Capítulo 18 - Algumas verdades aparecem.

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   Eu não acreditava no que tinha visto. Não podia ser ela, eu desejava que fosse qualquer outra pessoa menos aquela garota. Minha vida estava indo tão bem... Só que ela tem o prazer em fazer isso, ela sempre estraga tudo.
   Ela me viu, deu um sorriso falso e entrou dentro do carro onde o motorista fechava a porta para ela.
   Eu tentava sair dali correndo, gritar, dar um chilique qualquer coisa que me esclarecesse o motivo de aquele ser humano do mal estar estudando na mesma escola que a minha. Mas meu corpo não reagia, ele estava paralisado e tremendo - acho que isso foi exagero - por ter visto aquela menina.

- Gabriela Sampaio! - engoli em seco - Me diz que eu vi errado e que não é quem eu estou pensando!

- Não é ela não. - ela dizia preocupada.

- O.k. isso não ajudou. - disse ainda em choque.

   Naquele dia iríamos para casa a pé - o que não era tão perto - e durante todo o caminho ficamos em silêncio, cada uma com seus pensamentos, seria uma invasão de privacidade se atrapalhassemos aquele momento. Durante todo o caminho evitei pensar naquela garota e em como minha vida estava virando de cabeça para baixo, eu só queria acordar deste pesadelo e ver que tudo isso foi imaginação da minha mente. Precisava ser isso.
   Entramos na casa da Gabi e eu só consegui me esparramar naquela cama por fazer.

- E-eu sinto muito, Bia! - ela dizia bem baixo.

   Mas não pude respondê-la, eu só queria esquecer aquela cena e que tivesse me confundido. Por que ela veio morar justamente em Porto Alegre? Tem tantas outras cidades perto de São Paulo que ela poderia se mudar...
    Minha mente estava repleta de pensamentos agitados mas um deles se sobressaiu.

- Você sabia disso! - disse me levantando em pulo.

- O quê?

- Você sabia que ela tinha vindo para Porto Alegre!

- Eu...

- E o Carlos também!

- Por que você acha isso?

- Aquele dia ele quase falou sobre ela mas você o beliscou, hoje você veio me dar aqueles conselhos que não deixo ninguém me humilhar... Então era por isso? - eu estava quase gritando em meio a raiva que sentia - Não foi, Gabriela? Vocês não podiam ter escondido isso de mim!

- Sim, eu sabia que ela estava de volta. Ela veio logo depois que você se machucou, mas eu quase não a vejo.

- Você não podiam ter me escondido essa informação!

- Eu sei, mas o que iria acontecer se eu te contasse?

- Eu preciso ir para casa. Tchau.

- Você está brava só porque não te contamos isso?

- Não - respirei bem fundo - Eu só preciso pensar em tudo o que aconteceu. Depois a gente se fala. - e segui em direção à porta.

- Tchau.

                            |•|

   Deitei na minha cama violeta cheia de almofadas e fiquei pensando na imagem daquela pessoa. Como a vida dá reviravoltas de um instante para o outro, em um momento eu estava agradecendo a Gabi por ter juntado meus materiais e no outro vejo aquele ser entrando no carro. Por que eu não podia ter me confundido com outra pessoa? Seria tão mais fácil. E não, não é drama, essa garota realmente não é do bem.
   Devo ter ficado ali a tarde toda e talvez até cochilado por algum tempo, mas sei que despertei daqueles pensamentos dolorosos ao ouvir minha mãe destrancar a porta da sala.

- Bia, trouxe aquela salada que você adora! - ela quase gritava.

   Fui até a sala, onde ela estava. Ela parecia estar feliz e não preocupada como no outro dia em que eu a vi saindo daquela advocacia. Falando nisso, eu precisava descobrir o que estava acontecendo.

- Quer que eu coloque mais para você? - ela dizia colocando uma colher bem cheia no meu prato.

- Não, obrigada. - disse desanimada.

- Está bem, o que aconteceu? - ela parou de fazer o que estava fazendo e seus olhos concentraram-se em mim.

Eu precisava desabafar? Sim!

- Advinha quem está estudando no Absoluto?

- Eu não faço ideia.

- A Alice! - disse batendo na mesa.
- A sua irmã? - ela dizia se segurando para não rir.

- Ela não é minha irmã! - gritei.

- Para quê você está gritando? Essa sua raiva não vai fazê-la voltar para São Paulo!

- Se a minha raiva afastasse ela daqui, a Alice estaria bem longe da Via Láctea!

- Eu sei que ela não é a melhor pessoa, Bia mas você terá que se acostumar, pelo menos vocês não são da mesma sala!

- Como você sabe que não somos da mesma sala? - nesse momento ela paralisou - A Gabi e o Carlos te contaram, não é mesmo?

- O.K. Eu confesso, eu já sabia que ela estava de volta!

- Como vocês não me contam uma notícia dessas?! - gritei.

- Eu acho melhor você tomar um banho porque você está muito estressada, Beatriz! E nenhum de nós tem culpa disso! É melhor você se acostumar logo com a ideia de que sua irmã está de volta!

   Saí pisando firme em direção ao banheiro. Eu realmente precisava deixar água fria cair sobre mim, aquela garota me dava nos nervos.
   Enquanto os jatos de água escorriam pelo meu corpo percebi que eu realmente precisava daquilo, aquela situação toda com a Alice me deixou louca.
   Saí do banheiro cheio de vapor e fui direto para o quarto. Deitei com o cabelo molhado mesmo e fechei os olhos.

   Mas algo arranhava minha cama. Era o Ramirez.

- Acho que você não vai querer dormir com alguém estressada. - disse o colocando ao meu lado na cama.

   Ele se ajeitou e fechou os olhos.

- Boa noite, Ramirez! - disse o acariciando.

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora