APRISIONADA - I

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As lágrimas iniciam seu trajeto pela milésima vez. E pela milésima vez me pergunto: Por que?

Após os guardiões me deixarem, perdi a noção do tempo, já não sei a quanto tempo estou caminhando de um lado para o outro da cela sem saber exatamente o que pensar.

Isso não é real. Não pode ser!

Sento no piso gélido da cela abraçando os joelhos e me embalando para frente e para trás.

- Não pode ser - soluço.

Érica não faria isso comigo. Faria? Ela tem que ter uma boa razão para ter me entregado. Tem que ter!

Olho para frente, fitando meu reflexo turvo.

As algemas ainda entornam meus pulsos, agora se desligaram uma da outra, se tornando duas pulseiras de 5 centímetros de diâmetro.

Observo as escrituras ali desenhadas, no aço das algemas. Não eram o tipo de poder que costuma emanar de Kiron, era algo diferente. O modo como eram feitas, forjadas e detalhadas não podiam ter provido de Kiron mas sim de...

- Croos - susurro para mim mesma.

Levanto em um pulo e vou até um dos meus reflexos.

Kiron está em dúvida sobre minha paternidade e em nem um minuto pareceu exitar em me mandar para cá. Pelo contrário, sua escolha foi decidida no momento em que Érica abriu a enorme boca dela. Mas por que?

Limpo as lágrimas com o dorso da mão.

Não posso morrer!

Caminho de um lado para o outro.

Não vou morrer aq...

Sinto um pequeno tremor sob meus pés.

Analiso toda a cela à procura da fonte daquilo.

Lentamente uma das paredes ergueu-se ficando dez centímetros acima do chão, de onde uma luz ofuscante surgiu.

Uma passagem?

Sigo apreensiva na direção da luz branca, sento sobre os tornozelos e me apoio com uma das mãos, enquanto a outra, uso para inibir um pouco daquele brilho para tentar ver algo através dele.

Que porra é...

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