os erros do LP, e mesmo depois de tudo isso eu não estava sabendo valorizar.

Que drogas eu tava fazendo? Olha por todo sofrimento que passei durante todo aqueles meses naquela UTI, por todo sentimento de culpa que poderia carregar pro resto da minha vida, sei que por toda minha vida eu sempre fui pelo errado, meus erros não são poucos e por cada um deles eu deveria ser considerado um mostro. Mais ela não me olhava assim é tão pouco sentia sentimento de medo ou ódio ou pena por mim. Era só olhar em seus olhos que eu via o amor.

Sabe o amor? Foi o que eu encontrei quando ela abriu seus olhos depois de todos aqueles dias praticamente morta. Foi ali também que ela me despertou da ilusão na qual eu vivia, eu não merecia, não era digno mas ela me amo. E estava na hora de eu retribuir​ por tudo. Jamais deixaria de ser o que sou, mas por ela eu tentaria ser diferente e por mais difícil que fosse eu iria conseguir. Afinal isso era mais uma guerra na qual entraria, uma guerra entre sentimentos. E não costumo entrar em guerras para perder.

Eu já havia sofrido uma vez por perder-lá e não irei me permitir perder-lá novamente de nenhuma forma. Me aproximo de ambas parando em sua frente e a encarando.

- Felipe... - a interrompe antes que comece a falar, seus olhos estavam cheios de água.

- Olha para mim, eu tô arrependidão. Você mais do que ninguém me conhece, e se você me conhece mesmo sabe que eu tô tentando mudar mas você tlg que isso não é do dia pra noite. E tu não me ajuda mano, eu chego mó cansadão e você vem cheia de neurose, eu sei que eu errei de ter deixado vocês aqui sozinha pra tá lá, mas é meu trabalho. Eu amo é você mano, para de querer botar idéia dizendo que tô com piranha que se tô contigo, é só você.

Um brilho em seus olhos aparece e logo as lágrimas começam a cair, mas um sorriso é brotado em seu rosto, ela me abraça e aperto a mesma em meus braços me aconchegando em seu cheiro, selo nossos lábios e vejo Katharine presenciando a cena com toda atenção do mundo.

- Olha tudo que a gente passou pra chegar até aqui, quantas pessoas já tentou nos separar? Sequestro, estrupo, guerras, fofocas e intrigas e até a morte já enfrentamos juntos. Se estamos aqui hoje é porque deveríamos estar. Eu não vou desistir de você tão fácil assim.

Meu coração parece bater mais acelerado com cada lembrança que toma minha mente, e depois de tantos anos uma vontade de chorar me vem mas seguro a todo custo. Eu não queria mostrar esse meu lado, por mais alto que ele gritasse pra se expandir por dentro de mim.

- Eu amo você Felipe. - ela diz por fim.

- Eu te amo. - Selo nossos lábios e Sinto algo se mexer no meio de nós. - Desculpa princesa, eu amo vocês. - Despejo um beijo na testa de minha filha e outro no da minha mulher.

FIM!

" Estava escrito, ou melhor tinha que acontecer. "

AMOR BANDIDO | EM REVISÃO |Onde histórias criam vida. Descubra agora