Herdeira De Gelo

PROFETIZADA

Hannah

 — O que você estava pensando? — berrou Érica andando de um lado para outro do quarto, visivelmente alterada.

franzo o cenho.

— Do que você esta falando, Érica? Por que esta tão irritada? Não está feliz em me ver viva? - pergunto indignada

Ela vem ate mim sorrindo, com lágrimas nos olhos.

 — Claro que estou feliz que você tenha sobrevivido. Eu sempre soube que era você  —ele cobre meu rosto com as duas mãos

 — Então, por favor, me diz o que eu fiz de errado agora —suplico segurando as suas mãos.

Uma nuvem negra passa por seus olhos. Ela então fica inerte em seu pensamentos, e a amargura mostra-se visível em sua face.

— Por que o escolheu?— pergunta se afastando.

 — De quem você esta falando?— pergunto confusa

Sera que ela sabe?  

Não... não pode ser. É claro que ela não sabe. Não é? Eu nem mesmo falo de Luck na sua frente. A não ser para insultá-lo.

—Se for sobre Luck, acredite, eu não tenho nada com ele, nunca nem rolou um bejinho...  — porque ele deixou bem claro que não me quer. Coisa óbvia já que quem gosta, não machuca. Mas pensando bem, ele praticamente me salvou... entao...

— Não tenho absolutamente nada com  ele —Levanto espanando negativamente as mãos no ar para enfatizar minha alegação.

Se isso chegar nos ouvidos de Kira, estou morta, definitivamente morta. Ela vai entrar no meu quarto e me matar durante a noite. 

Sigo até a porta e testo a tranca redonda em forma de diamante. Preciso reforçar isso. Não vai segurar uma voadora de Kira, caso Erica resolva contar o que sabe.

 — Luck? —pergunta ela me tirando da reflexão.

Pisco algumas vezes.

Giro os calcanhares para encara-la.

Ela me olha como se eu tivesse dito algo do tipo: Ei eu  to super feliz nesse lugar! to ate pensando em fazer um pique-nique com o papai Kiron! 

Sorrio comigo mesma. Não faria isso nem por um decreto. Aquele narcisistasádico de uma figa...

Foco os olhos em Erica que continua observando minha cara de débil mental.

— Não esta falando dele, né? — me dou conta.

porra...

 — Estou falando do dragão, Hannah. Como pode escolher aquela criatura horrenda? Não pensou nas consequências que isso traria? —disse ela impaciente, quase cuspindo na minha cara.

O que?

Não, ela não fez isso...

Seguro minha ânsia de voar no pescoço dela.

Respira Hannah.

Um...dois...três...

— Desculpa — ironizo — O que eu pensei foi que eu sou muito jovem pra morrer. O único beijo que lembro foi o que dei num puto de um barman gato, super musculoso que queria apenas uma tranzar casual. Pensei na porra desse sentimento absurdo que to sentindo por Luck, e no fato de, meu suposto pai e irma, ate agora não terem me tratado como a tal herdeira que todos afirmam que eu seja. —soluço sentido minha garganta arder, enquanto luto contra as lagrimas que teimam cair.

Sua feição suaviza.

— Ta, Hannah. Desculpa, eu exagerei. Não tinha como você saber e eu mesma não te contei. — ela começa a dar voltas pelo quarto — Eu deveria saber que o rei poderia colocar o dragão como uma das opções. Mas eu jamais imaginaria que você o escolheria. Não há criatura mais oposta aos cyrianos que os dragões. De qualquer forma, os outros animais eram uma ótima opção. Eu ajudei a treinar você... você só precisava...

Observo em silencio ela balbuciar para si mesma frases sem conexão alguma. 

Enxugo as lagrimas.

Porra! esse era o meu momento de ficar histérica. Não?

— Érica, será que da pra você falar comigo e parar com esse monologo mental no modo auto-falante?— seguro seus ombros, interrompendo um de seus passos

Ela pisca algumas vezes e parece acordar daquele transe.

 — Você é a escolhida — espero alguns segundo para que ela explique, mas suas palavras soaram mais como uma conclusão de seus próprios pensamentos confusos.

 — Escolhida pra que? — pergunto impaciente.

Ela parece vasculhar sua mente, como se quisesse provar algo a si mesma.

Seus braços me enlaçam novamente num abraço asfixiante. Me embalando para frente e para trás numa espécie de abraço materno.

 — Érica... — tento respirar mas aquilo é o tipo de coisa que não se consegue fugir— Não consigo respirar...

Entraria na garganta do dragão mil vezes, e conseguiria sair, mas esse abraço aqui, é impossível!

Seguro sua cintura e tento inutilmente afastar meu corpo do seu antes que meus peitos amassem para dentro do meu corpo assim como aquelas bonecas Barbie de 1,99.

— Érica — suplico 

Ela demora um pouco para perceber, como se estivesse em outro lugar, e não aqui.

Seu abraço de urso afrouxa  e ela afasta seu corpo rapidamente.

— Desculpa — lança um olhar envergonhado.

 — Será... que dá pra você me explicar? — falo após encher meus pulmões de ar repetidas vezes até sentir que posso respirar normalmente.

Suas mãos vão até a touca e puxam uma mecha da franja, massageando e enrolando os fios. Típico movimento de quando está nervosa, e não quer me contar.

—Érica —ameaço

Ela me olha, oscilando entre contar ou não o que quer que esteja a afligindo.

 — Há muito tempo, haviam mestres capazes de prever o futuro e que mostravam em forma de enigmas. — ela suspira como se falasse de uma época boa, o tipo de época de que se sente saudade. — Kiron tinha o maior grupo desses videntes, que nasciam da casa de Vitch os "Olhos que tudo vêem". Eram homens jovens, bonitos, capazes de conquistar qualquer mulher apenas com um olhar. Sábios de uma forma indescritível. Eram deuses... — seu olhar se torna ainda mais triste.

 —E então? — a motivo a falar.

Suspira.

 — Cross, vendo que as batalhas travadas contra Kiron sempre seriam inúteis já que ele tinha a ajuda dos mestres, e sabendo que nenhum mestre jamais aceitaria se aliar a ele, lança um feitiço sobre o mais poderoso dos videntes, feitiço este que causou quebra da conexão com o espaço e tempo, uma ligação intelectual que permitia que eles vissem o futuro. Mas, feitiços lançados em tifonianos são instáveis e nunca se pode prever o que acontecerá com o enfeitiçado. Infelizmente, aquele bravo vidente foi transformado num livro que sempre se renova, alterando velhos e formando novos enigmas de acordo com o tempo.

okay...acho que deu um bug no meu cérebro.

 — O que isso tem a ver com o dragão?— pergunto massageando as têmporas

— Há uma profecia sobre alguém que possuirá e domará um dragão. Alguém que terá poder suficiente para exterminar ou salvar os cyrianos.