O Som do Coração

Capítulo 54 - Um lugar bastante especial.

Já que ele não tinha um lugar em mente, fui eu quem escolhi aonde iríamos.

- Na praça? - ele dizia confuso.

- Sente-se aí que eu já volto!

E fiz exatamente como eu costumava fazer quando voltava do ballet. Que saudade de ir ao stúdio e fazer todos aqueles movimentos. Mas enfim, voltei ao banco aonde ele estava sentado com um olhar curioso sobre eu.
Assim como eu sempre fazia, refiz toda aquela rotina. Fiquei naquela praça linda, comprei os suspiros da barraquinha da esquina e me sentei naquele banco onde tinha uma vista ótima para o pôr do sol.

- Eu sempre venho aqui para desenhar, comer estes suspiros... - digo estendendo aquele saquinho em sua direção - e observar que os pequenos detalhes são os mais importantes.

E sorrio para ele.

- Uau, eu não conhecia esse seu lado filósofa! - ele dizia rindo.

- Ei, não é brincadeira! Eu estou falando sério, Caíque.

- O.k. Senhorita estressada! - ele dava gargalhadas - Eu estou rindo, mas eu sei o que você quer dizer sobre...

Eu o olhava atentamente esperando sua resposta reflexiva sobre as pequenas coisas. Mas não foi bem assim.

- Não. Eu não vou dar uma de filósofo, Beatriz. - ele dizia rodando seu anel prata no polegar.

- Seu sem graça! - digo rindo.

- Talvez. Agora me dê alguns suspiros!

E ficamos observando aquela bela paisagem acompanhados por um belo saquinho com suspiros. Suspiros maravilhosos, acredite se quiser! E mais uma vez eu serei uma filósofa aos ouvidos de quem está me ouvindo, seja lá qual ser for: Existia coisa melhor do que estar com alguém que você gosta, comendo seu doce favorito e estando em um lugar adorável? Com certeza não. E nenhuma riqueza material poderia pagar aquele sentimento de felicidade e de gratidão por existir coisas que te façam sorrir em um dia que tudo está a favor para te desanimar.

- Sabe o que eu... - ele tenta dizer.

Ele ia me dizer alguma coisa, mas fomos interrompidos por um grupo de cinco adolescentes extremamente empolgados.

- Caíque Zimmerman?! Ai meu Deus, não acredito que estou te vendo pessoalmente! - disseram um deles - Tire uma foto conosco, por favor!

- É claro que sim! - ele diz se juntando ao grupo.

É incrível como eu sempre esqueço que o Caíque e os outros três são famosos. Para mim, eles eram apenas estudantes normais do Absoluto.

- Ei, vocês estão namorando? - uma menina diz.

- O quê?! - grito.

- E a Alice? - um dos meninos do grupo diz me encarando.

- Ei, calma gente! - o Caíque diz - Eu namoro a Alice ainda mas a Bia é a minha melhor amiga! - diz colocando o braço em torno do meu ombro.

Melhor amiga...

- Tchau, Caíque!

Os adolescentes foram embora muito felizes com o encontro ao ídolo deles. E eu fiquei observando atentamente o carinho que ele tinha com os fãs.

- Melhor amiga? - digo com um leve sorrindo.

E acontece algo inacreditável: ele fica sem graça. Deus, eu nunca pensei que isso aconteceria algum dia.

- É. - ele me encara - Digamos que eu não tenha muitas amigas e com certeza você é a melhor. - ele sorri.

E eu o abraço na ponta dos pés. Era bom saber que o carinho que eu sentia por ele era recíproco.

|•|

Estávamos eu, o Carlos e a Gabi em minha casa deitados naquele imenso sofá comendo uma bela torta de frango.
Todos os dias eu agradecia por ter amigos tão incríveis como estes, eles vieram até a minha - colorida - casa para tentarem me animar. Mal sabia eles que alguém já tinha feito isso. Eu era muito sortuda por ter todos eles em minha vida.

- Gente, na hora dos ensaios para a peça, advinha quem ficou atrás da escola beijando o Vítor? - a Gabi dizia feliz.

- Ei! A Bia é a custosa do grupo, você é a quietinha, Gabi! - ele falava rindo.

- Ei, Carlos! - falo rindo da situação - Está sério mesmo tudo isso!

E realmente eu tinha razão. Já faziam um mês desde o primeiro encontro deles e a partir daquele dia, os dois vivem juntos.

- Tomara que seja mesmo, porque eu... - ela gaguejou - Eu acho estou gostando dele mesmo.
Uou...

- Vai com calma, amiga. - o Carlos diz - Apenas fique sempre com um pé atrás porque nunca se sabe o que se passa na cabeça desses meninos.

Eu que o diga isso.