Capítulo 23 - O vilão virou o herói.

1.4K 131 2
                                    

   Não podíamos ser assaltados, não podíamos... E se ele machucasse um de nós? Eu até desistia de ir ao show, mas não aguentaria se alguma coisa acontecesse. E o pior era que eu tinha metido minha mãe nessa, era minha culpa. Por favor, não nos machuque! Nós quatro estávamos em choque, em pânico e gritávamos com medo daquela silhueta que aparecia na janela do carro do lado da dona Camila.
- Ei, sou eu! - disse o homem.

- Ricardo? - minha mãe disse.

- Desculpe! Não queria assustar vocês! É que eu vi o pisca alerta do carro de vocês ligado e vim perguntar se precisam de ajuda. - ele dizia sem graça.

- Sim! - gritamos eu e meus amigos.

- É que a bateria descarregou!

- Eu acho que eu posso dar um jeito nisso! - dizia indo em direção ao porta malas do seu carro.

   No final das contas, ele pegou um fio enorme e conectou na bateria do carro. Eu não entendia nada daquilo mas só sei que ela foi recarregada e no final o carro estava funcionando novamente.

- Muito obrigada! - dizíamos eternamente gratos por ele ter aparecido naquele momento.

- Sem problemas! E desculpe mais uma vez o susto que eu dei em vocês! C-camila, depois a gente podia marcar de sair qualquer dia! - ela não disse nada mas sorriu - Agora eu preciso ir!

   Ricardo, eu serei eternamente grata por você ter aparecido naquele momento. E não se preocupe, minha mãe - com certeza - vai sair com você. Eu mesma faço questão de te ajudar.

- E Bia, me ligue quando o show terminar! - ela dizia sorridente.

                         |•|

   Chegamos ao local e a banda que faria a abertura do show já estava tocando. Eu já tinha ido em vários shows com minha mãe e alguns poucos com meus amigos mas aquele era diferente, aquela adrenalina estava a todo vapor e o frio na barriga estava presente.

- Deu certo! - o Carlos disse enquanto nos espremíamos naquela multidão de fãs que gritavam. 

   E quando os meninos da 5.1 subiram ao palco a multidão gritava tanto que dava a impressão de que as paredes vibravam. E todos cantavam as músicas, eu não duvidaria se soubessem as letras até de trás para frente, assim como a Gabriela.

"O som de cada voz
Nos mostra como o mundo é misto
Se você quiser poderá alcançar o sol
Basta apenas ser você mesmo
E acreditar que tudo pode

Seu desejo realizará
Quando você menos esperar
E as estrelas você tocará

Seu desejo acontece
Quando você se esquece
Dos problemas que o mundo te oferece

E assim
Quando abrir os seus olhos
Você vai ver que tudo aquilo que desejou
Realizou"

   Apesar de eu gostar das músicas deles, nunca tinha ido ao show da banda, e foi maravilhoso. Enquanto eles cantavam, cantávamos juntos, pulamos, dançamos, tiramos fotos e mais fotos... Tive uma sensação muito boa naquela noite.

- Tirem o pé do chão! - eles gritaram quando a música chegou numa parte agitada.

   Eles tocavam quase um rock, mas para ser mais específica era um indie rock, com músicas lentas, agitadas e misturadas. E como eles cantavam bem, isso é um fato. O Vítor tocava baixo, o Caíque era o vocalista e tocava guitarra, o Guilherme era no teclado e o Pedro tocava bateria.

   Por um momento desejei que essa noite durasse o maior tempo possível - o que era pedir demais - mas foi bem assim, a noite foi... Especial.

- Muito obrigado, Porto Alegre! Até a próxima! - dizia o Caíque enquanto as luzes coloridas piscavam e se mexiam.

   Era o fim. Mas tinha sido tão legal que eu me recusava a dizer que realmente tinha acabado.

- Carlos, Beatriz e Gabriela? - dizia um segurança alto.

Ai meu Deus! O que fizemos?!

- Por favor, me acompanhem! - ele dizia se virando.

   Nos entreolhamos assustados. O que tínhamos feito? O que estava acontecendo? O segurança alto nos guiou até uma porta discreta que estava acontecendo a maior festa.

O quê?!

- Espere aí? Por que estamos aqui? - disse.

- Os garotos pediram para que eu colocasse vocês e os outros aqui.

- Que outros? - disse o Carlos.

- Eu não posso responder esta pergunta, mas logo os meninos estarão aqui e vocês poderão fazer as perguntas. - e saiu.

- Gente, precisamos ir embora! - dizia a Gabi.

- Calma, Gabriela! Vamos aproveitar e quando virmos os meninos a gente fala com eles e vamos embora. - disse.

- Sua mãe vai brigar, Bia!

- Relaxa e aproveite, Gabi. - dizia o Carlos.

   E dançamos o que o DJ tocava. Tinha música, pessoas, bebidas e comidas.

- Beatriz? - disse a Alice.

Alice?!

- Que azar nos encontrarmos aqui! - disse enquanto a Amanda e o Lucas vinham até nós.

- Oi, gente! - disseram os meninos da 5.1.

- Oi, amor! - a Alice disse agarrando o Caíque.

   Por um momento pensei que ela tentava me passar ciúmes... Mas ciúmes de quê? Eu nem gostava do Caíque. Na verdade, ela era uma louca que achava que eu tinha inveja dela.

- Gabi, você pode ir ali comigo? - o Vitor diz, ela nos olha e eu disse (através de leitura labial) que qualquer coisa a procurava. E ela foi.

   Logo depois se foram a Alice com o Caíque e como não tínhamos intimidade com o restante, eu e o Carlos fomos dançar em outro lugar, não suportaria olhar para o Lucas e muito menos para a Amanda. 

- O que você acha que eles foram fazer? - Carlos dizia curioso.

   Estávamos no bar daquela boate rodeados por várias pessoas bebendo as mais variadas bebidas com álcool.

- Duas batidas de abacaxi sem álcool, por favor! - meu amigo dizia para o mixólogo.

- Eu não faço ideia, Carlos. Quem sabe eles foram... Na verdade, não faço ideia. - dizia tomando a batida - Uau! Isto está divino!

- Acho que nunca tomei algo tão bom!

- Venha, Carlos! Vamos dançar! - disse o puxando para a pista.

   E dançamos. O Carlos era a melhor pessoa para rebolar, e foi o que fizemos, rebolamos até o chão.
  Do nada, um homem super lindo ficou ao lado do meu amigo, sorriu para ele e segurou sua mão o guiando para outro lugar. O que o Carlos fez? Olhou para mim e piscou. Logo, logo ele estaria de volta, mas enquanto ele estava fora eu continuaria dançando.
   Devo ter dançado por mais dez minutos, sei que tocaram três músicas depois que ele se fora e, de repente, senti alguém segurando minha cintura.

Quem é você?

- Oi, gata! - dizia um homem com trinta anos aproximadamente - Eu estive te observando e você é muito gostosa! - disse sussurrando ao meu ouvido.

   O homem era bem bonito, mas me chamar de gostosa foi o cúmulo do desrespeito.

- Sai fora, cara! - disse tentando empurrá-lo.

   Tentei empurrá-lo para longe mas foi em vão, seus braços estavam enlaçados à minha cintura.

- A gente podia... - e me beijou.

   Seu beijo não era nada prazeroso e excitante, muito pelo contrário, era completamente agressivo.

- Me solta! - gritei.

   Não houve sucesso novamente, ele estava descendo sua mão pelas minhas costas quando vejo o homem caindo no chão.

- Ela disse para soltá-la! - gritou uma voz.

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora