Herdeira De Gelo

DESTRUIDORA

Hannah

Aperto os olhos porém a luz teima a entrar e me despertar do meu sono. Por isso sempre ao dormir, tenho o costume de colocar um lençol ou algo para impedir essa invasão inoportuna do sol.

Viro para o lado, mas algo incomoda minhas costas ao fazer tal movimento.

Levo a mão à minha escapula e massageio, até sentir a superfície dura e fria de algo nada confortável.

Tateio novamente.

"Entranho"

Ergo meu corpo apoiando com as mãos e o simples ato me faz gritar de dor.

Abro os olhos ainda acostumados com a escuridão, as pálpebras pesadas impedem a visão clara do lugar em que estou.

Deixo meu corpo pender novamente e desabar sobre a superficia rígida.

Meus músculos estavam sofrendo espasmos constantes. Meus membros tremiam por tal esforço, assim como quando você corre muito, ou sobe muitos lances de escada.

"Preciso levantar, preciso saber o que tá acontecendo comigo"

Tento novamente erguer meu corpo com a ajuda dos braços e sento sobre os tornozelos. Em um tempo longo demais, consigo levar a mão esquerda até meus olhos afim de tirar qualquer resíduo de sujeira que esteja os impedindo de abrir, mas não há nada. Estão limpinhos.

Me empenho novamente e consigo abrir uma pequena fresta. Os raios solares entravam com tudo em meus olhos entreabertos.

"Sol"

Franzo o cenho.

Olho em todas as direções.

Estou sobre uma rocha gris e todo o resto também era uma mistura de gris e marrom, porém estava sendo banhado por uma luz alaranjada do sol da tarde. Os raios entravam na caverna por uma só abertura rendonda e irregular logo à minha frente.

"Onde estou?"

Um som alto me faz tremer ainda mais.

Uma sombra surge e esconde toda a luz que provinha da entrada. Meu coração acelera e martela no peito como um tambor. Posso ouvi-lo preparando todo o sangue e o levando para os órgãos importantes, aprontando todos os sistemas para uma possível fuga.

A sombra se move, e o cheiro de morte que traz consigo invade minhas narinas.

"Corre"

Instintivamente pulo e no primeiro passo, ao tocar o solo com meus pés descalços, me arrependo de tê-lo feito.

"Não tenho forças"

Meu corpo cede. Caio desajeitadamente para trás sobre o solo marrom, cheio de areia.

A criatura surge no meu campo de visão.

Fecho os olhos com força e num movimento instintivo me coloco numa posição fetal e cubro o rosto com as mãos.

"Vai embora, vai embora, vai embora..."

"Hannah"

A voz grave invade minha mente.

Retiro uma das mãos que cobre meu rosto e o olho por um momento.

Como ele sabe meu nome? Ele me sequestrou? Meu Deus! Eu só posso estar ficando maluca!

"Não pense tanto, esta me deixando confuso"

A criatura balança freneticamente a enorme cabeça a fim de espantar meus pensamentos.