Naquele momento ouvia-se apenas o barulho do salto agulha da diretora sobre o piso daqueles corredores vazios do Absoluto.
- Entre, Beatriz. - ela diz estendendo a mão me indicando uma das cadeiras.
Era o penúltimo dia de aula do ano. Tínhamos as provas finais naquela semana, o que ajudava a passar mais rápido.
Entrei naquela sala e me sentei completamente distraída, eu pensava em milhões de coisas, menos no espaço ao redor de mim.- Fique aí e pense no que fez, senhorita. Eu já volto. - ela diz e fecha a porta me deixando só.
Eu pensava estar só até ver alguém muito familiar sentado ao meu lado.
- O que tu fizeste dessa vez? - o Caíque diz.
- Despertador. Heavy Metal. Lembra? - digo seca.
Ele dispara a rir.
- Eu não vi nenhuma graça. - digo tirando meu óculos do rosto.
- Você deixou o alarme tocar na sala de aula de novo?
- Foi sem querer, está bem? E você, por que está aqui?
- Esqueci de fazer uma tarefa. Isso me lembra algo. - ele sorriu como se lembrasse de algum fato.
- O quê?
- Quando nos conhecemos. - ele sorri.
E imediatamente me veio um déjà vu. Eu tinha sido expulsa por desenhar nas aulas de Física e o encontrei. Naquela época mal sabia eu tudo o que aconteceria.
- Lembra? Você disse: Ei, você não é o Caíque da 5.1? - ele imitava minha voz.
- Eu não falo assim, está bem?
- O.k. Você ganhou. - o popstar olha para o chão e me encara - Se a gente soubesse tudo o que aconteceria.
Se a gente soubesse.
- Se soubéssemos o rumo que as coisas tomariam... - o Caíque gagueja - Você mudaria algo?
Pergunta difícil. Eu mudaria algo se soubesse o final de tudo?
- Eu vou dar uma chance para vocês dois porque o ano letivo praticamente acabou e eu quero férias. - a diretora nos interrompe - Ai de vocês dois se contarem isso para alguém! Agora podem ir.
Eu e o Caíque saímos daquela sala o mais rápido que pudemos antes que ela mudasse de ideia e nos castigasse.
Caminhamos um pouco em silêncio quando o Caíque me encosta na parede com seus braços ao meu lado me impedindo de sair.- Você mudaria? - ele me encara.
Eu não sabia aquela resposta. Eram muitas coisas para pensar assim, sob pressão.
- Eu sei que você não quer me perdoar pelo que fiz contigo antes, mas eu me arrependo profundamente e eu gosto de ti como nunca gostei de ninguém. - seus lábios tocaram os meus.
Senti um choque por todo o meu corpo ao seu toque, mas antes que aquilo virasse um beijo, o sinal tocou e os inúmeros alunos saíram de suas salas.
- Eu tenho que ir. - digo.
|•|
Faziam alguns dias que voltei para a minha casa e eu estava tão feliz por aquilo. Poder acordar e ver meus quadros, a parede azul céu, a minha cama violeta e a minha penteadeira lilás me traziam felicidade. Isso fora o Ramires e a minha mãe.
Como de costume eu estava deitada no chão com o Ramires ouvindo uma música. A minha cabeça estava tão confusa... E naquele momento, foi como um passe de mágica, lembre-me da borboleta que o Caíque desenhou no gesso do meu braço. E eu guardei aquele pedaço.
Abri a caixa e encarei aquela bela borboleta desenhada com caneta permanente.E sorri.
Eu sentia falta daquela época, onde eu não tinha problemas reais, onde éramos apenas sinceros amigos e nada de sentimento amoroso tinha acontecido. Naquela época, apenas me preocupava com a Operação Cupido.
Eu mudaria algo em tudo o que aconteceu? A pergunta do Caique me veio a mente.- Bia? - era a minha mãe.
Ela tinha chegado mais cedo.
- Você quem desenhou essa borboleta?
- Foi o Caíque. - digo me lembrando do momento em que ele desenhou.
Devo ter feito uma expressão muito óbvia porque ela me guiou até a minha cama e nos sentamos.
- Pode me contar tudo, mocinha.
E contei. Contei tudo. Ela ouvia com bastante atenção. Abri meu coração e contei o que eu sentia. Era tão confuso não saber se queria ou não gostar do popstar, com o Caíque era tudo tão diferente, era mais intenso, a cada escolha que eu fazia parecia ser de vida ou morte. A verdade era que eu era louco pelo seu sorriso ou quando ele tirava o cabelo liso que escorregava no olho. Ou as suas pulseirinhas de couro no pulso, a forma que ele estava sempre disposto ajudar à todos. Era gostava muito dele e uma parte de mim dizia que eu devia correr até ele e dizer que eu não queria ficar longe dele, no entanto a outra metade dizia que devia usar a cabeça e esquecer que gosto dele.
- Bia, depois de amanhã é o seu último dia para decidir o que escolher. Mas olha, pense muito antes de tomar uma decisão, que é só sua e ninguém pode te influenciar, eu só te digo que a vida é curta demais para guardarmos rancor uns dos outros. Ele é uma celebridade e provavelmente você nunca mais o verá caso não o perdoe. Essa escolha é sua, meu amor. - ela fala e me abraça.
|•|
Acordei naquela manhã determinada. Tomei meu café da manhã e fomos eu, a Gabi e minha mãe para a escola ouvindo "Meu Novo Mundo", do Charlie Brown Jr. Eu estava tão feliz por aquele momento.
- Boa aula, meninas. - a dona Camila diz.
E olhei para o Absoluto. Era o último dia de aula e eu estava feliz por tudo o que tinha vivido, tudo teve um propósito. Estava feliz por ter aproveitado ao máximo o último ano com o Carlos, por ter descoberto quem o Lucas realmente era, por conhecer os menino da 5.1, o fato de a Gabi namorar o Vítor me deixava extremamente feliz, e o Caíque. O Caíque era o Caíque. E sorri.
- Vamos entrar? - digo sorrindo para a Gabi.
Fizemos as últimas provas e alguns minutos depois as notas foram divulgadas. Sim, eu tinha passado de ano. E nos minutos finais todos os alunos foram para o auditório e os menino da 5.1 ficaram no palco.
- Eu queria cantar para alguém especial. - o Caíque diz com um violão nos braços.
Dessa vez não tinha bateria nem guitarra, era violão e voz.
Ele começou a cantar uma das minhas músicas favoritas:Hold On.
A música era inglês mas eu já tinha estudado a tradução tantas vezes que sabia a letra até de trás para frente.
Aquela era a oportunidade perfeita, ele terminava de cantar e eu ia até ele e dizia que queria muito que ficassemos juntos. Sim, esse tinha sido o motivo de ter acordado determinada, não ia desperdiçar o tempo por coisas que já se foram.- Bia, quando ele terminar você vai até ele, não é mesmo? - a Gabi susurrava.
Sim, eu tinha contado isso para meus amigos também. Eu contava tudo.
- Respira fundo e vai. - o Carlos segura minha mão.
A música parou, isso significava que era a hora de eu ir até ele e dizer o que sentia.
Olhei para meus amigos, que sorriram, e quando me levantei todos começaram a assobiar. Meus olhos vão até o palco e eu vejo algo...A Alice e o Caíque se beijavam.
Meu mundo caiu. Literalmente. Caí sentada na poltrona segurando para não chorar ali mesmo enquanto todos assobiavam para aquela cena dos dois.
E naquele instante o Caíque me olha.
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O Som do Coração
Fiksi Remaja"O que você faria se um popstar se tornasse seu melhor amigo?" "E se você se apaixonasse por alguém que te vê apenas como uma garota que vive precisando ser salva?" Esta é a história de Beatriz, uma garota comum que vê sua vida mudar a partir do...