APRISIONADO - II

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séculos atrás:

Luck

Pé direito, pé esquerdo. 

Sigo em passadas pequenas, sempre encostando o calcanhar no dedão do pé anterior para evitar dar passadas longas.

Ouço apenas minha respiração entrecortada, sob os ruídos estrondosos das criaturas, vindo de todas as direções. 

Ja ouvi varias historias de como meus antepassados ultrapassaram essa prova. Meu tio, pisou em um Likie-lompreno, um roedor que libera toxinas corrosivas o bastante para derreter em minutos os ossos de um tifoniano adulto. Apos o episodio, com o odor medonho exalando pela perna, que era derretida a cada segundo, os outros animais se afastaram, dando a ele, a oportunidade para sair dali antes que o tal acido corresse totalmente o membro afetado.

Mesmo que me doa pensar dessa maneira, seria melhor que ele tivesse morrido ali. Frading não passava de um covarde sem poder algum, que precisou da ajuda da sorte para sair vivo dali. Não há maior desonra do que ser o irmão sórdido, desprovido de poderes. Uma vida inteira de olhares tortos, penosos, olhares daqueles que estão e sempre estarão acima de você. Mesmo que qualquer desafortunado da famiia real seja um dos poucos GSL (Guardião Supremo dos Lordes), ainda sim, ele sempre sera um Maiser; o falho.

Ouço um rugir do alto, tao longe, que penso ser algo da minha mente. Sempre ouço aquele berrar grave e rouco da criatura que tirara a vida de meu irmão.  Um som que faz meus ossos estremessem dentro da carne, e meu sangue quente congelar nas veias.

Estaco.

Continue caminhando —uma voz grita em minha mente.

Aguço os ouvidos, ignorando totalmente o fato de estar veraneável parado aqui.

Novamente aquele rugir, mais próximo. Talvez a uns seis minutos do lugar onde estou.

Kiron não pode tê-lo deixado fugir. Não pode! não sem fazê-lo pagar pelo o que fez com meu irmão.

Novamente um rugir.

Prossiga!— alerta a voz novamente. 

Começo a dar passadas mais rapidamente, com as mãos abertas e os braços esticados em frente. 

Preciso sair daqui.

Novamente a criatura urra de algum lugar ao leste.

Ele esta à minha procura. Quer terminar com o que começou, e dezimar todos os soltaryanos.

Sigo na direção esquerda da cabana, onde sei que estão as armas, e logo mais, a saída da mesma.

O ruido cessa. As criaturas ficam em um silencio absurdo.

Engulo em seco.

Um baque enorme ecoa por toda a cabana. Olho para o lado, mesmo que nada possa ver.

Ele esta aqui.

Vamos! preciso dos meus poderes agora! se não foi meu irmão, que seja eu!

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