Capítulo 31 - Uma briga de "família".

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Desde pequena fui ensinada que televisão queima os neurônios, e por isso nunca tivemos uma em casa, nem mesmo quando morávamos com meu pai. Mas isso não me impedia de assistir meus filmes - favoritos - em preto e branco pelo notebook. Sabe aquela noite em que está fria, e você está deitada no sofá com um pijama quentinho assitindo a um bom filme? Eu estava assim, encolhida juntamente com o Ramires naquele confortável sofá vendo um filme mudo.

Até que ouço a porta da sala ser aberta.
Era a minha mãe.

- Bia, podemos conversar? - disse se sentando.

Pausei o filme e me sentei com cuidado.

- Eu... Eu queria te pedir perdão pelo que disse mais cedo. Você é desastrada mas sei que jamais faria algo egoísta. - ela levantou o olhar diretamente em minha direção - Eu sinto muito.

Não era só ela que precisava pedir perdão, eu também tinha errado bastante. E eu não era orgulhosa, portanto aquele era o momento para pedir desculpas por tudo o que eu tinha feito.

- Eu sinto muito também. - disse olhando para o chão - Eu só queria dançar na peça, não foi com uma má intenção. Me perdoe também!

E ela me abraçou.

- Eu te amo, filha. - e me deu um beijo na cabeça.

|•|

E mais uma vez estava na escola tendo aula de Arte. Esse era o momento de falar com a professora sobre minha situação. Era terrível a ideia de deixar o papel com a Alice, mas não tinha outra opção.

- Você está melhor, Bia? - ela disse - Fiquei tão preocupada outro dia!

- Sim, estou. Eu queria falar sobre isso também. É que eu não vou poder dançar por alguns meses.

- Eu imaginei mesmo, mas não se preocupe. Você vai ficar na parte de cenografia eu só preciso que olhe o cronograma, mas acho que não precisará ficar essa semana depois da aula.

- Cenografia? Isso é ótimo! Muito obrigada! - falei sorrindo enquanto ela voltava para sua mesa.

- Ainda bem que você não vai ficar com a limpeza, não é? - cochichou a Gabi.

- Ainda bem. Advinha como a Alice vai agir quando ela souber que ganhou o papel!

- Não se preocupe, ela vai dançar porque você se machucou, não por mérito dela! - e piscou para mim.

E o sinal para o recreio toca.

- Pessoal, tragam a pesquisa na próxima aula, está bem?

E saímos da sala em direção ao refeitório repleto de alunos famintos.

- Logo, logo estará super frio. - diz o Carlos olhando para aquele céu nublado.

- Acho que estou preferindo o calor, o frio deixa meu cabelo com frizz.

- Tadinha, que dó que eu fico de você, Gabriela! - digo.

Eu e o Carlos rimos quando vejo a Alice vindo em minha direção.

- Oi, irmãzinha! - diz ironicamente.

- O que você quer, Alice? Eu já te falei que não te suporto. - digo friamente.

- Está na defensiva só porque sou eu quem irei fazer o solo na peça?

- Eu estou machucada, Alice! Você só vai dançar porque não posso por um tempo.

- Mesmo se tivesse competido, eu teria ganhado! - diz rindo - Não se iluda, Beatriz! Você é uma péssima bailarina!

- Já chega! - aumentei meu tom de voz - Você se acha a talentosa mas no fundo não passa de uma garota insegura!

- Gente, já deu essa briguinha! - diz o Carlos me puxando.

- Não se preocupe, Carlos. Eu jamais armaria um barraco com essa daí!

- Medrosa! - ela diz.

- Parou agora! - gritou segurando a cintura da Alice.

- Caíque? - ela diz.

- Já deu essa briga de vocês! - ele disse muito bravo.

Uau, eu nunca o tinha visto assim!

- Por que vocês se odeiam tanto? - continuou - Não dá para simplesmente fazerem as pazes ou ignorar uma à outra? Já deu dessas implicâncias!

- Quem você pensa que é? - digo.

- É verdade. - ela diz.

- Já deu disso tudo. - ele diz e puxa a Alice delicadamente pelo braço.

Então o Caíque tem um lado secreto... Interessante.

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora